– Você viu o incêndio que rolou em Diadema ontem?
– Vi sim. Aliás, era isso que eu ia comentar com você. Plasticamente falando, muito bonito.
– Não sou muito fã de incêndios, mas esse também me sensibilizou.
– Pois é. Um amarelo vivo, vivo, vivo. Uma fumaça negra que só a porra e, de…
– Você viu o incêndio que rolou em Diadema ontem?
– Vi sim. Aliás, era isso que eu ia comentar com você. Plasticamente falando, muito bonito.
– Não sou muito fã de incêndios, mas esse também me sensibilizou.
– Pois é. Um amarelo vivo, vivo, vivo. Uma fumaça negra que só a porra e, de quebra, uns tonéis explodindo e voando por cima das fábricas. Muito bonito.
– E houve uma seqüência incrível de explosões. Impressionante. Daria para usar as imagens em alguma superprodução do cinema nacional, com perseguições de carro, grandes explosões e a Mallu Mader no papel principal.
– Pena que o filme se passaria em São Paulo. Porque se fosse no Rio, dava fácil para colocar o Kadu Moliterno como protagonista.
– É fato. Mas, sendo em São Paulo, daria para escalar o Fúlvio Stefanini, sem perdas. Ele está para São Paulo, assim como o Kadu Moliterno e o André de Biasi estão para o Rio. Mas a vantagem do Fúlvio é que ele tem a voz mais bonita.
– Fato. Mas voltando ao assunto do incêndio, gostei muito. Lembro que fiquei fascinado assim somente na implosão do Carandiru. Porque, aliás, se tem uma coisa que eu prezo é uma boa implosão. E a do Carandiru, com aquele edifício imponente desabando e mais nada ao redor, me empolgou.
– Eu gostei também. Mas, de forma geral, eu prefiro incêndios a implosões.
– Eu já prefiro implosões. Tem toda aquela mítica, sabe? É como se fosse um evento. Os responsáveis acordam cedo, se arrumam, vão lá no edifício, metem explosivos e, na hora marcada, derrubam tudo. Guardadas as devidas proporções, é como um lançamento de foguete na NASA. Trata-se de um evento, não de uma obra do acaso.
– Pois é, por isso mesmo eu prefiro incêndios. Esse lance de ocorrer do nada, quando ninguém está esperando, transforma incêndio em uma coisa mais natural, mais espontânea. E eu gosto muito de coisas espontâneas.
– Hummm. Bom, é questão de gosto. Às vezes eu ando por aí, olhando para prédios e pensando quais deles dariam boas implosões. A Basílica de Aparecida daria uma excelente implosão.
– Pronto, vai começar a falar mal de religião.
– Não, não tem nada a ver com religião ou com preferências pessoais. Estou analisando do ponto de vista técnico. Tanto é assim que outra implosão que seria memorável é a do estádio do Pacaembu. E olha que sou corintiano.
– Bom, como disse, sou mais entusiasta de incêndios. Fico triste de ter nascido nesta época, porque acho que o incêndio de Roma foi coisa linda. Queria ter visto. Assim como queria ter visto a tragédia do Titanic. Mas como não deu, não canso de ver o filme. Toda vez que passa na TV, eu assisto.
– Eita. Mas aí não é incêndio, é acidente de barco.
– Eu sei, mas eu gosto muito da Kate Winslet. Não perco qualquer oportunidade vê-la.
– Imagina que legal, um filme que os protagonistas seriam Fúlvio Stefanini e Kate Winslet, ambos que fazem parte da tripulação de um navio, que misteriosamente bate em um prédio qualquer que, mais estranhamente,foi construído no meio do mar. Daí, o barco se finca no meio do prédio e ambos pegam fogo – mesmo que no meio do mar. Daí, a saída encontrada para evitar mais danos à natureza seria implodir o misterioso prédio.
– Esse filme se passaria nos mares do Rio de Janeiro?
– Pode ser.
– Nesse caso, eu colocaria o Evandro Mesquita na tripulação. E o Nuno Leal Maia seria o carismático vilão, responsável pela construção do prédio em alto-mar e pela batida do barco.
– Sensacional. Para onde eu posso mandar um email dando essa idéia?
– Tenta spielgberg@hotmail.com. Não tem como ele não gostar.
– A não ser o fato de não termos escalado o Tom Hanks.
– É, mas a gente coloca ele numa ponta. Como um náufrago que vê tudo de longe, de uma ilha qualquer. Pode ser a Ilha de Paquetá.
– Sensacional. Vou escrever o email.
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