100 milhões

Segundo informa o relatório The World Health Report 2008 – primary Health Care (Now More Than Ever), da Organização Mundial da  Saúde (aqui o capítulo que cita – versão em português), “Sempre que as pessoas têm falta de protecção social e têm de pagar os  cuidados de saúde do seu bolso, são confrontadas com despesas catastróficas. Anualmente, mais de 100 milhões de pessoas caem na pobreza porque têm de pagar pelos cuidados de saúde recebidos.

O tema da CPMF veio à baila com a eleição de Dilma Rousseff para a presidência. Segundo as notícias, a maioria dos governadores eleitos se diz favorável ao retono da contribuição. (aqui, por exemplo). Na notícia linkada, podemos ler a afirmção do Governador reeleito do Ceará, Cid Gomes: “É um sacrificiozinho muito pequeno para cada brasileiro em nome de um grande número de brasileiros que precisa dos serviços de saúde e precisa que esses serviços sejam de qualidade”.

A CPMF durou exatos dez anos, de 23 de janeiro de 1997 a 23 de janeiro de 2007. E o que vimos e continuamos a ver? Um grande número de brasileiros que precisa dos serviços públicos de saúde morrendo ou, como diz a OMS, cainda na pobreza porque tem de pagar pelos cuidados de saúde recebidos. Nem vou me dar ao trabalho de colocar aspas.

A CPMF foi criada para o custeio específico da saúde pública, da previdência social e do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Os dois últimos acrescentados por leis posteriores. A saúde continua um caos e a população morrendo sem antendimento; a previdência social, dizem, vai de mal a pior, mantendo os trabalhadores em constante estado de insegurança quanto ao futuro; a pobreza, se por um lado diminuiu, por outro, como diz a OMS, parece aumentar justamente por causa da saúde.

Está certo, é um sacrificiozinho muito pequeno (e bota pequeno nisso, pela junção do “inho” com o “muito pequeno”). Tão ínfimo quanto o resultado obtido. Então onde, afinal de contas, foi parar todo o dinheiro arrecadado? Se é para voltar da mesma forma como foi gerido no passdo, penso que deveríamos ser contra.

Em tese, nada contra a contribuição. Faço o meu sacrifíciozinho muito pequeno, desde que os hipócritas não venham a público dizer que ela resolverá o problema. Se a maioria dos governadores a quer, algo há, algo há…

Qualquer coisa, mas com certeza não será saúde!

 

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Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!