O lado bom da Copa

___Não gosto nem um pouco da imbecilidade anti-reflexiva que toma conta de quase todo mundo quando algum assunto – como hoje é o caso da Copa – praticamente mobiliza notícias e conversas, programas e comercias. Mesmo assim, fico contente com um dos seus efeitos: o momento de aprendizado que aquela catarse coletiva acaba proporcionando.
___Apesar de achar literatura de quinta, quando os livros do Dan Brown fizeram sucesso, a palavra “carmelengo” passou para o vocabulário de quem havia lido. Aquele afã todo trouxe uma palavra nova para o vocabulário de muita gente. O mesmo com o caso da gripe aviária ou do Grande Colisor de Hádrons. Palavras, conhecimentos científicos e assuntos incomuns, praticamente desconhecidos, chegaram às mãos de muita gente.
___É exatamente aí que meu desprezo pela Copa do Mundo acaba diminuindo.
___Ver as pessoas tratando a África como um continente, não como um país. Ouvir nomes de cidades da África do Sul, com se fossem famosas cidades brasileiras. Perceber que uma palavra em idioma zulu, “celebrar”, a famosa “jabulani”, é agora falada com a maior naturalidade.
___Tudo isso faz com que todo o ópio que é o futebol, faz com que as atitudes imbecis que estão relacionadas a ele fiquem um pouco mais bonitas. É pouco? Sim, é. Muito pouco. O preço que o futebol impõe ao mundo é alto. É bom tirar algo dele.
 
 

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M. Ulisses Adirt