Um outro mundo é possível By Dirlene Marques / Share 0 Tweet Do dia 27 de janeiro a 1 de fevereiro, Belém do Para estará recebendo milhares de militantes de todo o mundo para o Fórum Social Mundial 2009. Como em todas as versões do Fórum realizadas no Brasil, centenas de militantes sociais de Minas também estarão presentes.Todos acreditando em uma utopia: “Um outro Mundo e Possível”. Quando de sua convocação na Amazônia, um grande desafio estava colocado: discutir a questão ambiental considerada estratégica para aqueles que pensam um outro mundo fora do capitalismo como também por aqueles que ali vêem a ampliação de sua lucratividade. O Movimento Social tem estudado e denunciado as obras previstas no PAC, que fazem parte do plano de Integração da Infra-Estrutura Regional do Sul (IIRSA) para a região. Tem três projetos de enorme impacto sócio-ambiental – as usinas hidrelétricas de Belo Monte, no Pará, e Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia -. Na área de transporte, nota-se em particular o asfaltamento da parte paraense da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém, e da Transamazônica (BR 230), atendendo fundamentalmente aos produtores de soja do centro-oeste. Agora, com a crise do capitalismo, estas obras são vistas como mais necessárias, para garantir o repasse dos recursos públicos para o agronegocio, as empreiteiras, as mineradoras, na lógica que Celso Furtado já denunciava: “privatização dos lucros e socialização dos prejuízos”. Ao mesmo tempo, são propagandeadas como o desenvolvimento econômico e a única fonte de emprego, buscando o apoio popular. Não mostram a alternativa de um futuro regional pautado no uso apropriado do ecossistema amazônico, considerando as especificidades da região e o uso sustentável dos seus recursos, gerando emprego e um futuro sustentavel. Neste momento, outro desafio se coloca: o que fazer de concreto para impedir o massacre do povo palestino? Israel segue a mesma lógica do Governo Bush quando da invasão do Iraque e do Afeganistão. Usam uma tecnologia avançada e uma violência descomunal na destruição física e cultural do povo palestino que, desde 1946 foram sendo expulsos de suas terras, confinados a pequenos espaços, sofrendo um intenso embargo que impedia ate a entrada de medicamentos e comida e, em cada instante, Israel ocupava um pedaco maior da Palestina. Como tudo isto não quebrou a vontade de seu povo, nestas ultimas semanas, o avanço militar busca o extermínio de toda a sociedade. Este é o mundo que vamos encontrar no FSM 2009. Em 2001, quando de sua primeira versão em Porto Alegre, após as grandes manifestações antiglobalizacao que ocorria em todo o mundo, o Fórum respondeu de forma correta aos desafios colocados, criando um espaço para encontros e diagnósticos, fazendo o contraponto a Davos. Em 2009 temos uma nova situação. Como ir alem, mantendo a robustez, a capacidade aglutinativa, promover uma aliança continental e dar respostas concretas aos desafios colocados acima? Já esta claro que o cerco aos palestinos, a destruição da Amazônia, a crise econômica fazem parte da dinamica do capitalismo, na busca incessante de lucro. Neste sentido, torna-se necessário enfrentar estas contradições indo a raiz dos problemas, buscando alternativas que garantam o social e não o capital, privilegiando organizações que resistem e que se confrontam diretamente com as investidas imperialistas em todo o mundo, tornando o fórum protagonista de ações concretas que corroborem com os objetivos estratégicos de transformação. O Fórum pela sua capacidade de aglutinação de ativistas no mundo atual, tem capacidade de organizar atividades concretas para enfrentar o cerco na faixa de Gaza e a Crise, que destroem a vida de milhões de trabalhadores. A perspectiva aqui seria avançar imediatamente na construção de projetos alternativos, pós-capitalistas, centrando debates e ações para a construção do Socialismo no Séc. XXI. Este seria um avanço histórico. Citando livremente Dom Pedro Casaldaliga, em sua entrevista ao Jornal Brasil de Fato: “A alternativa é acreditar mesmo que” Um Outro Mundo é Possível “e se entregar individualmente e/ou grupo solidário e ir fazendo real esse” mundo possível “. É a utopia é” necessária como o pão de cada dia “. Onde não há utopia não há futuro. A utopia de que falamos, a compartimos com milhões de pessoas que nos precederam, dando inclusive o seu sangue, e com milhões que hoje vivem e lutam e marcham e cantam. Esta utopia está em construção, somos operários da utopia.” Dirlene Marques – Economista ,,Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial"