As boas meninas vão para o céu as más espancam em todos os lugares


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O estereotipo de que meninas são mais comportadas e os meninos brigões não enquadram mais no contexto da sociedade moderna. As garotas na Alemanha saíram da passividade e estão deixando para traz mais que um olho roxo.

 

 

Nos primeiros anos deste século a situação começa a se inverter: Meninas, que antes conviviam com situações de violência deixaram a posição de vítimas e estão… fazendo vítimas. O que era domínio masculino, a violência corporal, agora passa a ser domínio também das meninas.

 

Quem se ocupa com as estatísticas de violência na Alemanha se surpreende com o número de jovens e adolescentes do sexo feminino envolvidas em casos de agressões e violência corporal. Educadores e pais não estão preparados para lidar com o tema: aumento da violência entre suas filhas e alunas. Nos últimos tempos as garotas têm fugido às regras convencionais de comportamento. O sexo considerado “frágil” deixou a passividade de lado e está batendo de verdade, cada vez mais brutal, cada vez mais violento.

 

Moçoilas entre 14 e 18 anos entraram para as estatísticas de violência corporal com um aumento de 7147 casos registrados em 2006 para 7498 em 2007, 4,9% a mais. Esta é a estatística anual, no ano de 2008, referente aos anos de 2006 e 2007 do Bundeskriminalamt – BKA*. Em dez anos de 1996 a 2006 o aumento da violencia foi em 62% saindo de 4.400 casos para 7.100. Em comparação com as estatísticas da violência dos 10 últimos anos o sexo masculino ficou em 28%. Em 80% dos casos as vítimas já sofreram algum tipo de violência em suas famílias, escolas ou em círculos sociais.

 

Casos como o que aconteceu em Bremen, no qual uma adolescente de 14 anos agrediu um amigo e este teve o nariz quebrado e muitas escoriações, não são raros. Em Frankfurt duas adolescentes quebraram o dedo de um menino de 12 anos, pois ele lhes devia 4 euros. A vítima foi espancada assistida por outra gangue de meninas – fonte do Tagesspiegel/02/2007. Em outra cidade Würzburg uma adolescente de 16 anos foi levada a julgamento por obrigar outra menina a pular de uma ponte de 12 metros no rio na cidade de Main. Antes a vítima foi espancada, teve a cabeça mergulhada num chafariz e o nariz quebrado.

 

Segundo os psicólogos as meninas utilizam a violência “para serem respeitadas”. E a violência não é somente corporal, mas também psíquica. Os motivos “para sair no braço” podem ser os mais banais como, ofensas pessoais, verbais a seus familiares, etc. As meninas também podem ser motivadas pela disputa ou concorrência na conquista de outro jovem ou amigo ou simplesmente para demonstrar que “se solidarizam” com determinada pessoa. Tudo é uma demonstração de poder.

 

As causas da violência, por parte das adolescentes, são as mesmas que dão origem à violência praticada pelos adolescentes de sexo masculino. Com a chegada da puberdade os jovens começam a “medir suas forças” ou testar suas fronteiras. Muitas vezes não encontram respostas para suas dúvidas, não conseguem reagir de maneira adequada em situação de stress e acabam descambando para a violência.

Carreira, escolha de parceiros, crise de identidade, velhos temas enfrentados por mulheres de todas as épocas e em todos os países, tudo isto junto a uma porção extra de hormônio podem ser os motivos da violência. As expectativas são grandes em cima das adolescentes que acabam não sabendo qual imagem lhes cabem: uma menina fraca e, por conseguinte, perdedora ou forte e violenta.

 

Os policiais observam que houve um aumento de grupos de meninas que vagam pelas praças e centros das grandes cidades “conquistam seus territórios e os defendem”. Esses bandos de meninas são provenientes de famílias menos favorecidas com pais desempregados, mães solteiras, etc. A maioria delas não tem perspectivas sociais, nem na escola e nem como arranjar um emprego.

O colapso familiar é considerado um dos principais motivos desta violência. Em casa as jovens viveram e vivem todo o tipo de violência e não recebem atenção dos pais. Quem vive em uma família e não recebe atenção, é interiormente considerado “perdedor”, cresce sem a coragem suficiente para superar os problemas causados pela indiferença dos seus progenitores, assim definem os psicólogos por aqui. Por isso as jovens vão para as ruas como se tivessem “conquistando” o seu espaço, a sua liberdade, assim iniciam sua carreira na violência não ficando atrás dos meninos. Elas procuram se impor e os atos de violência podem ser vistos como uma maneira de quererem reconhecimento. Muitas vezes a prática de violência vem como resultado de uma situação de opressão e violência psicológica é o que diz os especialistas e cientistas sociais. A “carreira de delinqüente pode começar cedo, com 12 e 13 anos, e arrastar-se até a vida adulta”.

 

Os psicólogos e educadores atestam que a tendência para cometer agressões diminui quando elas deixam a escola e vão viver a “vida de adulta” e eu digo, ainda bem. Com a entrada na “vida real” elas vão ter outras preocupações confirma Christian Pfeiffer do Instituto de Pesquisa Criminológica de Hanover.

 

Se depender da conjuntura político social da Alemanha, nos dias atuais, vai se esperar muito mais tempo para que as “mas” meninas se tornem “boas”. Elas ainda vão causar… muitas dores de cabeça, literalmente.

 

*Estatística do Bundeskriminalamt, BKA, dados reunidos dos Estados são publicadas todos os anos, a última acima foi publicada em 2008, referente ao ano de 2007.

Para ler mais: Pobre rica Alemanha!

 

Fonte:

Der Tagesspiegel

BKA Bundskriminalamt 2007

Tagungskokumentation des Fachtags Mädchen schlagenn zu!

Politik de

Wenn Mädchen schlagen

Deutscher Kinderscchutzbund.E.V

Mirja Silkenbeumer, Mädchen schlagen zu oder zurück? 12. Sptil 2005

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Solange Ayres