Um pouco de luz By Ricardo Montero / Share 0 Tweet Importante conhecer o comando de balanço de branco de uma câmera digital. Para aproveitar este controle ao máximo, é necessário entender, ainda que superficialmente, as características da luz visível. Não é demais ressaltar que o balanço de branco exerce um papel fundamental para a obtenção de cores as mais fiéis possíveis em nossas imagens, e que um incorreto balanço de branco pode arruinar uma fotografia. A luz visível corresponde a uma pequena fração do espectro de ondas eletromagnéticas. O olho humano é capaz de enxergar como luz a radiação de comprimento de onda entre 400 nm e 700 nm – pela ordem, violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja, vermelho. Abaixo dos 400 nm (ultravioleta) e acima dos 700 nm (infravermelho), nada vemos. Nesta faixa de luz visível, temos maior sensibilidade ao verde, que vem a ser a radiação visível de comprimento intermediário. Aliás, até por esse motivo que os sensores de nossas câmeras digitais privilegiam, em sua construção, a detecção do verde, fato que explica o menor nível de ruído que encontramos no canal verde de nossas fotos digitais, ao passo que os canais vermelho e azul são mais ruidosos. Não é difícil de imaginar que um corpo emissor de luz possa emitir radiação eletromagnética em diferentes comprimentos de onda, simultaneamente. Tomemos o sol como exemplo; não é difícil de observar que a luz solar chega até nós com variadas características, em especial por variações na atmosfera. A característica da luz do sol que atinge o solo varia, por exemplo, com o horário do dia. Observe como a luz solar na hora do pôr-do-sol, ao incidir bastante inclinada, atravessa uma porção mais espessa da atmosfera e conseqüentemente assume tons avermelhados. Note que o mesmo também acontece quando o ar atmosférico se apresenta poluído e sujo. Na prática, a composição da luz varia; nas condições exemplificadas, acontece um maior predomínio das radiações de comprimento de onda na faixa do vermelho e do laranja. Interessante observar que nossa visão apresenta mecanismo sofisticado de compensação das variações da composição da luz. Salvo casos extremos, raras vezes enxergamos de modo diferente os mesmos objetos sob luzes diversas. Comparativamente, notável a importância do ajuste do balanço de branco nas câmeras digitais. Este controle permite que a câmera, em uma foto, faça a correção das cores em função do tipo de luz utilizado. Câmeras digitais dispõem da opção de balanço de branco automático, normalmente grafado como AWB (Automatic White Balance). Outras opções, indicadas por símbolos: luz solar, tempo nublado, sombra, luz incandescente, luz fluorescente, flash. Para a maioria dos casos, a opção AWB dá conta do recado. Sob luz incandescente, raras vezes o balanço automático funciona bem; as imagens costumam se apresentar amareladas, sendo neste caso aconselhável optar pelo balanço de branco específico para luz incandescente. Claro que a escolha errada do balanço de branco pode arruinar uma foto. Por outro lado, isto pode ser usado para fotografia criativa. Experimente fotografar sob luz fluorescente com o balanço de luz incandescente (tom resultante azulado), ou vice-versa (resultados esverdeados). Por isso, fácil entender que quando no mesmo enquadramento convivemos com diferentes fontes de luz, freqüentemente torna-se impossível escolher algum valor que seja satisfatório para a foto inteira. Boa parte das câmeras permite ajuste personalizado e específico do ajuste de branco para uma dada fonte de luz, o que é útil quando não achamos um balanço de branco satisfatório entre as opções pré-definidas da câmera. Para isso, geralmente é necessário apontar a câmera para um objeto branco ou em tom neutro de cinza. O resultado desta operação costuma ser excelente. Como os procedimentos variam em acordo com o fabricante, consulte o manual de instrução do equipamento. Câmeras sofisticadas permitem também a seleção do balanço de branco a partir de um dado valor de temperatura da luz. Esta grandeza, medida em Kelvin (K), reflete a composição da luz. Como exemplo, alguns valores: luz de vela, 2000 K; lâmpada comum, 2800 K; sol de meio-dia, 5000 K; flash eletrônico, 5500 K. Ante todo o exposto, verifica-se o quão importante é o controle do balanço de branco para a obtenção de boas fotos, já que um balanço de branco inadequado pode arruinar as cores de uma fotografia. Importante ressaltar que ao se fotografar em RAW, o balanço de branco pode ser modificado no processamento da foto (arquivos RAW correspondem, grosso modo, a um negativo digital; a câmera grava nestes arquivos os dados captados pelo sensor sem qualquer processamento, que deverá ser feito posteriormente em computador, resultando em arquivos JPG, BMP ou TIFF). Deste modo, o usuário de RAW – opção praticamente restrita às câmeras SLR – pode se dar ao luxo de fotografar com o balanço de branco errado para posteriormente, no processamento, fazer o ajuste, sem qualquer conseqüência para o resultado final.
