Dois Vezes Um By Rafael Reinehr / Share 0 Tweet – Eu tava pensando em fazer um blog. – Que vergonha! E você fala assim com essa cara deslavada, de repente, como um bonde cego? – Como? – Tô brincando. É que eu gosto muito das expressões “cara deslavada” e “bonde cego”. Nunca as tinha usado juntas. O blog seria sobre o que? -Não sei ao certo. Pensei em algo que fosse fácil e rápido de ler, como o Resenha em 6 e divertido como o finado Morfina. Com um quê do Veríssimos. – Ah, mas sem um tema em especial? – É, sem tema. Pode ser sobre tudo. Ou sobre nada. – Tipo o Seinfeld? -Já te falei que Seinfeld não é sobre nada. É sobre a vida de gente chata, recalcada e com mania de limpeza em Nova Iorque. Tenho certeza que o Obama teve as idéias dos aviões depois de assistir à terceira temporada de Seinfeld. – Tá, mas então, o blog seria sobre qualquer coisa? Ou seria só opinionismo? Ou ficção? Ou seria sobre a Viviane Araújo? – Pensei em fazer algo que eu pudesse meter o pau no que fosse, ofender quem eu quisesse, dar opiniões gerais sem ser processado. – Usa um pseudônimo. – Pensei nisso. Mas vou além. Vou criar um blog só com diálogos. Posso falar sobre qualquer assunto, do que eu quiser, e caso alguém me processe, digo que estava na boca do meu personagem. E tá resolvido o problema. – Olha, é uma boa. Diálogos são fáceis e rápidos de ler. São uma forma de ficção e o autor pode incluir o que quiser e, se precisar embasar, é só colocar um hiperlink. Só não sei se isso livra de processo. – Nem eu, mas eu gosto de dizer que livra. Meu primeiro post nesse blog vai ser justamente defendendo que, se for um personagem que diz algo em um texto, o autor tá livre de processo. – E como você vai embasar? – Preciso embasar? O personagem não precisa embasar. Ele pode falar, jogar no ar, e mudar de assunto. Ele pode ser de uma irresposabilidade vampírica. – Vampírica? Por que vampírica? – Usei o termo só para mudar de assunto. Viu como é fácil? – Beleza. E qual vai ser o nome do blog? – Pensei em dois vezes um. – Por quê? – Mas eu lá preciso justificar tudo? Você é de uma ignorância golfínica? – Hummm. Usou “golfinica” pra mudar de assunto? – Não. É que eu acho golfinho um bicho muito do burro mesmo. Eles comem saridnha crua. Argh. – E eu acho que eles são as azeitonas do mar. Pelo menos na textura. Queria dar uma mordida para saber que gosto tem. – Eu comeria um dálmata inteiro. Numa boa. Tenho a impressão que eles tem gosto de flocos. – E zebra também? – Não, elas muito grandes. As zebras estão para as bananas splits como os dálmatas estão para os sorvetes de casquinha. E eu mal aguento um sundae inteiro. – Um sundae seria o que? Um tigre de bengala? Se bem que, se tem bengala, tá mais para picolé. – Chega de bobagem. Vou lá montar um blog. Vamos? – Bora. – Eu tava pensando em fazer um blog. – Que vergonha! E você fala assim com essa cara deslavada, de repente, como um bonde cego? – Como? – Tô brincando. É que eu gosto muito das expressões “cara deslavada” e “bonde cego”. Nunca as tinha usado juntas. O blog seria sobre o que? -Não sei ao certo. Pensei em algo que fosse fácil e rápido de ler, como o Resenha em 6 e divertido como o finado Morfina. Com um quê do Veríssimos. – Ah, mas sem um tema em especial? – É, sem tema. Pode ser sobre tudo. Ou sobre nada. – Tipo o Seinfeld? -Já te falei que Seinfeld não é sobre nada. É sobre a vida de gente chata, recalcada e com mania de limpeza em Nova Iorque. Tenho certeza que o Obama teve as idéias dos aviões depois de assistir à terceira temporada de Seinfeld. – Tá, mas então, o blog seria sobre qualquer coisa? Ou seria só opinionismo? Ou ficção? Ou seria sobre a Viviane Araújo? – Pensei em fazer algo que eu pudesse meter o pau no que fosse, ofender quem eu quisesse, dar opiniões gerais sem ser processado. – Usa um pseudônimo. – Pensei nisso. Mas vou além. Vou criar um blog só com diálogos. Posso falar sobre qualquer assunto, do que eu quiser, e caso alguém me processe, digo que estava na boca do meu personagem. E tá resolvido o problema. – Olha, é uma boa. Diálogos são fáceis e rápidos de ler. São uma forma de ficção e o autor pode incluir o que quiser e, se precisar embasar, é só colocar um hiperlink. Só não sei se isso livra de processo. – Nem eu, mas eu gosto de dizer que livra. Meu primeiro post nesse blog vai ser justamente defendendo que, se for um personagem que diz algo em um texto, o autor tá livre de processo. – E como você vai embasar? – Preciso embasar? O personagem não precisa embasar. Ele pode falar, jogar no ar, e mudar de assunto. Ele pode ser de uma irresposabilidade vampírica. – Vampírica? Por que vampírica? – Usei o termo só para mudar de assunto. Viu como é fácil? – Beleza. E qual vai ser o nome do blog? – Pensei em dois vezes um. – Por quê? – Mas eu lá preciso justificar tudo? Você é de uma ignorância golfínica? – Hummm. Usou “golfinica” pra mudar de assunto? – Não. É que eu acho golfinho um bicho muito do burro mesmo. Eles comem saridnha crua. Argh. – E eu acho que eles são as azeitonas do mar. Pelo menos na textura. Queria dar uma mordida para saber que gosto tem. – Eu comeria um dálmata inteiro. Numa boa. Tenho a impressão que eles tem gosto de flocos. – E zebra também? – Não, elas muito grandes. As zebras estão para as bananas splits como os dálmatas estão para os sorvetes de casquinha. E eu mal aguento um sundae inteiro. – Um sundae seria o que? Um tigre de bengala? Se bem que, se tem bengala, tá mais para picolé. – Chega de bobagem. Vou lá montar um blog. Vamos? – Bora. Leia no blog de origem: Dois vezes Um