Sem Destino By Rafael Reinehr / Share 0 Tweet Tudo começou quando Maureen e Tony Wheeler se conheceram em um banco do Regents Park, em Londres. Um ano depois, o casal embarcava em uma viagem de lua-de-mel da Europa à Australia em um carro velho e com pouco dinheiro no bolso. A viagem custou todo o dinheiro que eles tinham – e mais […] Tudo começou quando Maureen e Tony Wheeler se conheceram em um banco do Regents Park, em Londres. Um ano depois, o casal embarcava em uma viagem de lua-de-mel da Europa à Australia em um carro velho e com pouco dinheiro no bolso. A viagem custou todo o dinheiro que eles tinham – e mais o que eles conseguiram pegar emprestado e pedir nas ruas. Ao final da jornada, eles estavam quebrados… mas felizes. Das experiências vividas pelo casal, começou a nascer o primeiro livro. Influenciados pelos amigos, os dois passaram noites acordados, debruçados sobre a mesa da cozinha, relendo os diários e escrevendo o que viria a se tornar um clássico: “Across Ásia on the Cheap”. Em apenas uma semana, o vendeu 1.500 exemplares e, não só os Wheeler conseguiram sair do vermelho, como tinham dinheiro o suficiente para fundar a Lonely Planet. A introdução do livro resume bem o estilo aventureiro do casal, e é um estímulo para nós, viajantes: “tudo o que você tem a fazer é decidir ir, e a parte mais difícil já está resolvida. Então vá!” Dois anos depois, a segunda viagem do casal pela Ásia levou ao livro “South-Asia on a shoestring”. Depois vieram os guias sobre o Nepal, África e Índia. Hoje a companhia possui livros sobre quase todos os países e cidades que você possa imaginar, escritos por mais de 300 autores, além de produzir programas de TV, possuir um banco de imagens extraordinário e manter um excelente website com dicas, histórias de viagens e serviços para viajantes, com 4.3 milhões de visitantes por mês. Quem já usou um guia da Lonely Planet em uma viagem, ou mesmo assistiu a um de seus programas, sabe que realmente ele é um dos melhores que há por aí. Informações corretas, precisas, interessantes e relevantes, de pessoas que gostam de viajar e sabem do que estão falando, recheado de referências históricas e editado de uma maneira que nos faz pensar nele como um companheiro de viagem. No entando, é visível a mudança que houve nos guias durante o processo de profissionalização da empresa. Enquanto que nos primeiros guias o casal ensinava os viajantes a comprar carteiras de identidade falsas e drogas e chamava o governo da África do Sul na época do apartheid de cretinos e psicóticos, os de hoje são mais sérios, menos voltados para os mochileiros. Algumas opiniões bem críticas permanecem nos guias e, na edição de 2003 sobre o Brasil, há apenas algumas poucas páginas sobre São Paulo, a cidade com o maior número de museus, teatros, boites e eventos culturais do país, que recebe duras críticas e que os visitantes são recomendados a não visitar. Pois bem, por que estou contando toda a história dos Wheeler e do LP? Porque a companhia acaba de ser vendida para a BBC por 100 milhões de Libras, ou pelo menos 75% dela… 25% ainda continuam com os Wheeler, que com a venda pretendem voltar a viajar pelo mundo. “Nós sentimos que a BBC Worldwide forneceria uma verdadeira plataforma para a nossa visão e valores, ao mesmo tempo permitindo que nós elevássemos a empresa a um outro patamar.” Para a BBC, o negócio vai ajudá-la a se tornar “uma das líderes mundiais em conteúdo”, de acordo com o CEO da empresa, John Smith. Outro objetivo é aumentar a visibilidade on-line e em mercados como Austrália e América do Norte. Se isso é uma boa ou má notícia, se vai mudar o conteúdo dos livros, tornando-os mais “careta”, realmente eu não sei. A boa notícia é que o casal ainda continua no negócio e, talvez com mais tempo para se dedicar às viagens e à parte editorial e menos ao business, talvez vejamos boas novidades por aí. Quem sabe até um novo livro da dupla. Leia mais em: Sem Destino » OPS