Aumento da longevidade e estancamento da esperança de vida


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Existem 3 conceitos em demografia que são muito correlacionados e, por isto mesmo, algumas pessoas confundem como se fossem sinônimos. Mas longevidade, esperança de vida e envelhecimento populacional são conceitos e medidas diferentes entre si.
O envelhecimento de uma população depende muito mais da queda da fecundidade do que do aumento da longevidade ou da esperança de vida. Envelhecimento populacional é o aumento da proporção de idosos na população que, em geral, acelera quando a base da pirâmide se reduz. Portanto, o envelhecimento demográfico é um fenômeno que tem a ver com a mudança na estrutura etária da população.
A longevidade é o prolongamento da vida de um indivíduo. A pessoa mais longeva do mundo – que já foi comprovado por documentos validados por especialistas – foi a francesa Jeanne Calment (1875-1997) que viveu 122 anos e 164 dias. Comprovadamente, somente 10 pessoas viveram mais de 115 anos no mundo até hoje. Ou seja, 115 anos parece ser um limite difícil de ser ultrapassado. Segundo o censo demográfico de 2010, o número de centenários no Brasil era de 24.235 habitantes (sendo 16.989 mulheres e 7.247 homens). Mas não existe registro fidedigno de nenhuma pessoa brasilieira com mais de 115 anos atualmente.
A esperança (ou expectativa) de vida é o número médio de anos que um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano pode esperar viver, se mantidas, desde o seu nascimento, as probabilidades de morte existentes no ano em consideração. Até o ano de 1900, a esperança de vida média da população mundial estava abaixo de 30 anos de idade. O que mais puxava para baixo este número era, principalmente, a alta mortalidade infantil (0 a 1 ano de vida).
Com os avanços no padrão de vida, na disponibilidade de alimentos e nos avanços médicos e sanitários ocorridos durante o século XX as taxas de mortalidade cairam e a esperança de vida média da humanidade ultrapassou os 65 anos no ano 2000. Ou seja, a esperança de vida da população mundial mais do que dobrou em um espeaço de um século passado. Isto nunca tinha acontecido antes e provavelmente nunca vai acontecer novamente.
As projeções médias da divisão de população da ONU apontam para uma esperança de vida de 81 anos para a população mundial em 2100. Ou seja, no século XXI, calcula-se que os ganhos na esperança de vida sejam de 16 anos (de 65 anos, em 2000, para 81 anos, em 2100), enquanto no século passado o ganho foi de 35 anos (de 30 anos, em 1900, para 65 anos em 2000).
O grande ganho na redução da mortalidade se deveu à redução da mortalidade infantil. Dados de 1950-55 a 2005-10, mostram que, no mundo, a mortalidade infantil caiu de 133 mortes para cada mil nascimentos para 46 por mil; nos países desenvolvidos a queda foi de 60 por mil para 6 por mil; nos países menos desenvolvidos foi de 151 por mil para 50 por mil; e nos países muito menos desenvolvidos foi de 192 por mil para 80 por mil.
Portanto, existe espaço para a redução da mortalidade infantil nos países de renda média e pobre. Isto poderia tornar realidade o ganho da esperança de vida no século XXI. As projeções da ONU são de esperança de vida de 88 anos para os países mais desenvolvidos, 80 anos para os menos desenvolvidos e de 77,5 anos para os muito menos desenvolvidos. A despeito dos diferenciais regionais no mundo, haveria uma tenência à convergência das taxas.
Entre os anos de 1950 e 2010 houve um ganho pouco maior do que 3 anos por década na esperança de vida da população mundial. Entre os países ricos os ganhos foram menores do que 2 anos por década. E nos países menos desenvolvidos os ganhos foram de 4 anos por década.
Será que estes ganhos vão se manter na atual e nas décadas futuras? Como ficará a longevidade?
O biomédico inglês, Aubrey de Grey, disse que já nasceu a pessoa que vai chegar aos 150 anos de idade, superando em muito o recorde da francesa Jeanne Calment. Evidentemente, este tipo de afirmação só poderá ser comprovado por volta do ano 2160. Porém, mesmo que esta afirmação seja verdadeira, o aumento da longevidade de uma ou algumas pessoas não significa o aumento da esperança de vida média da população mundial. Como vimos, a previsão média da ONU é de uma esperança de vida da população mundial de 81 anos, em 2100 (embora muitas pessoas devem ultrapassar os 100 anos e pode ser que outras possam ultrapassar os 122 anos, que é o recorde mundial conhecido).
Contudo, já existem alguns indícios de que não vai ser fácil aumentar muito a esperança de vida.  O exemplo da Rússia serve de alerta, pois a esperança de vida estava em 69 anos em 1985-90 e caiu para 65 anos no quinquênio 2000-2005. Reportagem de 12 de dezembro de 2011 da revista Der Spiegel mostra que a esperança de vida nas parcelas da população alemã de baixa renda caiu de 77,5 anos, em 2001, para 75,5 anos em 2010. No lado oriental, a queda foi maior, de 77,9 anos para 74,1 no mesmo período.
O jornal The Guardian, em matéria de 18 de dezembro de 2011, mostrou que  o número de suicídios na Grécia, que era um dos mais baixos do continente (2,8 por 100 mil habitantes) dobrou entre janeiro e maio de 2011, em relação ao mesmo período de 2012. Também cresceu a violência cotidiana na medida em que cresciam o desemprego e as taxas de pobreza. Por fim, já existem notícias de pessoas passando fome na Grécia, mas nada comparado com o que ocorreu no inverno de 1941-42, quando mais 300 mil pessoas morreram de fome no país, que vivia então sob ocupação nazista. Enfim, a crise econômica tende a aumentar as taxas de mortalidade e morbidade.
Será que vai haver um estancamento da esperança de vida nos países desenvolvidos?
Ainda é cedo para fazer qualquer previsão, mas a crise que abala os Estados Unidos e a Europa pode funcionar como um freio ao constante aumento da esperança de vida. Já nos países em desenvolvimento, que estão apresentando maiores taxas de crescimento econômico e possuem maiores espaços para diminuir a mortalidade infantil, as projeções indicam a continuidade do aumento da espectativa média de vida.
Para o mundo como um todo ainda não dá para fazer previsões quanto aos efeitos da crise econômica e até das mudança climáticas sobre o processo de redução das taxas de mortalidade e o aumento do prolongamento médio dos anos de vida. Mas é possível haver um cenário em que haja aumento da longevidade (de uma parcela da população) com estancamento da média da esperança de vida global ou regional.
Existem 3 conceitos em demografia que são muito correlacionados e, por isto mesmo, algumas pessoas confundem como se fossem sinônimos. Mas longevidade, esperança de vida e envelhecimento populacional são conceitos e medidas diferentes entre si.
O envelhecimento de uma população depende muito mais da queda da fecundidade do que do aumento da longevidade ou da esperança de vida. Envelhecimento populacional é o aumento da proporção de idosos na população que, em geral, acelera quando a base da pirâmide se reduz. Portanto, o envelhecimento demográfico é um fenômeno que tem a ver com a mudança na estrutura etária da população.
A longevidade é o prolongamento da vida de um indivíduo. A pessoa mais longeva do mundo – que já foi comprovado por documentos validados por especialistas – foi a francesa Jeanne Calment (1875-1997) que viveu 122 anos e 164 dias. Comprovadamente, somente 10 pessoas viveram mais de 115 anos no mundo até hoje. Ou seja, 115 anos parece ser um limite difícil de ser ultrapassado. Segundo o censo demográfico de 2010, o número de centenários no Brasil era de 24.235 habitantes (sendo 16.989 mulheres e 7.247 homens). Mas não existe registro fidedigno de nenhuma pessoa brasilieira com mais de 115 anos atualmente.
A esperança (ou expectativa) de vida é o número médio de anos que um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano pode esperar viver, se mantidas, desde o seu nascimento, as probabilidades de morte existentes no ano em consideração. Até o ano de 1900, a esperança de vida média da população mundial estava abaixo de 30 anos de idade. O que mais puxava para baixo este número era, principalmente, a alta mortalidade infantil (0 a 1 ano de vida).
Com os avanços no padrão de vida, na disponibilidade de alimentos e nos avanços médicos e sanitários ocorridos durante o século XX as taxas de mortalidade cairam e a esperança de vida média da humanidade ultrapassou os 65 anos no ano 2000. Ou seja, a esperança de vida da população mundial mais do que dobrou em um espeaço de um século passado. Isto nunca tinha acontecido antes e provavelmente nunca vai acontecer novamente.
As projeções médias da divisão de população da ONU apontam para uma esperança de vida de 81 anos para a população mundial em 2100. Ou seja, no século XXI, calcula-se que os ganhos na esperança de vida sejam de 16 anos (de 65 anos, em 2000, para 81 anos, em 2100), enquanto no século passado o ganho foi de 35 anos (de 30 anos, em 1900, para 65 anos em 2000).
O grande ganho na redução da mortalidade se deveu à redução da mortalidade infantil. Dados de 1950-55 a 2005-10, mostram que, no mundo, a mortalidade infantil caiu de 133 mortes para cada mil nascimentos para 46 por mil; nos países desenvolvidos a queda foi de 60 por mil para 6 por mil; nos países menos desenvolvidos foi de 151 por mil para 50 por mil; e nos países muito menos desenvolvidos foi de 192 por mil para 80 por mil.
Portanto, existe espaço para a redução da mortalidade infantil nos países de renda média e pobre. Isto poderia tornar realidade o ganho da esperança de vida no século XXI. As projeções da ONU são de esperança de vida de 88 anos para os países mais desenvolvidos, 80 anos para os menos desenvolvidos e de 77,5 anos para os muito menos desenvolvidos. A despeito dos diferenciais regionais no mundo, haveria uma tenência à convergência das taxas.
Entre os anos de 1950 e 2010 houve um ganho pouco maior do que 3 anos por década na esperança de vida da população mundial. Entre os países ricos os ganhos foram menores do que 2 anos por década. E nos países menos desenvolvidos os ganhos foram de 4 anos por década.
Será que estes ganhos vão se manter na atual e nas décadas futuras? Como ficará a longevidade?
O biomédico inglês, Aubrey de Grey, disse que já nasceu a pessoa que vai chegar aos 150 anos de idade, superando em muito o recorde da francesa Jeanne Calment. Evidentemente, este tipo de afirmação só poderá ser comprovado por volta do ano 2160. Porém, mesmo que esta afirmação seja verdadeira, o aumento da longevidade de uma ou algumas pessoas não significa o aumento da esperança de vida média da população mundial. Como vimos, a previsão média da ONU é de uma esperança de vida da população mundial de 81 anos, em 2100 (embora muitas pessoas devem ultrapassar os 100 anos e pode ser que outras possam ultrapassar os 122 anos, que é o recorde mundial conhecido).
Contudo, já existem alguns indícios de que não vai ser fácil aumentar muito a esperança de vida.  O exemplo da Rússia serve de alerta, pois a esperança de vida estava em 69 anos em 1985-90 e caiu para 65 anos no quinquênio 2000-2005. Reportagem de 12 de dezembro de 2011 da revista Der Spiegel mostra que a esperança de vida nas parcelas da população alemã de baixa renda caiu de 77,5 anos, em 2001, para 75,5 anos em 2010. No lado oriental, a queda foi maior, de 77,9 anos para 74,1 no mesmo período.
O jornal The Guardian, em matéria de 18 de dezembro de 2011, mostrou que  o número de suicídios na Grécia, que era um dos mais baixos do continente (2,8 por 100 mil habitantes) dobrou entre janeiro e maio de 2011, em relação ao mesmo período de 2012. Também cresceu a violência cotidiana na medida em que cresciam o desemprego e as taxas de pobreza. Por fim, já existem notícias de pessoas passando fome na Grécia, mas nada comparado com o que ocorreu no inverno de 1941-42, quando mais 300 mil pessoas morreram de fome no país, que vivia então sob ocupação nazista. Enfim, a crise econômica tende a aumentar as taxas de mortalidade e morbidade.
Será que vai haver um estancamento da esperança de vida nos países desenvolvidos?
Ainda é cedo para fazer qualquer previsão, mas a crise que abala os Estados Unidos e a Europa pode funcionar como um freio ao constante aumento da esperança de vida. Já nos países em desenvolvimento, que estão apresentando maiores taxas de crescimento econômico e possuem maiores espaços para diminuir a mortalidade infantil, as projeções indicam a continuidade do aumento da espectativa média de vida.
Para o mundo como um todo ainda não dá para fazer previsões quanto aos efeitos da crise econômica e até das mudança climáticas sobre o processo de redução das taxas de mortalidade e o aumento do prolongamento médio dos anos de vida. Mas é possível haver um cenário em que haja aumento da longevidade (de uma parcela da população) com estancamento da média da esperança de vida global ou regional.
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José Eustáquio Diniz Alves