Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet Os gabinetes paritários (metade homem – metade mulher) estão sendo adotados em diversos países do mundo como forma de garantir equidade de gênero nos espaços de poder. Na Finlândia, Noruega e Suíça as mulheres são maioria no primeiro escalão do governo. Michelle Bachelet, José Luis Rodríguez Zapatero e Evo Morales são exemplos de dirigentes que adotaram a fórmula do “gabinete paritário” no Chile, na Espanha e na Bolívia. Dilma Rousseff não chegou a falar em gabinete paritário, mas falou em compor seu ministério com 30% de mulheres. Tentou, mas não conseguiu. Os partidos aliados não indicaram nomes femininos para suas cotas ministeriais. O resultado foi um ministério de 37 lugares, com apenas nove mulheres, o que representa 24% do total. Mesmo assim, o ministério Dilma bateu todos os recordes femininos da história do Brasil. Como ficou a distribuição de gênero nos secretariados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, as três maiores Unidades da Federação? O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), definiu sua equipe de primeiro escalão, no início de 2011, com 26 secretários, sendo apenas 2 mulheres, o que representa 7,7% do total. Além disto as duas mulheres Linamara Rizzo Battistella e Eloisa de Souza Arruda foram designadas para duas secretarias sem grande prestígio político e verbas, respectivamente, secretarias dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Justiça e Defesa da Cidadania. Isto que dizer que no maior Estado do Brasil, que segundo o censo 2010, indicou existir 20.071.766 homens e 21.180.394 mulheres, coube ao sexo feminino menos de 10% do secretariado. Isto mostra que o PSDB paulista não está fazendo a sua parte no combate às desigualdades de gênero na política. No Rio de Janeiro (7.626.920 homens e 8.366.663 mulheres), o governador Sérgio Cabral (PMDB) seguiu o exemplo do colega paulista e nomeou apenas duas mulheres para um secretariado de 21 membros. Foram Adriana Rattes, para a Secretaria de Estado de Cultura e Márcia Lins para a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer. Portanto, duas mulheres ocupando menos de 10% dos espaços do primeiro escalão e em duas secretarias sem os atrativos que os políticos tanto gostam. Em Minas Gerais (9.640.695 homens e 9.954.614 mulheres), o governador Antônio Anastásia (PSDB) mostrou maior sensibilidade às questões de gênero e nomeou cinco mulheres: Eliane Parreiras, na Cultura, Dorothea Werneck, no Desenvolvimento Econômico, Ana Lúcia Gazzola na Educação, Renata Vilhena no Planejamento e Gestão e Maria Coeli Simões na Casa Civil e Relações Institucionais. No total, as mulheres ficaram com 23% do primeiro escalão. Foi a melhor situação entre os três Estados e mostra uma vontade do PSDB de Minas em inovar na área de gênero, embora ainda esteja distante do gabinete paritário. Em 2012, o Brasil vai comemorar 80 anos do direito de voto feminino. As eleições municipais podem ser uma chance para as mulheres conquistarem mais espaço na política. Porém, o quadro de apoio dos partidos é muito pequeno e será difícil as mulheres avançarem na conquista dos espaços de poder se não houver uma mudança da cultura misógina por parte das estruturas partidárias que ainda pensam e agem com a velha mentalidade patriarcal.