Runaway train never goin’ back

Depois de muitos atrasos e reprogramações, chega ao Brasil a fase dos Fugitivos escrita pelo criador de Buffy, a Caça-Vampiros. Mas será que a espera valeu a pena?

Atrasou mais do que ovo de Páscoa em setembro, mas eis que finalmente chegou às bancas e comic shops brasileiras o arco que Joss Whedon escreveu para os Fugitivos. Com o perdão do clichê, um excelente presente de Natal para quem, como eu, sentiu saudade de Molly Hayes e companhia.

(A quem estranhou que esta coluna não traga a segunda parte da carreira quadrinística de Sam e Max, esclareço que a nova fase dos Fugitivos não podia passar sem meu comentário. A Polícia Freelance volta no comecinho de janeiro, depois das férias da coluna.)

Quando de sua escolha, Whedon foi considerado por muitos como o sucessor perfeito de Brian K. Vaughn, criador da série. Afinal, suas séries Buffy e Angel ficaram conhecidos pela ação com personagens jovens e citações pop às toneladas, justamente os pontos altos dos Fugitivos. Aliás, algumas citações em particular são divertidíssimas, como quando o ciborgue Victor Mancha diz estar sonhando com "ovelhas elétricas" – referência ao conto que inspirou o clássico da ficção científica Blade Runner.

Só que as coisas não correram tão bem assim. Para começar, a série sofreu muito com atrasos, levando quase um ano para ter publicado um arco de seis edições. Além disso, sua fase foi mais "super-heróica" do que as histórias de Vaughn, com direito a viagens no tempo e outras decisões que desagradaram aos fãs. A aparição do Justiceiro também é dispensável – sinceramente, o Homem-Aranha caberia melhor no contexto. Para não citar que o Justiceiro aparece "supercaracterizado", com sua faceta durona-psicótica MUITO exagerada – quando foi que você viu Frank Castle ameaçando atirar em crianças?!

Outro problema é a guerra de gangues meta-humanas em pleno começo do século XX. Tantas facções lutando entre si deixam a história desnecessariamente confusa, para não citar que fica difícil explicar a surpresa da população quando um certo Sentinela da Liberdade surge para ajudar a derrotar Hitler. E, quando entra em cena uma versão cristã do Justiceiro…bem, digamos que fica claro que as coisas degringolaram. (Se bem que eu adorei o conceito da Dançarina…ela se daria bem nos dias atuais, bastaria andar sempre com um iPod.)

Uma coisa curiosa que Whedon fez foi o desenvolvimento do Chase, meu Fugitivo favorito. O tom amargo e obsessivo das últimas edições deu lugar ao idiota de bom coração do começo da série, ainda que com um número curiosamente alto de referências a maconha.

Para terminar, ironicamente, vamos falar do começo. A fase de Vaughn acabou com os heróis cercados pelo Homem de Ferro e uma equipe da SHIELD, que haviam descoberto sua base no Albergue. Mas eis que tudo recomeça com os jovens heróis já livres em Manhattan. Podemos presumir que eles lutaram contra os soldados e conseguiram fugir, mas…pô, eu queria ter visto isso!

E assim encerramos mais uma visita a este maravilhoso Mundo Quadricolor. A coluna faz uma pausa durante as festas de fim de ano, mas volta com tudo em 2009. Até lá!

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Tiago Andrade