Fotografia, simultaneamente inventada na Europa e no Brasil


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Um importante nome dos primórdios da fotografia permaneceu esquecido por quase um século e meio: Hércules Florence, francês radicado no Brasil. Em 1833, em descoberta isolada, desenvolveu processo químico similar ao criado em simultâneo por Niépce, Daguerre e Fox Talbot, na Europa. Os experimentos de Florence só vieram à luz com as pesquisas de Boris Kossoy, divulgadas em 1976.

Um importante nome dos primórdios da fotografia permaneceu esquecido por quase um século e meio: Hércules Florence, francês radicado no Brasil. Em 1833, em descoberta isolada, desenvolveu processo químico similar ao criado em simultâneo por Niépce e Daguerre, na França, e Fox Talbot, na Inglaterra. Os experimentos de Florence só vieram à luz com as pesquisas do fotógrafo paulista Boris Kossoy, divulgadas em 1976.

Desenhista, pintor, fotógrafo, geógrafo, tipógrafo, inventor e aventureiro, Hercules Florence nasceu em 1804 em Nice. Depois de trabalhar por algum tempo em navios mercantes e de guerra, Hercules embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 1824. Já era um desenhista e pintor de talento, tendo grande interesse por ciências naturais.

No Rio de Janeiro, começou a trabalhar em uma tipografia, mas logo se integrou à expedição Langsdorff, que tinha por meta a pesquisa científica no rio Amazonas. Junto com o pintor Rugendas e com o ilustrador Taunay, tinha a função de documentar visualmente a viagem. Antes de partir para o Amazonas, Florence explorou o território paulista, tendo passado por Santos, Cubatão, São Paulo, Juqueri, Jundiai, Itu, Campinas e Porto Feliz.

De 1826 a 1829, acompanhou a expedição. Na volta, Florence se casou e tornou-se fazendeiro em Campinas, onde se fixou até a morte. Dedicou-se também à carreira de inventor; já durante a expedição ao Amazonas, havia desenvolvido novo processo de notação musical voltado ao registro do canto de pássaros, a “zoophonia”. Em 1830, tendo aberto uma tipografia, interessou-se em simplificar o procedimento para a impressão de múltiplas cópias de uma ilustração; inventou assim a “polygraphia”, técnica similar à do mimeógrafo, que permitia a impressão de várias cores simultaneamente.

Em 1831, Hércules começou a pesquisar a possibilidade de fixar imagens obtidas na câmara obscura, utilizando elementos químicos sensíveis à ação da luz. Um amigo farmacêutico foi quem o informou sobre as propriedades do nitrato de prata. O processo que desenvolveu em 1833, similar ao desenvolvido quase simultaneamente por Niépce e Daguerre na França, foi batizado por Florence como “photographie” – isso quatro anos antes do inglês John Herschel cunhar o termo “photography”.

Florence tratava o papel com nitrato de prata. Por saber que o papel escureceria sob a luz do sol, lavava-o com água para reduzir a velocidade da reação fotoquímica e guardava-o protegido da luz. Segundo seu diário, conservou assim várias imagens, por ele observadas durante a noite, sob a tênue luz de uma vela.

Infelizmente, tanto por não divulgar sua invenção adequadamente quanto por estar longe dos grandes centros mundiais, apenas tardiamente Hércules Florence foi devidamente reconhecido como um dos pais da fotografia. Isso só veio a acontecer a partir da década de 1980, com a aceitação internacional dos estudos deBoris Kossoy. Finalmente o nome de Florence era incluído no rol dos pioneiros da invenção da fotografia, ao lado dos há muito reconhecidos Niépce, Daguerre e Fox Talbot.

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Ricardo Montero