Marconi Leal By Marconi Leal / Share 0 Tweet Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280 Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281 Entre outras revelações igualmente críveis, o Livro dos Espíritos afirma que a lua tem forma pendular e que a geração espontânea não apenas existe como será devidamente comprovada no futuro. Ora, quanto ao formato do satélite terrestre, nada posso dizer, pois, como se sabe, moro em São Paulo, onde a lua pode até existir, mas o […] Entre outras revelações igualmente críveis, o Livro dos Espíritos afirma que a lua tem forma pendular e que a geração espontânea não apenas existe como será devidamente comprovada no futuro. Ora, quanto ao formato do satélite terrestre, nada posso dizer, pois, como se sabe, moro em São Paulo, onde a lua pode até existir, mas o céu não, e não possuo um shuttle para verificar a veracidade da afirmação in loco. Porém, homem moderno que ajuda nos afazeres domésticos sem que, para tanto, minha cônjuge precise dar mais que duas chicotadas em meu lombo a título de incentivo, não posso deixar de concordar com a segunda afirmativa, sobretudo quando estou diante de uma pilha de pratos por lavar. Não entendo como, tendo a ciência em nosso tempo evoluído a ponto de pesquisar fenômenos extraordinários como o da vida em ambientes sem oxigênio e o de raciocínio no cérebro do Zeca Camargo, não haja despertado para a perquirição de processo tão inexplicável quanto o da multiplicação de louças sobre a pia. Processo, por outro lado, há milênios de conhecimento de teólogos e estudiosos da religião, uma vez que, se Jesus multiplicou peixes e pães, é razoável pensar que o tenha feito também com relação aos recipientes que os continham. Com respeito a essa hipótese há, inclusive, menção no Evangelho Apócrifo de São Limpol ao fato de, durante os 40 dias que o Senhor passou no deserto, Maria e Madalena terem ficado em Galiléia, lavando os pratos do Seu último milagre. Ocasião em que a segunda, estafada após se livrar de uma pilha particularmente volumosa, teria dito à primeira: – Em verdade vos digo: antes Ele não tivesse me livrado do apedrejamento! Seja como for, não possuo epígonos ou seguidores e como tenho, ainda por cima, ouvidos extremamente sensíveis a berros femininos, sou obrigado a me atracar com as louças diariamente, o que vem me permitindo observar de perto a abiogênese. Ultimamente, por exemplo, venho me atendo a acompanhar um fenômeno típico de livros de Stephen King (e não me refiro à transformação de cocô em dinheiro): assim que termino de lavar o último prato, imediatamente, em algum outro ponto da casa, surge uma peça de talher suja. Aguerrido cientista, tomo o objeto nas mãos e me ponho a lavá-lo, ouvindo as palavras de apoio de minha amada: – Slapt! Slapt! Debalde (não, leitor ignorante, não lavo a louça dentro de um receptáculo de alumínio com alça), pois, ato contínuo, sem que ao menos ouça a introdução de Assim Falava Zaratustra de Strauss, surge um outro utensílio emporcalhado debaixo do nariz. O que é tanto mais incrível quando se sabe que meu nariz não é pequeno. Tenho, assim, atravessado meus dias azafamado e entregue a tarefas tão produtivas quanto as de uma danaide. Portanto, não me culpem se o ritmo de crônicas aqui não anda dos mais constantes, ó gente sem tino para grandes descobertas! Estou empenhado em garantir o futuro do homem e a evolução da ciência. Leia mais em: Marconi Leal » HUMOR