Bananenrepublik Deutschland – A república das bananas é aquí

Minha gente vocês pensam que a república das bananas é em algum país da América Latina? Estão enganados. Saibam como o presidente do sindicato Verdi* deixou os seus companheiros a ver… aviões.

 

 

 

E o sindicalista Frank Bsirsk saiu de férias por cinco semanas viajando de primeira classe pela Lufthansa, onde as poltronas são totalmente reclináveis o menu frutos do mar grelhados em molho de passas envolvidos em folhas de espinafre e para beber champanha. Qual é o problema? Nenhum, se não fosse o caso de ele ser o presidente do sindicato Verdi*. E vocês me perguntam novamente, e daí? Bem ele viajou de primeira classe para o quente sul e deixou “suas bases” em terra a ver navios, digo, aviões, desculpem o trocadilho, mas não resisti.

E segurem-se: a passagem foi paga pela… Lufthansa! Os argumentos? A greve estourou antes do esperado e ele ja tinha planejado a viagem. O roteiro, bem ele foi de primeira classe junto com esposa de Frankfurt seguindo voo até Los Angeles e de lá para são cinco semanas de férias no quente sul maravilha. O preço por cabeça pelos cálculos seriam cerca de 10.000 euros as custas do empregador, que teoricamente seria o seu opositor.

 

Ainda bem que ele levou a esposa junto

 

Todos estão indignadíssimos, indo da direita à esquerda e pedindo a cabeça dele.

Depois que a coisa toda veio a público ele diz que vai pagar as passagens. Os comentários maudosos sibilam: “Ainda bem que ele levou a esposa junto”. Aquí para entender a frase venenosa na imprensa, sindicalistas da IG Metal alemã da Volksvagem viajaram para o Brasil a serviço do sindicato em 2005 e contrataram prostitutas brasileiras, bem entendido tudo as custas dos patrões: passagens, hotel e as “moças”. O custo da viagem? 74.000 euros, sendo que um terço foi pago para as prostitutas. O escândalo foi grande e acabou em processo contra o chefe de pessoal da Volkswagen Peter Hartz, que agora esta desempregado e que na época declarou “que não sabia de nada”, mas acabou condenado em 44 acusações a dois anos, com surci, por corrupção e a pagar uma multa de 576.000 euros.

 

Senta que lá vem história

 

A corrupção dos sindicalistas por aquí não é novidade nas grandes empresas. Nos anos 80, quando a velociadade da globalização atingiu a Europa, os sindicatos desenvolveram a tática de co-gestão, isto é tentar gerir as empresas com a cooperação dos trabalhadores.

A globalização possibilitou as grandes empresas operarem no mundo todo indo, elas decidiram instalar suas dependências em países onde a mão de obra é mais barata, reduzindo assim os custos da produção. Relembremos o “Caso Nókia” aquí no OPS a empresa de telefonia fechou suas portas em Bochun, Alemanha em maio de 2008 e vai abrir novas dependências na Romênia, "pois lá a mão de obra é mais barata, que na Alemanha", assim descaradamente declarado na imprensa.

Então as velhas estratégias dos sindicatos, baseadas nas políticas nacionais, tiveram agora se confrontar com novos desafios organizativos, não mais “em casa”, mas internacionalmente. Foram-se os tempos que os sindicatos nas décadas de 60 e 70, faziam pressão para aumentar os salários. Na década de 90 iniciou-se o processo inverso: ao invés de pressionarem o empregador para garantir conquistas para a classe, colocaram a faca no peito dos empregados para aceitarem aumento da jornada de trabalho sem aumento de salário redução e outras conquistas sociais. A argumentação era que somente com a produção local pagando baixos salários podiam se defender contra a concorrência internacional. Como se o capitalismo tivesse escrúpulos. E essa foi a grande derrocada moral do movimento sindical, que ja vinha perdendo seus filiados com o desemprego e o deslocamento da produção para outros paises.

Para que os sindicatos defendessem propostas como essas, que favoreciam as empresas, iniciou-se um processo de cooptação das lideranças sindicais. Elas passaram a receber vantagens pessoais como o exemplo, no caso da Volkswagen e agora o caso do presidente do sindicato Ver.di que viajou em férias com as passagens pagas pelo patrão Lufthansa. Uma obscenidade, um escândalo se deixarem levar pela cooptação e assim abalar a credibilidade instituições sindicais que dirigiram lutas com consquistas históricas para a classe trabalhadora, mas assim também acontece n`Este País-Alemanha.

 

Que se f… os belgas!

 

Os resultados da política de co-gestão foi a piora das condições de trabalho. Aquí faço uma observação, na Alemanha existe grande diferença com relação Brasil, nas questoes quanto ao horário de trabalho e a forma de pagamento. No Brasil, a jornada de trabalho é na maioria dos casos 48 horas semanais e recebe-se um salário fixo por mes e aquí é pago por hora trabalhada. Aquí os empregados podem optar por trabalharem 10, 20, 30, 37,5 horas por semana, dependendo do contrato. Para as categorias profissionais organizadas, ha piso salarial negociados pelos sindicatos.

Nas negociações da Volkswagen em 2007 quem trabalhava 4 dias na semana , 28 horas passou a trabalhar 33 horas semanais, sem aumento de salário, tudo com o aval do sindicalista co-gestor Hans-Jürgen Uhl. Nas negociações em contrapartida o sindicato teve como promessa que a produção do carro Golf iria continuar na Alemanha, mas vão fechar até o final do ano de 2008 a produção na cidade de Bruxelas, Bélgica. E classe operária não é internacional? Que se f… os belgas! 3.300 trabalhadores da Volkwasgen Bruxelas vão perder os seus postos de trabalho. Esta é a forma cínica como os sindicalistas da Volkswagen negociaram.

Em janeiro do ano 2000 houve uma greve espontânea na produção da Volkswagen na África do Sul. Seis mil trabalhadores cruzaram os braços por melhores condições de trabalho. Após duas semanas o gerente deu ultimatum e demitiu 1.300 trabalhadres que resistiram, argumentando com problemas na produção. O senhor Uln era nessa época secretário geral dos sindicalistas da Europa. Ah, os delegados sindicais da Volkswagen e a IG Metall não disseram uma palavra.

Hans-Jürgen Uhl foi o autor das proezas acima e ele soube como quebrar a resistência dos trabalhadores, ele um exemplo de social democrata. Seu curriculo: uma carreira como professor se mudou em 1990 para a Vonkswagen AG e assumiu um ao posto de diretor do sindicato e posterior secretário geral dos Sindicatos da Europa.

 

Quem é quem: Resumo para entender as organizações sindicais na Alemanha

 

Ver.di -Vereinte Dienstleistungsgewerkschaft

Ver.di é o Sindicato que representa o interesse de filiados de mais de mil categorias profissionais e dentre elas servidores da saúde, telecomuicações, indústria, serviços de correios, bancos e é filiado a central sindical DGB sediada em Berlin. Tem cerca de 2,2 milhões de filiados, dados de 2007 e é o segundo maior sindicato depois da IG Metall. Frank Bsirsk é o presidente da Ver.di desde sua fundação em 20 de marco de 2001.

 

IG -Metall Industriegewerkschaft Metall, IGM

IG Metall é a maior sindicato da Alemanha com 2,333 milhões de filiados, dados de dezembro de 2006. Tem sede em Frankfurt am Main e representa os trabalhadores da indústria textil, eletro, madeira-plásticos e no ramos de comunicação tecnológica. A IG Metal também é filiada a central sindical DGB.

 

DGB -Deutsch Gewerkschaftbund

A DGB é a maior central sindical da Alemanha e possui 6,4 milhões de filiados, dados de 2007. Dela são membros oito sindicatos Verdi e IG Metall acima citadas e mais 6 sindicatos divididos nas áreas abaixo. Não coloquei aquí as siglas e sim os ramos de trabalho para melhor serem entendidas. Existem também na Alemanha organizações sindicais que não são filiadas a DGB.

Fiz aquí um resumo para entender

IG Metall,

Ver.di,

Indústria agrária e Meio ambiente,

Minas e energia, inclui indústria química, cerâmica e indústria de couros,

Educação,

Trabalhadores em serviços em gerais, como garçons,

Polícia,

Trabalhadores em estradas de ferro, Transnet.

 

Ah, voltando ao cidadão em férias, aquele que viajou com a esposa… Ele ja deve ter sido avisado do fim da greve e ele pode voltar para a Alemanha no dia 11 de agosto tranqüilo. Os aviões estão pousando sem atrasos e sem problemas de “turbulências grevísticas”. Ele deve ter também sido avisado que quando o avião pousar em solo alemão é que vão começar as turbulências.

Bananenrepublik Deutschland!*

*República das bananas Alemanha.

BRD, também da siga oficial: Bundesrepublik Deutschland.

 

Após o fechamento deste artigo, 6/7/2008 os pilotos da filial da Lufthansa City Line resolvem entrar em greve. Pode ser que o voo do sindicalista pouse com atrasos.

 

 

Fonte:

Die Welt: „Frank Bsirsk: Genußmench und raffinierter Taktiker“

Stern

Focus

Wikipédia – em alemâo

Internationalen Komitee der Vieten Internationale

Deutsche National Bibliothek

 

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Solange Ayres