Chame ladrão

— É nessas horas que eu acho que o ser humano deveria ter um ladrão.
— Você tá com a boca cheia demais, o que disse?
— Eu não aguento comer mais nada. Mas ainda gostaria de comer muito. Por isso acho que o ser humano devia ter um ladrão. Seria uma válvula de escape para liberar a comida já ingerida e permitir que houvesse espaço para comer mais e mais, pelo simples prazer de comer.
— A idéia até que é boa. A gente ficaria aqui a tarde toda comendo feijoada sem parar e nunca ficaria estufado. Mas onde ficaria esse ladrão?
— Pensei em alguma coisa aqui na altura das costelas. Ficaria fácil de usar.
— Seria de fato uma revolução. Todos poderiam comer sem culpa. Você poderia comer o que quisesse, jogaria o excesso fora e guardaria apenas o necessário para se alimentar mesmo.
— E acabariam os produtos light. Íamos poder comer pão com lingüiça, torresmo e bacon de bacia.
— Mas por outro lado isso acabaria com o alimento do mundo. Todos iam consumir muito.
— Ao contrário. O subproduto do ladrão poderia ser reaproveitado e usado para matar a fome de milhares de pessoas que não têm o que comer.
— Aí, beleza. Seria uma coisa bonita de se fazer.
— E os restaurantes poderiam fazer promoções do tipo “Não use seu ladrão e pague apenas 10%”.
— Seria realmente a evolução da humanidade.
— E o melhor: o momento de abrir o ladrão e deixar escorrer o excesso seria tão prazeroso quanto um orgasmo.
— Rapaz, Deus tá por fora. Sem nem pensar muito, nós aperfeiçoamos a obra mais bem elaborada dele.
— E ainda resolvemos os problemas alimentares de quem tem muito e de quem tem pouco para comer.
— Nesse mundo perfeito, imagino que os deficientes físicos seriam aqueles que nascessem sem o ladrão. Seria muito triste, uma doença terrível. Você pode imaginar como seria a vida destes pobres diabos?
— Posso sim. Seria igual à nossa.

— É nessas horas que eu acho que o ser humano deveria ter um ladrão.
— Você tá com a boca cheia demais, o que disse?
— Eu não aguento comer mais nada. Mas ainda gostaria de comer muito. Por isso acho que o ser humano devia ter um ladrão. Seria uma válvula de escape para liberar a comida já ingerida e permitir que houvesse espaço para comer mais e mais, pelo simples prazer de comer.
— A idéia até que é boa. A gente ficaria aqui a tarde toda comendo feijoada sem parar e nunca ficaria estufado. Mas onde ficaria esse ladrão?
— Pensei em alguma coisa aqui na altura das costelas. Ficaria fácil de usar.
— Seria de fato uma revolução. Todos poderiam comer sem culpa. Você poderia comer o que quisesse, jogaria o excesso fora e guardaria apenas o necessário para se alimentar mesmo.
— E acabariam os produtos light. Íamos poder comer pão com lingüiça, torresmo e bacon de bacia.
— Mas por outro lado isso acabaria com o alimento do mundo. Todos iam consumir muito.
— Ao contrário. O subproduto do ladrão poderia ser reaproveitado e usado para matar a fome de milhares de pessoas que não têm o que comer.
— Aí, beleza. Seria uma coisa bonita de se fazer.
— E os restaurantes poderiam fazer promoções do tipo “Não use seu ladrão e pague apenas 10%”.
— Seria realmente a evolução da humanidade.
— E o melhor: o momento de abrir o ladrão e deixar escorrer o excesso seria tão prazeroso quanto um orgasmo.
— Rapaz, Deus tá por fora. Sem nem pensar muito, nós aperfeiçoamos a obra mais bem elaborada dele.
— E ainda resolvemos os problemas alimentares de quem tem muito e de quem tem pouco para comer.
— Nesse mundo perfeito, imagino que os deficientes físicos seriam aqueles que nascessem sem o ladrão. Seria muito triste, uma doença terrível. Você pode imaginar como seria a vida destes pobres diabos?
— Posso sim. Seria igual à nossa.

Leia no blog de origem: Dois vezes Um

About the author

Rafael Reinehr

Rafael Reinehr é um autodidata eclético. Saiba mais sobre ele em http://reinehr.org/quem-sou