A demografia e o crescimento da classe média brasileira


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O Brasil está passando por um momento favorável em termos demográficos, o que contribui para o aumento do percentual de famílias que atingem níveis de consumo e de qualidade de vida acima da linha de pobreza.

 

Os dados mais recentes do IBGE mostram que, na atual década, houve uma melhora nas condições sociais do país e um crescimento da classe média brasileira. Quatro tendências contribuíram para tal fato:
 
1) Crescimento do emprego em geral e, em especial, do emprego formal;
2) Crescimento da renda do trabalho, da aposentadoria e transferências para pobres;
3) Crescimento do consumo de bens e serviços;
4) Redução das desigualdades de renda em nível pessoal e regional.
 
Não há dúvidas de que as maiores taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) contribuiram para tal desempenho. O Brasil se beneficiou da onda de crescimento da economia internacional ocorrida entre 2003 e 2007 e aproveitou para melhorar suas contas externas e ampliar sua participação no mercado global de bens e serviços. O crescimento das exportações de comodities possibilitou também a apreciação do câmbio, o que fortaleceu o Real e o poder de compra dos brasileiros.
 
Mas existem outros fatores que contribuíram para o crescimento da classe média brasileira e que são pouco considerados nos estudos sociais e econômicos. Tratam-se das condições favoráveis da demografia e da estrutura etária brasileira.
 
O primeiro fator advém da transição demográfica que possibilitou a redução das taxas de mortalidade em geral, da mortalidade infantil em particular, e o aumento da esperança de vida, seguida pela redução das taxas de natalidade e de uma redução do ritmo de crescimento vegetativo. A população cresce menos, vive mais e luta por uma vida melhor.
 
O segundo fator que contribuiu para o crescimento da classe média brasileira foi a redução da razão de dependência demográfica, isto é, existem menos pessoas dependentes, especialmente crianças de 0 a 14 anos, para cada trabalhador em idade produtiva. A menor carga demográfica implica em maior renda per capita por família, maior capacidade de poupança e consumo e maior oferta de mão-de-obra para a economia.
 
O terceiro fator, também derivado da queda das taxas de fecundidade, diz respeito ao aumento das taxas de atividade feminina no mercado de trabalho. Com menos filhos as mulheres podem dar mais atenção ao estudo, ao emprego e às suas carreiras, tendo como compensação maiores salários e rendimentos em retorno à maior experiência e ao maior capital humano aplicado.
 
O quarto fator, decorre das mudanças na estrutura familiar e a redução do número médio de pessoas por domicílio. Cresceu o número de pessoas que moram sozinhas e os arranjos com a presença de casais em que o chefe e o cônjuge trabalham. Segundo dados das PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE) o percentual de arranjos domiciliares com casais de dupla renda passou de 30% em 1996, para 41% em 2006.
 
Os chamados casais DINC – Duplo Ingresso Nenhuma Criança (ou em inglês: Double Income, No Children) passaram de 2,7%, em 1996, para 3,7%, em 2006, no total de domicílios do país e representam um tipo de arranjo familiar que tem maiores níveis de renda e consumo, estando no topo da classe média brasileira.
 

Diversos estudos acadêmicos mostram que a demografia contribuiu para o crescimento da classe média brasileira e para a redução da pobreza no país. Mostram também que existe um dividendo demográfico que ainda não foi totalmente aproveitado e que, potencialmente, ainda tem fôlego para contribuir para a arrancada do desenvolvimento nacional e a melhoria geral das condições de vida do Brasil.

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José Eustáquio Diniz Alves