Praga: uma cidade multifacetada


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Se perguntarmos para diversas pessoas quais foram as suas impressões de Praga, provavelmente iremos nos deparar com várias respostas distintas. Esta cidade oferece um leque de possibilidades muito amplo e, dependendo dos interesses do turista, suas opniões poderão ser bem diferentes.

Teatro Nacional em Praga

Existe a Praga cultural, que é a minha favorita, com suas salas de concerto, teatros, museus e sua história. A minha sala de concerto favorita se chama Rudolfinum, que fica à beira do rio Vlatava (conhecido como Moldava em português, palavra vinda do alemão Moldau. Mas saibam que os tchecos não irão saber do que você está falando se você usar este nome). O Rudolfinum é uma sala de concerto belíssima e que impressiona não pelo seu tamanho mas sim pela sua arquitetura e seus detalhes. Esta é a sede da Orquestra Filarmônica Tcheca, a melhor orquestra tcheca, na minha opnião. Certamente esta não é a melhor orquestra do mundo, mas o nível musical na Europa é realmente muito acima do que eu imaginava. Foi nesta sala, e com esta orquestra, que eu assisti ao melhor concerto da minha vida, uma inesquecível apresentação da 1a Sinfonia de Gustav Mahler. Além desta sala, temos a Ópera Nacional, a Casa Municipal, o Teatro Nacional e o Teatro Alemão, aonde Mozart regeu a estréia do seu Don Giovanni. Pode-se ir à ópera diariamente, apesar de o programa se tornar um tanto repetitivo com o passar do tempo.

Existe também, é claro, a Praga turística, com a qual eu não tenho muita afinidade. Eu gosto muito do centro antigo, com as suas ruelas medievais e sua arquitetura antiquíssima, mas o espírito deste local não me agrada. Meus amigos tchecos me dizem que para saber a delimitação da área turística basta observar a variação do preço da cerveja. Nos bairros, meio litro de cerveja nunca custa mais do que 30 ou 35 coroas tchecas (algo em torno de R$3 ou R$3,50), mas no centro este preço pode realmente ir parar na estratosfera. Este local é o favorito dos turistas alemães que gastam suas coroas como se não valessem nada, e é sempre desagradável encontrar com um grupo bêbado nas tais ruelas. Eu não tenho preconceito nenhum com alemães, mas a estatística me mostra que as chances do grupo bêbado falar a língua germânica são extremamente altas. Esta é a Praga das lembrancinhas, das inutilidades, dos únicos tchecos ‘amigáveis’ que falam inglês, dos menus em Euro. É a Praga dos concertos caros e ruins, montados especialmente para atrair os turistas que não estão acostumados com o mundo da música erudita. O repertório é constituido totalmente de ‘Golden Hits of Classical Music’, como parte das Quatro Estações de Vivaldi e adágios de Mozart. Então faça o seguinte: visite estes locais, é claro, mas não se prenda a eles e não desperdice o tempo todo de sua viagem por aqui. Existe muito mais a ser visto nesta cidade.

Praga ficou conhecida como a capital sexual da Europa depois da Revolução de 1989, quando os comunistas deixaram o país. Os tchecos tem uma mente liberal e possuem uma grande porcentagem de população atéia ou não religiosa (cerca de 59%). Isto contribuiu muito para a abertura de cassinos e bordéis na cidade e fez desta um dos locais favoritos para as despedidas de solteiro. Tome cuidado então pois muitas vezes o simpático bar de esquina com letreiro "Herna Bar 24h open" pode ser realmente uma porta para o submundo (herna em tcheco significa cassino). Além disto, o centro antigo se transforma durante a noite. Quase todas as lojas, restaurantes e bares fecham cedo por aqui e, após a meia-noite, tem-se quase unicamente o submundo como possibilidade. Existe inclusive um letreiro no Largo do Venceslau (Václavské náměstí), que é o coração de Praga, que sempre me chama atenção. Nele podemos ler ‘Cabaret Carioca’.

Praga também tem locais com alma de Porto Seguro. Não sei se esta referência é compreendida por todos aqui, mas tenho certeza que ao menos os paulistanos da minha idade me entenderão perfeitamente. Porto Seguro é o destino favorito para as viagens de fim de ano de dez entre dez estudantes do colegial. Os motivos? Alcóol barato, libertinagem, distância de casa. Praga é uma das cidades que mais atraem estudantes de intercâmbio em toda a Europa. O relativamente barato custo de vida é um grande atrativo, mas eu ouso dizer que a cerveja barata, os pubs em quantidade absurda e as casas noturnas também em abundância são seus motivos principais. O meu bairro, Žižkov, é um dos locais favoritos deste grupo. Este é o bairro com o maior número de pubs per capita em toda a Europa. Esta face me atrai até certo ponto pois foi bebendo cerveja que eu conheci muita gente interessante e fiz bons amigos de todas as partes do mundo.

Existem também os parques e os locais belos para caminhar. Infelizmente eu ainda não pude aproveitar muito esta face da cidade, já que eu cheguei aqui no meio do outono e este inverno não quer terminar. Mas, de qualquer forma, eu pude ter ao menos um pouco de contato com estes locais. Caminhar pela beira do rio é uma experiência indescritível e visitar o Castelo de Praga (Pražský hrad) e Vyšehrad (uma fortaleza medieval ao sul da cidade) são obrigações para todos os viajantes.

Fica então o meu conselho aos turistas: não se limitem aos guias e aos tours organizados. Pegue um mapa e vá se perder pela cidade. Caminhe, caminhe, caminhe, este é o melhor jeito de se conhecer um lugar. Procure se informar sobre os endereços dos lugares que possam te interessar e sobre o que a cidade pode te oferecer neste sentido. Praga é muito mais do que aparenta no primeiro momento.

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Gilberto Agostinho