Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet A candidata Dilma Rousseff (PT) vai concorrer à presidência da República, tendo como vice Michel Temer (PMDB). Para montar a inédita parceria nacional, o PMDB exigiu que o PT apoiasse os candidatos do PMDB, aos governos estaduais, nas Unidades da Federação onde o candidato pemedebista estivesse à frente. Este é o caso de Minas Gerais. O senador e ex-ministro do governo Lula, Hélio Costa (PMDB) está à frente nas pesquisas de intenção de voto. Acontece que Hélio Costa já se candidatou ao governo do estado de Minas Gerais, em 1990, e perdeu para Hélio Garcia, por menos de 1% dos votos, no segundo turno. Candidatou-se novamente em 1994, e embora tenha ficado com 49% dos votos no primeiro turno, acabou perdendo para Eduardo Azeredo, no segundo turno. Ou seja, a despeito de sua força eleitoral, parece que Hélio Costa tem dificuldades estruturais para conseguir a maioria do eleitorado mineiro. O apoio do PT poderia ser o empurrãozinho que faltava para a vitória do jornalista, ex-apresentador da rede Globo. Porém, o PT mineiro tinha dois candidatos ao governo do estado. O ex-ministro do MDS (responsável pelo Programa Bolsa Família), Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Nas prévias do PT, venceu Pimentel. Acontece que Pimentel faz parte do comando político da campanha de Dilma Rousseff e não pode colocar em risco a aliança PT-PMDB, como foi acertado pelo diretório nacional do PT. Assim, a alternativa seria garantir a candidatura de Hélio Costa, com Patrus Ananias para vice e Fernando Pimentel para o senado. Contudo, seria muito difícil conquistar o apoio do eleitorado de Minas para uma tal chapa que não faz parte das tradições do estado e que junta inimigos políticos históricos. Em MG, PT e PMDB são como dois líquidos que não se misturam e que o eleitorado mineiro teria dificuldade de engolir. De outro lado, o PSDB de Aécio Neves, tem como candidato o atual governador Antônio Anastasia, que não aparece muito bem nas pesquisas de intenção de voto, mas conta com o apoio do ex-governador Aécio, que além de candidato ao senado, tem forte apoio do eleitorado, além de uma boa relação pessoal e política com o presidente Lula e com o ex-prefeito Fernando Pimentel. Na verdade, em Minas Gerais, as “afinidades eletivas” são maiores entre o PT e o PSDB do que entre PT e PMDB. Porém, não existe possibilidade alguma de aliança estadual destes partidos, já que, no plano nacional, o PT, com Dilma Rousseff, disputa a Presidência da República, com José Serra, do PSDB. Todavia, para além das alianças formais, é possível haver algum acordo informal entre os políticos e uma opção não convencional por parte do eleitorado. É neste jogo que surge a possibilidade do voto DILMASIA, isto é, o voto em Dilma para a Presidência da República e Anastasia para o governo do estado de Minas Gerais. Parece que o presidente Lula conta com esta possibilidade para eleger a sua candidata (e ele conta com uma eleição decidida no primeiro turno). Caso este arranjo seja concretizado, na prática, dois cabeças de chapa seriam abandonados, com os eleitores de Anastasia abandonando o barco de José Serra e os eleitores de Dilma abandonando o barco de Hélio Costa. Haveria uma dupla cristianização. O termo cristianização surgiu em 1950, quando o candidato à Presidência da República, ex-deputado mineiro Cristiano Machado (PSD), foi abandonado pelo partido e pelo eleitorado, que apoiaram a volta de Getúlio Vargas (PTB/PSP) ao Palácio do Catete, contra o candidato Brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN. Portanto, a cristianização não é uma prática nova na política de Minas e do Brasil. José Serra e Hélio Costa serão cristianizados em Minas? Ou haverá o voto Serrosta? Parece que o mais provável é o voto Dilmasia, pois alguns partidos da aliança nacional do PT estão migrando para apoiar Antônio Anastasia em Minas. É o caso do PSB, do atual prefeito de BH, Márcio Lacerda, e do PR, do ex-vice-governador Clésio Andrade. Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do país. Em geral, os presidentes eleitos costumam ganhar no estado. Mas só o desenrolar da campanha poderá desvendar os rumos e o ritmo da anuviada política mineira. O fato é que, como dizia o ex-governador Magalhães Pinto, em Minas, a política é como nuvem: “Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.