21 de Junho: La Musique est dans les Rues


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É a Fête de la Musique, a festa da música, que acontece cada dia 21 de junho. Data que, por um acaso proposital, marca a chegada do verão nesse continente ao norte da linha do Equador.

É uma soirée musical pelas ruas de cada cidade. Músicos e DJs, profissionais e amadores, se instalam onde bem lhes aprouver, em cada esquina, e fazem seu som pra quem quiser ouvir e dançar. A França inteira vira mesmo uma festa en plein air.

A Fête foi criada em 1982 pelo Ministro da Cultura Jack Lang e Maurice Fleuret, seu Diretor de Música e Dança (essas pastas são levadas à sério por aqui). Fleuret descobre, em 81, que cinco milhões de franceses, sendo que um jovem em dois, tocavam algum instrumento musical – a França tem 60 milhões de habitantes.

Do seu desejo: ‘a música por todo lugar e o concerto em lugar algum’, num país onde o inverno pode durar seis meses, climaticamente falando, voilà, ‘Faites de la musique, Fête de la Musique’(*), dia 21 de junho!

Os músicos foram para a rua, e, em poucos anos, a Festa se tornou uma das maiores manifestações culturais francesas, foi exportada, e hoje é comemorada também em Berlim, Budapeste, Barcelona, Istambul, Liverpool, Luxemburgo, Rome, Nápoles, Praga, Bruxelas… E quando eu digo que no Brasil não tem Festa da Música, os franceses me olham muito céticos… (?)

De espetáculos elaborados como dedicado à Nino Rota no Palais Royal do Louvre, uma Ave Maria de Bach, o show do Thomas Dutronc, é a noite onde todos os estilos, performances e gabaritos, literalmente e no duro, se côtoient.

Uma experiência musical que pode começar sob a janela, quando a soirée irlandesa do vizinho-o-marinheiro-bretão-gaitas-de-fole sai do buteco para ser aplaudida. A gente desce e olha tanto de mundo na rua, que lembra Madrid em qualquer madrugada. Boemia grossa e generalizada na França: uma vez no ano. Paro pra ouvir a Big Band de jeunes gens e acho bonito os casais plus agês dançando o som dessa gurizada de cabelo colorido. Demoro pra assimilar o Shaolim: dois japas que saltam pelo palco o tempo inteiro à guisa de fazer um rap oriental em idioma francês usando violão e se referindo ao Velvet Underground. Logo passo pelos peruanos – aqui temos os nossos também, tocando suas flautas com um acompanhamento ‘na caixa’ vraimente profi e paramentados como índios cherokees (?) – para encanto da amiga da Mongólia: C’est chez toi ça? ela me pergunta. No que só pude dizer: Não exatamente. Na outra esquina o Dj instalou suas pickups e todo mundo dança, ambiance igual em qualquer parte do planeta. E não demora muito, a gente tropeça numa procissão de samba no meio da França! Ah, ça c’est chez toi! diz minha amiga. Eh, oui! respondo eu. Porque, evidentemente, não esperava ver nenhum melenudo dançando a chula.

(*) tradução: “Façam a música, Festa da Música”. Em francês, o som das duas formas é o mesmo.

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larissa bueno ambrosini