A decolagem do desenvolvimento econômico e seus impactos ambientais

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Durante milhares de anos o ser humano foi dominado pela natureza e estava sujeito às intempéries do clima e das forças naturais. Porém, o jogo se inverteu após a Revolução Industrial e o início do uso das fontes fósseis de energia em substituição à força humana e animal no processo de produção.

O uso de carvão mineral, petróleo e gás acelerou o crescimento econômico, mas também aumentou a emissão de CO2, com o consequente aumento do aquecimento global. O crescimento econômico elevou o consumo de minerais, de madeiras, de papel e de água. O crescimento da população e da renda per capita aumentou o consumo de peixes, carnes e outros alimentos, tendo um grande impacto no desmatamento, na destruição das fontes de água limpa e na diminuição dos estoques de peixe nos rios, lagos e oceanos.

O crescimento da produção e do consumo significa o uso de mais insumos naturais e o maior descarte de lixo e resíduos na natureza. Uma casa típica hoje em dia possui fogão, geladeira, máquina de lavar roupa, telefone, bicicleta, moto, carro, computador, etc. Quem não tem quer ter. Assim, quanto mais cresce a economia, maior é o impacto negativo sobre o Planeta e a biodiversidade.

Segundo cálculos de Angus Maddison, o PIB mundial cresceu 6,2 vezes entre 1800 e 1950. Neste mesmo período a população mundial cresceu de 1 bilhão de habitantes para 2,5 bilhões de habitantes, aumento de 2,5 vezes em 150 anos. O crescimento da renda per capita foi de 2,5 vezes no período. Foi o maior crescimento econômico e populacional em relação à história anterior da humanidade.

Mas entre 1950 e 2011 o crescimento da economia e da população foi ainda maior, mesmo para um período de tempo menor. Entre 1950 e 2011 o PIB mundial cresceu 10,5 vezes, enquanto a população passou de 2,5 bilhões para 7 bilhões (aumento de 2,8 vezes). O crescimento da renda per capita foi de 3,7 vezes em 61 anos. Nunca o crescimento foi tão grande em tão pouco tempo.

A humanidade pode continuar crescendo desta forma?

Todos os indicadores mostram que não. As atividades antrópicas estão atingindo os limites da Terra e em diversas áreas já superaram em muito a capacidade de recuperação das fontes de recursos do Planeta.

Os positivitas acreditavam que o progresso seria uma estrada que levaria a humanidade ao desenvolvimento infinito das forças produtivas. Porém, hoje em dia, cresce a percepção de que o progresso pode significar aumento do consumo e até do bem-estar humano, mas implica em regresso das condições ambientais. E sem as bases naturais não é possível sustentar os avanços sociais.

O padrão médio da produção e consumo da comunidade internacional já é insustentável. Mas os países ricos querem continuar crescendo e os países pobres querem chegar perto do nível de vida dos países desenvolvidos. Porém, só temos um Planeta para retirar o nosso sustento. Não dá para fazer milagre.

Por tudo isto, seria fundamental que a Rio + 20 chegasse a um acordo para mudar os rumos do modelo de organização econômica excludente e poluidor. Empurrar os problemas “com a barriga” não vai ajudar. Procrastinar não é a solução.  O primeiro passo é reconhecer os problemas para depois agendar as ações necessárias para efetivar um modo de vida humano que seja compatível com a diversidade e a riqueza da vida não-humana que, no passado, reinou soberana na Terra.

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José Eustáquio Diniz Alves