Francisco Grijó By Francisco Grijó / Share 0 Tweet Um amigo contou-me ter encontrado, num sebo da capital, um exemplar da Métal Hurlant, a revolucionária revista em quadrinhos francesa que mantinha em seu elenco figuras como Moebius e Phillippe Druillet. Comemorou, naturalmente. É uma revista dos anos 70, por cujas páginas figuras lendárias como Enki Bilal e Milo Manara passaram o risco. Eu nunca […] Um amigo contou-me ter encontrado, num sebo da capital, um exemplar da Métal Hurlant, a revolucionária revista em quadrinhos francesa que mantinha em seu elenco figuras como Moebius e Phillippe Druillet. Comemorou, naturalmente. É uma revista dos anos 70, por cujas páginas figuras lendárias como Enki Bilal e Milo Manara passaram o risco. Eu nunca li a Métal Hurlant – aliás, nunca tive um de seus exemplares à mão, mas conheço bem a Heavy Metal, sua versão norte-americana: foi naquelas páginas que conheci Ranxerox, o robô-punk criado por Tamburini e Liberatore; foi lá que vislumbrei pela primeira vez a anatomia de Druuna, de Serpieri, e de Lorna Leviathan, de Azpiri. Só isso já valia a existência da revista. Nos anos 90, a Heavy Metal chegou ao Brasil, mas em versão adulterada. Não obedecia à cronologia estabelecida pela matriz ianque, misturaram-se as histórias, desobedecia-se às seqüências, mas mesmo assim ainda era vantajoso comprar a revista recheada de desenhos espetaculares e de histórias que combinavam sexo, ficção científica, urbanidade, violência, nudez, drogas e um obscuro futuro que ninguém gostaria de viver. Comprei todos os 23 números da versão brasileira (além das ediçoes especiais, com Druuna, Carnivora, Criatura e Morbus Gravis) – e mantenho muitos da série original norte-americana. Nesses tempos de mangás, falar de Massimo Frezzato, Alfonso Azpiri, Nicolas Dumontheuil, Jorge Zentner, Ruben Pellejero, Philippe Buchet, Carlos Puerta, Gil Bruvel, Davide Fabbri, Freddy Emm e Mathias Schultheiss pode parecer extemporâneo. Cultuar os excelentes Allan Moore e Frank Miller parece ser a ordem do dia, mas há algo além, e que passa longe dos olhos sintomaticamente arregalados dos samurais nipônicos. Resta saber por que a Heavy Metal sumiu das prateleiras brasileiras numa época em que a garotada começou a levar quadrinhos a sério. O filme Heavy Metal – Universo em Fantasia, de 1981? Bem, isso é uma outra história. Leia mais em: IPSIS LITTERIS » cinema