Dois Vezes Um By Rafael Reinehr / Share 0 Tweet — É nessas horas que eu acho que o ser humano deveria ter um ladrão.— Você tá com a boca cheia demais, o que disse?— Eu não aguento comer mais nada. Mas ainda gostaria de comer muito. Por isso acho que o ser humano devia ter um ladrão. Seria uma válvula de escape para liberar a comida já ingerida e permitir que houvesse espaço para comer mais e mais, pelo simples prazer de comer.— A idéia até que é boa. A gente ficaria aqui a tarde toda comendo feijoada sem parar e nunca ficaria estufado. Mas onde ficaria esse ladrão?— Pensei em alguma coisa aqui na altura das costelas. Ficaria fácil de usar.— Seria de fato uma revolução. Todos poderiam comer sem culpa. Você poderia comer o que quisesse, jogaria o excesso fora e guardaria apenas o necessário para se alimentar mesmo.— E acabariam os produtos light. Íamos poder comer pão com lingüiça, torresmo e bacon de bacia.— Mas por outro lado isso acabaria com o alimento do mundo. Todos iam consumir muito.— Ao contrário. O subproduto do ladrão poderia ser reaproveitado e usado para matar a fome de milhares de pessoas que não têm o que comer.— Aí, beleza. Seria uma coisa bonita de se fazer.— E os restaurantes poderiam fazer promoções do tipo “Não use seu ladrão e pague apenas 10%”.— Seria realmente a evolução da humanidade.— E o melhor: o momento de abrir o ladrão e deixar escorrer o excesso seria tão prazeroso quanto um orgasmo.— Rapaz, Deus tá por fora. Sem nem pensar muito, nós aperfeiçoamos a obra mais bem elaborada dele.— E ainda resolvemos os problemas alimentares de quem tem muito e de quem tem pouco para comer.— Nesse mundo perfeito, imagino que os deficientes físicos seriam aqueles que nascessem sem o ladrão. Seria muito triste, uma doença terrível. Você pode imaginar como seria a vida destes pobres diabos?— Posso sim. Seria igual à nossa. — É nessas horas que eu acho que o ser humano deveria ter um ladrão.— Você tá com a boca cheia demais, o que disse?— Eu não aguento comer mais nada. Mas ainda gostaria de comer muito. Por isso acho que o ser humano devia ter um ladrão. Seria uma válvula de escape para liberar a comida já ingerida e permitir que houvesse espaço para comer mais e mais, pelo simples prazer de comer.— A idéia até que é boa. A gente ficaria aqui a tarde toda comendo feijoada sem parar e nunca ficaria estufado. Mas onde ficaria esse ladrão?— Pensei em alguma coisa aqui na altura das costelas. Ficaria fácil de usar.— Seria de fato uma revolução. Todos poderiam comer sem culpa. Você poderia comer o que quisesse, jogaria o excesso fora e guardaria apenas o necessário para se alimentar mesmo.— E acabariam os produtos light. Íamos poder comer pão com lingüiça, torresmo e bacon de bacia.— Mas por outro lado isso acabaria com o alimento do mundo. Todos iam consumir muito.— Ao contrário. O subproduto do ladrão poderia ser reaproveitado e usado para matar a fome de milhares de pessoas que não têm o que comer.— Aí, beleza. Seria uma coisa bonita de se fazer.— E os restaurantes poderiam fazer promoções do tipo “Não use seu ladrão e pague apenas 10%”.— Seria realmente a evolução da humanidade.— E o melhor: o momento de abrir o ladrão e deixar escorrer o excesso seria tão prazeroso quanto um orgasmo.— Rapaz, Deus tá por fora. Sem nem pensar muito, nós aperfeiçoamos a obra mais bem elaborada dele.— E ainda resolvemos os problemas alimentares de quem tem muito e de quem tem pouco para comer.— Nesse mundo perfeito, imagino que os deficientes físicos seriam aqueles que nascessem sem o ladrão. Seria muito triste, uma doença terrível. Você pode imaginar como seria a vida destes pobres diabos?— Posso sim. Seria igual à nossa. Leia no blog de origem: Dois vezes Um