Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet “… Já vejo as duas, legislativamente,executivamente,a sorte das mulheres resgatando.As amadas-escravas se libertamdo jugo imemorial,perdoam, confraternizam, viram genteigual a nós, no mundo-irmão…”Com estes versos, Carlos Drummond de Andrade saudou as “duas mineirinhas” – Mietta Santiago e Ivone Guimarães – que conquistaram, por sentença judicial, o direito de voto e abalaram os alicerces da Minas tradicional, ainda na década de 1920. A sorte das mineiras e brasileiras começou a mudar no dia 24 de fevereiro de 1932. Elas conquistaram o direito de voto no bojo da luta sufragista e da revolução de 1930, pois tal conquista seria impossível durante a patriarcal e rural República Velha. Na Constituinte de 1891, o voto feminino foi negado sob o argumento de que seria “um estímulo ao fim das famílias”. Contudo, no alvorecer do século XX, novos ventos sopravam da Europa e dos Estados Unidos. O Brasil, que foi o último país a eliminar a escravidão oficial, não poderia ser o último a continuar negando cidadania às “amadas-escravas”. Há 81 anos, as mulheres brasileiras conquistaram o direito de participar do “mundo-irmão”. Porém, foi uma longa luta até se eleger a primeira mulher Presidenta da República. Mesmo assim, o Brasil continua sendo um país com baixíssima participação política feminina nos diversos níveis de representação parlamentar. A sociedade brasileira mudou e houve um contínuo processo de despatriarcalização do país. Mas ainda falta muito para o efetivo empoderamento das mulheres e a plena equidade de gênero. O dia 24 de fevereiro é a data oficial para se lembrar e comemorar a conquista do voto feminino. Neste ano de 2013, a novidade sobre o tema é o lançamento do livro Mulheres nas eleições 2010, que busca ser uma fonte de referência para a análise das desigualdades de gênero na política brasileira. Conforme material de divulgação da 1ª edição, o livro Mulheres nas eleições 2010 reúne artigos de renomadas/os pesquisadoras/es da área de gênero, ciências sociais e ciência política, que fizeram parte do Consórcio Bertha Lutz, vencedor do Edital Público, lançado em 25 de fevereiro de 2010, pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. O trabalho desenvolvido pelo Consórcio Bertha Lutz se transformou em uma experiência pioneira, especialmente porque as eleições gerais de 2010 foram as mais femininas da história do Brasil. Do total de nove candidatos à Presidência da República, as duas mulheres que disputaram as eleições, no primeiro turno, obtiveram 2/3 dos votos (67%). A primeira mulher eleita presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, alcançou 56% dos votos válidos, no segundo turno. Os pesquisadores e o público em geral podem encontrar no livro As mulheres nas eleições 2010 análises referentes às preferências do eleitorado em 2010, sobre as diferenças sociais e de gênero nas intenções de voto, sobre as tendências do conservadorismo político e do tradicionalismo de gênero, abordagens do panorama geral das candidaturas e dos resultados eleitorais nos diversos níveis de representação, assim como estudos das estratégias partidárias e dos mecanismos de financiamento das campanhas e das desigualdades de gênero no acesso aos recursos materiais e imateriais de campanha. Foi analisada também a participação feminina no horário de propaganda gratuito e realizado um monitoramento da mídia jornalistica em relação à cobertura da participação das mulheres nas eleições gerais de 2010. A seguir o sumário do livro: “Mulheres nas eleições 2010” José Eustáquio Diniz AlvesCéli Regina Jardim PintoFátima Jordão(Organizadores) 1. Introdução – As mulheres nas eleições 2010José Eustáquio Diniz Alves, Céli Regina Jardim Pinto e Fátima Jordão ……………………………… 7 EIXO 11.1. Apresentação – Comportamento, percepções e tendências do eleitorado brasileiroMarlise Matos …………………………………………………………………………………………………………… 151.2. Diferenças sociais e de gênero nas intenções de voto para presidente em 2010José Eustáquio Diniz Alves ………………………………………………………………………………………….. 211.3. Dilemas do conservadorismo político e do tradicionalismo de gênero no processoeleitoral de 2010: o eleitorado brasileiro e suas percepçõesMarlise Matos e Marina Brito Pinheiro ………………………………………………………………………….. 471.4. Quem vota em quem: um retrato das intenções de voto nas eleições para presidente em setembro de 2010Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves …………………………………………………………….. 91 EIXO 22.1. Apresentação – Monitoramento das campanhas e candidaturasClara Araújo ……………………………………………………………………………………………………………… 1352.2. A participação política das mulheres nas eleições 2010: panorama geral de candidatos e eleitosFernanda Feitosa ……………………………………………………………………………………………………….. 1392.3. Patrimônio, instrução e ocupação dos candidatos: uma análise das candidaturas de mulheres ehomens nas eleições gerais de 2010 no BrasilBruno Wilhelm Speck e Teresa Sacchet ………………………………………………………………………… 1672.4. As eleições presidenciais de 2010: candidatas mulheres ou mulheres candidatas?Céli Regina Jardim Pinto …………………………………………………………………………………………….. 2072.5. Mulheres candidatas ao Poder Executivo estadual no processo eleitoral de 2010: perspectiva degênero?Maria Beatriz Nader e Lívia de Azevedo Silveira Rangel ………………………………………………….. 2292.6. As mulheres na disputa para o Senado no processo eleitoral de 2010Sonia Wright, Eulália Lima Azevedo e Joselita Santana …………………………………………………… 257 2.7. Cotas e movimentos sociais nas estratégias partidárias de inserção das mulheres na vidaparlamentar: os casos do Rio de Janeiro e Ceará nas eleições 2010 para a Câmara dos DeputadosFabiano Santos, Carolina Almeida de Paula e Joana Seabra ……………………………………………. 2832.8. “Presença” e “ausência” de candidatas: mapeando representações de dirigentes partidáriosIrlys Barreira e Danyelle Nilin Gonçalves ………………………………………………………………………. 3152.9. O “gênero”, os “elegíveis” e os “não-elegíveis”: uma análise das candidaturas para a Câmara Federalem 2010Clara Araújo e Doriam Borges………………………………………………………………………………………. 3372.10. Assimetrias de gênero nas campanhas eleitorais para a Câmara FederalMaria das Dores Campos Machado e Rosanete Steffenon………………………………………………… 3872.11. Dinheiro e sexo na política brasileira: financiamento de campanha e desempenho eleitoral em cargos legislativosTeresa Sacchet e Bruno Speck……………………………………………………………………………………… 4172.12. Participação feminina e dinâmica de campanha no HGPE nas eleições 2010 para a Câmara dosDeputadosKarolyne Romero, Marcus Figueiredo e Clara Araújo………………………………………………………. 453 EIXO 33.1. Apresentação – Monitoramento da mídia jornalísticaJacira Vieira de Melo………………………………………………………………………………………………….. 4773.2. Cobertura sobre mulheres na política nas eleições de 2010: uma oportunidade perdida de aprofundar o debateMarisa Sanematsu e Jacira Vieira de Melo ……………………………………………………………………. 479 O livro completo está disponível para acesso copyleft no site da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e na Universidade Livre Feminista: ALVES, JED, PINTO, CRJ, JORDÃO, F. (orgs). Mulheres nas eleições 2010. ABCP/SPM, SP, 2012, 520 p.http://www.cienciapolitica.org.br/http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=99995116:livro-as-mulheres-nas-eleicoes-2010&catid=104:politica-geral&Itemid=489http://www.bibliotecafeminista.org.br/index.php?option=com_remository&Itemid=53&func=fileinfo&id=508