Editorial By Rafael Reinehr / Share 0 Tweet Finalmente, o resultado do II Concurso Simplicíssimo/O Pensador Selvagem de Minicontos. O corpo de jurados então ficou constituído por Milton Ribeiro, Rafael Reinehr e pelo escritor, tradutor e minicontista Marcelo Barbão. A amiga LILLY FALCÃO, colunista do Simplicíssimo que, infelizmente adoeceu gravemente não pode participar como pretendia. Sem mais delongas, vamos ao resultado: Primeiro lugar: Trigésimo andar, de Nédia Sales de Jesus Juntos, o talento e o medo de altura, levavam o pintor a sustentar-se nos andaimes e fazer o seu trabalho de olhos fechados. Segundo lugar: Em pauta, de Geraldo Trombin Questionado sobre a qualidade de sua sinfonia, Beethoven ironicamente responde: musiquinha é a Nona! Terceiro lugar: Aquecimento global, de Alana Espinosa Corrêa Nunes Tão bom estar aqui, só eu e você, poder me perder nesse olhar azul Royal, nesta piscina azul turquesa, debaixo deste céu azul fumaça… Menção honrosa: Sem títulom, de Tiago Fidelis Moralles Tomou coragem, o último gole, olhou pra mulher e disse: – Querida! Eu te traí a vida toda. Ela já sabia. Era mesmo o último gole. Questão de Necessidade, de Nédia Sales de Jesus O seu primeiro furto foi cometido ainda na infância e deu-se por uma questão de necessidade; o segundo foi devido a uma recaída… Com o tempo veio a necessidade de ter um carro… Vieram outras necessidades e vieram, também os filhos, que hoje o fazem pela necessidade de trazê-lo de volta para o lar. A mala ainda não estava cheia, de Uili Bergamin Ia embora. Sobre a cama, quase tudo pronto. Dizia-se farta do relacionamento. Farta de paixões e de homens. Mas eu via, em seu olhar, no modo como ajeitava a roupa, que ainda havia espaço. Amá-la, ainda não estava cheia. O Sirizinho poeta, de Márcio José Bergamini Júnior O sirizinho os espiava na areia da praia. Quando foi visto, correu pro meio das pedras e foi ouvir o marulho numa conchinha. Amaram-se. O sirizinho fez um poema e, ao nascer do sol, jogou o texto no mar enchendo de poesia o alvorecer dos namorados. O espaço da poesia, de Nilson Vieira Moreno Kleider voltava da faculdade, meia noite no máximo, quando pensa num poema. Com sua urgência peculiar, resolve escrever no meio-fio abaixo dum poste, quando a viatura surge e o policial o aborda: – Que tá fazendo? – Poesia – responde. – Então deixa eu ver. – Não, tenho vergonha. Juizes também viajam de ônibus, de Alexandre de Castro Gomes Terminou a sentença no ponto final. Insônia, de Alexandre de Castro Gomes Um bebê chora, talvez incomodado pelo som da festa de outro prédio. Um carro freia e quase atropela o bêbado que xinga alto. Olho o relógio. "Tantas horas", me brilha o maldito na cara. Contas a pagar. A perna coça. Puxo o lençol para me livrar do mosquito. Ligo para a Ana? O ar do vizinho não para de pingar. Moto. Caminhão de lixo. Despertador. # # # # # # # # # # # # # # # # # # # Os três primeiros colocados serão contatados nos próximos dias para definir a forma de entrega dos prêmios. Os participantes selecionados com Menção Honrosa deverão receber, nos endereços enviados no momento da inscrição, um certificado impresso comprovando seu mérito. Até a próxima edição, no final deste ano.