Dois Vezes Um By Rafael Reinehr / Share 0 Tweet – Se eu fosse técnico de futebol… – Lá vem você de novo. – Por que de novo? – Depois daquela sua idéia de contratar um estivador para ser um jogador especializado em cobrar lateral para dentro da área adversária, como se fosse escanteio, eu tenho medo do que pode vir pela frente. – Mas essa teoria foi comprovada que dá certo. Vide aquele cidadão do campeonato inglês. – Exceção. – Exceção porque não contratam estivadores para bater laterais. De qualquer forma, deixe-me contar o que eu tava pensando. – Manda. – Se eu fosse técnico, eu iria ter um jogador no banco especializado em corrida de tiro curto. Coisa de 100 ou 200 metros. -Aposto que não seria para incendiar o jogo em contra-ataques insanos. – Não, não seria. Seria um jogador que teria uma simples função. Imagine um caso de contra-ataque adversário, desses que o jogador pega a bola no meio campo ou na intermediária e avança para o gol, deixando os zagueiros para trás. – Certo. Só ele, a bola e o goleiro. – Isso. Daí eu viraria para o meu jogador no banco de reservas e diria “avança!” Ele sairia correndo do banco, num pinote maluco, invadiria o campo e daria uma voadora no jogador adversário antes dele fazer o gol. Ele seria expulso, mas mesmo assim meu time continuaria com onze. A idéia é boa, não? – Olha… até é. Mas esse jogador seria banido do futebol. Você teria que ter um desses por jogo. – Já pensei nisso. Mas é fácil conseguir. Você já viu o que tem de atleta desempregado por aí? Eu pagaria por job. Uma entrada violenta e pronto: pode passar no caixa para pegar seu cheque. – Estranhamente, achei a idéia boa. Melhor ainda se você fosse técnico do Vasco da Gama. Já reparou que em São Januário o banco de reservas fica bem atrás do gol? – É verdade. Mas agora que eu tava contando essa minha idéia para você, me ocorreu outra coisa. O ideal mesmo seria não um corredor de 200 metros, mas um especializado em corridas com barreira. Porque pra sair do banco, ele vai ter que dar um pulo. Depois, entre o banco e a voadora no atacante adversário pode ter uma série de coisas, como cães da polícia, repórteres de campo. Se for um cara que pula e corre, ele se livraria mais facilmente destes obstáculos. – Isso é fato. Mas já que você falou em cão policial, tive uma idéia melhor. Em vez de contratar um atleta de corrida ou de salto ou o diabo, que tal logo amestrar… – Adestrar. – Como? – Adestrar. Você falou amestrar, mas o correto é adestrar. – Será? Eu acho que é adestrar. De qualquer forma, que tal ensinar um cachorro a fazer a tarefa. Basta colocar o cão ao lado do banco de reservas e quando o atacante adversário aparecer com a bola no contra-ataque, com um gesto você dá ordem para o pastor alemão atacar. – Tem que ser pastor alemão? -Sei lá. Eu falei pastor porque eu sei que ele é facilmente adestrável. Mas pode ser algum cachorro de qualquer outra raça. – Tipo um poodle? – Por exemplo, um poodle. Aliás, dizem que o poodle é dos cães mais inteligentes que existem. Deve ser fácil, fácil amestrá-los. Taí, melhor que pastor alemão, o poodle é o mais indicado para a tarefa. – Hummm. Prefiro corredores de provas de obstáculo. Com um poodle não daria certo. – Por que? – Porque eles são muito fofos. Se eu tivesse um poodle no banco de reservas, eu não conseguiria dar ordem para atacar. Ia querer ficar acariciando. -Em caso claro de gol contra seu time, você preferiria ficar acariciando um poodle? – Sim. – Então desista da carreira de técnico. – Se eu fosse técnico de futebol… – Lá vem você de novo. – Por que de novo? – Depois daquela sua idéia de contratar um estivador para ser um jogador especializado em cobrar lateral para dentro da área adversária, como se fosse escanteio, eu tenho medo do que pode vir pela frente. – Mas essa teoria foi comprovada que dá certo. Vide aquele cidadão do campeonato inglês. – Exceção. – Exceção porque não contratam estivadores para bater laterais. De qualquer forma, deixe-me contar o que eu tava pensando. – Manda. – Se eu fosse técnico, eu iria ter um jogador no banco especializado em corrida de tiro curto. Coisa de 100 ou 200 metros. -Aposto que não seria para incendiar o jogo em contra-ataques insanos. – Não, não seria. Seria um jogador que teria uma simples função. Imagine um caso de contra-ataque adversário, desses que o jogador pega a bola no meio campo ou na intermediária e avança para o gol, deixando os zagueiros para trás. – Certo. Só ele, a bola e o goleiro. – Isso. Daí eu viraria para o meu jogador no banco de reservas e diria “avança!” Ele sairia correndo do banco, num pinote maluco, invadiria o campo e daria uma voadora no jogador adversário antes dele fazer o gol. Ele seria expulso, mas mesmo assim meu time continuaria com onze. A idéia é boa, não? – Olha… até é. Mas esse jogador seria banido do futebol. Você teria que ter um desses por jogo. – Já pensei nisso. Mas é fácil conseguir. Você já viu o que tem de atleta desempregado por aí? Eu pagaria por job. Uma entrada violenta e pronto: pode passar no caixa para pegar seu cheque. – Estranhamente, achei a idéia boa. Melhor ainda se você fosse técnico do Vasco da Gama. Já reparou que em São Januário o banco de reservas fica bem atrás do gol? – É verdade. Mas agora que eu tava contando essa minha idéia para você, me ocorreu outra coisa. O ideal mesmo seria não um corredor de 200 metros, mas um especializado em corridas com barreira. Porque pra sair do banco, ele vai ter que dar um pulo. Depois, entre o banco e a voadora no atacante adversário pode ter uma série de coisas, como cães da polícia, repórteres de campo. Se for um cara que pula e corre, ele se livraria mais facilmente destes obstáculos. – Isso é fato. Mas já que você falou em cão policial, tive uma idéia melhor. Em vez de contratar um atleta de corrida ou de salto ou o diabo, que tal logo amestrar… – Adestrar. – Como? – Adestrar. Você falou amestrar, mas o correto é adestrar. – Será? Eu acho que é adestrar. De qualquer forma, que tal ensinar um cachorro a fazer a tarefa. Basta colocar o cão ao lado do banco de reservas e quando o atacante adversário aparecer com a bola no contra-ataque, com um gesto você dá ordem para o pastor alemão atacar. – Tem que ser pastor alemão? -Sei lá. Eu falei pastor porque eu sei que ele é facilmente adestrável. Mas pode ser algum cachorro de qualquer outra raça. – Tipo um poodle? – Por exemplo, um poodle. Aliás, dizem que o poodle é dos cães mais inteligentes que existem. Deve ser fácil, fácil amestrá-los. Taí, melhor que pastor alemão, o poodle é o mais indicado para a tarefa. – Hummm. Prefiro corredores de provas de obstáculo. Com um poodle não daria certo. – Por que? – Porque eles são muito fofos. Se eu tivesse um poodle no banco de reservas, eu não conseguiria dar ordem para atacar. Ia querer ficar acariciando. -Em caso claro de gol contra seu time, você preferiria ficar acariciando um poodle? – Sim. – Então desista da carreira de técnico. Leia no blog de origem: Dois vezes Um