Futebol: o ópio do povo na sociedade do espetáculo

No Brasil o futebol já foi uma brincadeira ingênua e democrática.  Fui acostumado a jogar futebol desde muito cedo. Aprendi a gostar do esporte e joguei muitas “peladas” na minha vida. Já me diverti muito e já esqueci todos os problemas do mundo correndo atrás de uma bola em campos gramados ou no futebol de salão. Mas hoje, depois de problemas no joelho, não jogo mais e, talvez por isto, vou refletir sobre a antiga afirmação de que “o futebol se tornou o ópio do povo”.
Na verdade, é mais do que isto. No Brasil, o futebol depois da vitória na copa de 1958, como já disse Nelson Rodrigues, ajudou “os tupiniquins” a vencer o “complexo de vira-lata”. Todo brasileiro se orgulha de ter o melhor futebol do mundo. Nossos jogadores são conhecidos e respeitados em todo o planeta. Em pelo menos uma coisa nós, brasileiros, para o orgulho nacional, somos reconhecidamente bons.
A derrota um tanto quanto humilhante do time do Santos, de Neymar e Ganso, para o Barcelona do argentino/catalão Messi, foi provavelmente um apagão momentâneo. Afinal, o Brasil tem o único time nacional pentacampeão do mundo (isto quando se trata de futebol masculino). Além disto, o Brasil consegue exportar jogadores e trazer divisas estrangeiras que ajudam a fechar as contas cambiais do país.
Portanto, o futebol não pode ser considerado mais uma brincadeira democrática e um jogo inocente que reúne crianças saudáveis e felizes em uma confroternização esportiva despretensiosa e sem fins lucrativos. O futebol se tornou um dos elementos-chave da sociedade do espetáculo, sendo um dos eventos de maior audiência do mundo.
Estou usando o conceito de “sociedade do espetáculo” com base no francês Guy Debord (1931-1994) e sua crítica radical ao processo que transforma todo e qualquer tipo de imagem e induz o ser humano à passividade e à aceitação dos valores preestabelecidos pela sociedade de consumo, tornando mais fácil vivificar os fatos no reino das imagens do que no plano da própria realidade: “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação”.
A sociedade do espetáculo manipula tão bem as imagens que se torna ela própria uma realidade, mesmo que virtual para a maioria das pessoas, que passam a viver num mundo movido pelas aparências e pelo consumo permanente de fatos, notícias, produtos e mercadorias.
As grandes multinacionais da cerveja há muito descobriram o bons lucros derivados dos investimentos no futebol. Com propagandas, geralmente sexistas, contratam os principais técnicos e jogadores para defender “as cores” da cerveja de ocasião e promovem o culto da “cerveja, churasco e futebol”, que as estatísticas mostram ser uma combinação extremamente danosa para o meio ambiente, assim como para o aumento das taxas de mortalidade masculina (quer seja por homicídios ou acidentes de trânsito).
A ideía de que o futebol promove a ascensão social ascendente só é realidade para o futebol masculino e para uma fração minúscula dos meninos que se envolvem profissionalmente com o esporte espetáculo. A maioria dos rapazes e suas famílias ficam apenas no sonho do enriquecimento e da fama. Outros até chegam perto, mas alguns acabam em tragédia, como no caso do ex-goleiro Bruno do Flamengo.
Aliás, “sexo, droga e rock and roll”, ops, “sexo, droga, cerveja, samba e pagode” é o que move as vitórias e as derrotas dos times. Bebemora-se nas vitórias e nas derrotas. Muitas garotas foram transformadas em “Marias chuteiras” e inúmeros adolescentes passam pelo rito da pedofilia nas mãos dos dirigentes e “autoridades”. Recentemente o ex-jogador Neto teve a coragem de reconhecer publicamente: “Muita gente usa o poder como diretor, como técnico, como outras coisas, para usufruir de  benefício sexual com os meninos” (das categorias de base ou dos filiados às torcidas organizadas).
Portanto, não é de se estranhar a declaração do sociólogo Immanuel Wallertein de que “o futebol é o ópio do povo”. Fora e dentro de campo os símbolos proliferam. O cabelo do crack do time, as camisas oficiais (com suas propagandas incorporadas), a fidelidade a um time acima de outras fidelidades éticas, etc. tornam o futebol um instrumento de diversão, manipulação e auto-engano das massas. Ao invés de promover o amadurecimento dos jovens, provoca a infantilização dos adultos.
O espetáculo da Copa do Mundo de 2014 já começou há tempos. Estão incluídos no espetáculo cada estádio com suas obras atrasadas, cada bilhete de meia-entrada, a disputa pela permissão de vender bebidas alcoólicas, os direitos de imagem, cada desvio de verba, etc. No Brasil, sede da Copa de 2014, o espetáculo vai ser discutido nos mínimos detalhes. Depois teremos a Copa de 2018, pois o espetáculo não pode parar.
No Brasil o futebol já foi uma brincadeira ingênua e democrática.  Fui acostumado a jogar futebol desde muito cedo. Aprendi a gostar do esporte e joguei muitas “peladas” na minha vida. Já me diverti muito e já esqueci todos os problemas do mundo correndo atrás de uma bola em campos gramados ou no futebol de salão. Mas hoje, depois de problemas no joelho, não jogo mais e, talvez por isto, vou refletir sobre a antiga afirmação de que “o futebol se tornou o ópio do povo”.
Na verdade, é mais do que isto. No Brasil, o futebol depois da vitória na copa de 1958, como já disse Nelson Rodrigues, ajudou “os tupiniquins” a vencer o “complexo de vira-lata”. Todo brasileiro se orgulha de ter o melhor futebol do mundo. Nossos jogadores são conhecidos e respeitados em todo o planeta. Em pelo menos uma coisa nós, brasileiros, para o orgulho nacional, somos reconhecidamente bons.
A derrota um tanto quanto humilhante do time do Santos, de Neymar e Ganso, para o Barcelona do argentino/catalão Messi, foi provavelmente um apagão momentâneo. Afinal, o Brasil tem o único time nacional pentacampeão do mundo (isto quando se trata de futebol masculino). Além disto, o Brasil consegue exportar jogadores e trazer divisas estrangeiras que ajudam a fechar as contas cambiais do país.
Portanto, o futebol não pode ser considerado mais uma brincadeira democrática e um jogo inocente que reúne crianças saudáveis e felizes em uma confroternização esportiva despretensiosa e sem fins lucrativos. O futebol se tornou um dos elementos-chave da sociedade do espetáculo, sendo um dos eventos de maior audiência do mundo.
Estou usando o conceito de “sociedade do espetáculo” com base no francês Guy Debord (1931-1994) e sua crítica radical ao processo que transforma todo e qualquer tipo de imagem e induz o ser humano à passividade e à aceitação dos valores preestabelecidos pela sociedade de consumo, tornando mais fácil vivificar os fatos no reino das imagens do que no plano da própria realidade: “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação”.
A sociedade do espetáculo manipula tão bem as imagens que se torna ela própria uma realidade, mesmo que virtual para a maioria das pessoas, que passam a viver num mundo movido pelas aparências e pelo consumo permanente de fatos, notícias, produtos e mercadorias.
As grandes multinacionais da cerveja há muito descobriram o bons lucros derivados dos investimentos no futebol. Com propagandas, geralmente sexistas, contratam os principais técnicos e jogadores para defender “as cores” da cerveja de ocasião e promovem o culto da “cerveja, churasco e futebol”, que as estatísticas mostram ser uma combinação extremamente danosa para o meio ambiente, assim como para o aumento das taxas de mortalidade masculina (quer seja por homicídios ou acidentes de trânsito).
A ideía de que o futebol promove a ascensão social ascendente só é realidade para o futebol masculino e para uma fração minúscula dos meninos que se envolvem profissionalmente com o esporte espetáculo. A maioria dos rapazes e suas famílias ficam apenas no sonho do enriquecimento e da fama. Outros até chegam perto, mas alguns acabam em tragédia, como no caso do ex-goleiro Bruno do Flamengo.
Aliás, “sexo, droga e rock and roll”, ops, “sexo, droga, cerveja, samba e pagode” é o que move as vitórias e as derrotas dos times. Bebemora-se nas vitórias e nas derrotas. Muitas garotas foram transformadas em “Marias chuteiras” e inúmeros adolescentes passam pelo rito da pedofilia nas mãos dos dirigentes e “autoridades”. Recentemente o ex-jogador Neto teve a coragem de reconhecer publicamente: “Muita gente usa o poder como diretor, como técnico, como outras coisas, para usufruir de  benefício sexual com os meninos” (das categorias de base ou dos filiados às torcidas organizadas).
Portanto, não é de se estranhar a declaração do sociólogo Immanuel Wallertein de que “o futebol é o ópio do povo”. Fora e dentro de campo os símbolos proliferam. O cabelo do crack do time, as camisas oficiais (com suas propagandas incorporadas), a fidelidade a um time acima de outras fidelidades éticas, etc. tornam o futebol um instrumento de diversão, manipulação e auto-engano das massas. Ao invés de promover o amadurecimento dos jovens, provoca a infantilização dos adultos.
O espetáculo da Copa do Mundo de 2014 já começou há tempos. Estão incluídos no espetáculo cada estádio com suas obras atrasadas, cada bilhete de meia-entrada, a disputa pela permissão de vender bebidas alcoólicas, os direitos de imagem, cada desvio de verba, etc. No Brasil, sede da Copa de 2014, o espetáculo vai ser discutido nos mínimos detalhes. Depois teremos a Copa de 2018, pois o espetáculo não pode parar.
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José Eustáquio Diniz Alves