No pequeno planeta azul, um número em um RG…
RG.
X foi cidadão honesto,
respeitador dos bons costumes,
X foi empreendedor,
dedicado produtor de estrume .
X era pai de família,
X sonhava em ser cowboy,
X foi aposentado
e sentiu como a coluna dói.
X adorava futebol,
bebericava cerveja sob o sol
X, X,
morreu, se foi
para sempre…
X era fiel,
rezava o terço, louvava ao céu.
X curtia o “x tube”.
X tinha um diploma,
X profissional.
X nunca conseguiu realmente trabalhar no que desejava.
X assistia televisão,
esquentava o sofá no domingão
X, X,
morreu, se foi
para sempre…
X só esperava o carnaval
para liberar seu lado animal,
um primata e seu caneco,
X indivíduo social,
X era contra as drogas.
X, X,
morreu, se foi
para sempre…
X tinha uma paixão,
X sofria do coração,
X era corajoso,
X fugia do espelho.
X, X,
morreu, se foi
para sempre…
X era homem de bem,
mas, diante de uma tela sua raiva sempre ia além.
X votava e sempre errava,
depois xingava e esquecia
X era classe média baixa,
mas, na conversa dos ricos sempre caia.
X era católico,
mas, acreditava em reencarnação,
X um dia pensou ser “livre”
e agora está preso em um caixão.
X, X,
morreu, se foi
para sempre…
Paulo Vinícius