Os bons ventos da energia eólica

Na mitologia grega, Éolo era o deus dos ventos e seu poder derivava do uso da sua força, denominada, eólica. Mas a energia das brisas só começou a ser usada amplamente, pelo ser humano, para impulsionar os barcos à vela, para a moagem de cereais e para o bombeamento de água pelos moinhos de vento, que foram utilizados por cerca de mil anos até serem substituídos por motores elétricos mais eficientes.  

Atualmente a força dos ventos volta a ser utilizada com mais intensamente e com maior impacto. A força eólica é uma fonte limpa e inesgotável de energia e não produz emissões de gazes de efeito estufa. Com os avanços da aerodinâmica e outras inovações tecnológicas, foram criados os aerogeradores que são mecanismos que tem a função de converter energia eólica em energia elétrica. Um aerogeador de um megawatt (1 MW) trabalhando por um ano pode, por exemplo, substituir a emissão de mais de 1.500 toneladas de dióxido de carbono.

O potencial do uso da energia eólica é imenso e o mundo poderia trocar a era do petróleo pela era dos ventos como novo dínamo da economia e da sociedade. Para citar um caso: uma equipe de pesquisadores das universidades de Harvard (EUA) e Tsinghua (China), concluíram que todas as demandas de eletricidade da China, previstas para o ano de 2030, poderiam ser supridas utilizando unicamente a energia dos ventos. No gigante asiático, o crescimento recente tem sido exponencial já que a capacidade instalada de energia eólica chinesa que era de 764 mil quilowatts no final de 2004 deve atingir 20 milhões de quilowatts em 2009. Uma lei aprovada recentemente obriga as empresas prestadoras de serviços públicos da China a comprar toda a energia produzida em parques de geração eólicos e por outras fontes renováveis.

No Brasil, o Atlas do Potencial Eólico estimou um potencial disponível de energia eólica da ordem de 143 GW no país. Os locais mais favoráveis para a exploração da energia eólica estão no Nordeste (especialmente Ceará e Rio Grande do Norte) e na região Sul. Porém, o índice de aproveitamento eólico na matriz energética brasileira não chega a 1%.

Em meados de dezembro de 2009, aconteceu o primeiro leilão de energia eólica no Brasil com a negociação para a construção e operação de 71 empreendimentos, com uma capacidade somada de 1.805,7 megawatts (MW). Os  projetos abrigarão um total de 773 aerogeradores que poderão entrar em operação em 1º de julho de 2012 e terão um prazo de concessão de 20 anos. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), organismo encarregado de realizar o leilão, calculou que, nos primeiros 20 anos, a soma destes parques de geração de energia eólica vão produzir 132.015 gigawatts por hora (GWh), 1,4% a mais do que é gerado em um ano pela usina hidroelétrica de Itaipu.

O Estado de Sergipe, por exemplo, estará produzindo, até 2011, energia eólica suficiente para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes. O parque de aerogeradores será construído no município de Barra dos Coqueiros e terá 15 torres de 145 metros com capacidade para produzir cerca de 30 Megawatt (MW) e a estimativa de criação de 200 empregos diretos.
Mesmo com os últimos avanços, a capacidade instalada brasileira é muito pequena comparada à dos países líderes em geração eólica, pois Alemanha, Espanha e Noruega utilizam por volta de 10% do total da energia produzida. A Dinamarca hoje é um dos lideres mundiais no uso de energia eólica, mitigando as emissões de CO2, gerando empregos verdes e contribuindo para aumento das suas exportações de tecnologia nesta área.

O Brasil está engatinhando no uso da energia eólica. Porém os primeiros passos tem sido dados, mesmo que timidamente. Existem oportunidades imensas a serem aproveitadas, sendo que o Brasil pode utilizar a força dos ventos para impulsionar sua economia nacional e local, gerar empregos limpos e garantir o desenvolvimento humano e sustentável.

Referências:
Atlas do Potencial Eólico Brasileiro
http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/atlas_eolico_brasil/atlas.htm
Leilão de energia eólica tem deságio médio de 21,5%
http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI4157235-EI8177,00.html
Energia eólica sozinha pode suprir todas as necessidades da China
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=energia-eolica-sozinha-suprir-necessidades-china&id

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José Eustáquio Diniz Alves