A divisão


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Após quase duas semanas de isolamento social, com saídas apenas para repor algum item de alimentação, chego a uma triste conclusão, vendo o que se passa no Brasil:

sequer uma pandemia como essa do coronavírus será capaz de resolver a divisão da nossa sociedade.

Significa dizer que não conseguiremos chegar a um entendimento equilibrado de como solucionar o dilema “saúde pública versus economia”.

De um lado, os ferrenhos defensores de que 5 ou 7 mil velhinhos que morram não passa de um pequeno efeito “normal” da doença e estão sempre lembrando que outras doenças matam muito mais do que o coronavírus. O importante é não paralisar a economia. Essa paralisação, sim, seria o grande caos. Todos, claro, dentro dos seus carros ou em casa, isolados e isolando seus “velhinhos”, comprando tudo por aplicativos de tele entrega.

Sinto dizer, mas atingimos não o pico da infecção do vírus, mas o pico da hipocrisia. É a defesa ideológica e não a defesa humanista. É a defesa do ego em detrimento de ver o que acontece e o como acontece nos demais países do mundo. É o velho pensamento de que “comigo não vai acontecer”. Portanto, com qualquer outro pode. Se eu entupir os ônibus, trens e escolas com as pessoas, problema deles, desde que eu possa continuar a minha tranquila e isolada vidinha.

Gente que defende o presidente tão somente porque defende o presidente. Quando confrontados com a realidade, escapam com argumentos que sequer para eles serviriam, caso precisassem estar expostos à contaminação. Pior, gente que faz questão de se expor para mostrar que a doença não passa de uma gripezinha.

E é uma gripezinha, sem dúvida alguma. Mas apenas enquanto estiver sob o controle do isolamento. Cessado o isolamento, como querem os defensores da economia, a própria economia será atingida, pois milhares de trabalhadores serão obrigados a se afastar do trabalho, por licença saúde, e o comércio, a indústria e os serviços, apesar de abertos, seguirão como que fechados, não só por falta dos trabalhadores, como por falta de clientes, todos em casa, doentes. Em casa, pois o sistema de saúde estará falido, colapsado.

A divisão está em como encaramos o problema. Por qual tipo de pensamento orientamos nossa posição diante da situação. Ou somos egoístas ou não. Alguns até defendem que o governo deva fazer aquilo que todos esperamos que faça. Mas não vamos nos iludir: seguem egoístas. Sequer o coronavírus os fará serem diferentes, mudarem.

Passada a crise, seguirão olhando para os próprios umbigos. Afinal, o mundo é assim desde que o mundo é mundo e eles tiveram o mérito de nascer com condições de suportar qualquer crise. Azar de quem não teve o mesmo mérito. Nasceu para ser pobre trabalhador? Que morra como pobre trabalhador.

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Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!