Livros e Outros Rascunhos

– Finalmente tive uma idéia para meu primeiro livro.

– Que seria?

– Escrever um livro sobre o que meus leitores acharam do meu livro anterior.

– Mas esse não seria seu primeiro livro?

– Sim.

– E como você faria para ter opiniões dos leitores sobre algo que não existe?

-Aí é que está a grande sacada. Eu poderia inventar as cartas, os emails, os comentários e…

– Finalmente tive uma idéia para meu primeiro livro.

– Que seria?

– Escrever um livro sobre o que meus leitores acharam do meu livro anterior.

– Mas esse não seria seu primeiro livro?

– Sim.

– E como você faria para ter opiniões dos leitores sobre algo que não existe?

-Aí é que está a grande sacada. Eu poderia inventar as cartas, os emails, os comentários e qualquer outra mensagem dos leitores. 

– Mas para isso você teria que pensar em um livro, não? Ou você iria inventar cartas de opiniões de seus leitores a partir de assunto algum?

– Eu estava pensando em inventar as cartas diretamente. Escrever um livro daria muito trabalho.

– Dois, no caso.

– Como?

– Ué, você escreveria um livro, que não seria publicado. Em cima dele, você escreveria as opiniões dos leitores. Então, depois disso, você criaria seu segundo livro, em cima destas opiniões fictícias. 

– Nossa, é mesmo. Que trabalheira. Só de pensar já tô suando. Vou abandonar essa história de livro. Desde já, começarei a pensar em algum argumento para histórias em quadrinhos. Personagens, uma turma, algo assim.

– Que tal uma história de uma turma de bairro, com uma menina dentuça e forte, um garoto que troca o érre pelo éle e é meio careca, um garoto que não toma banho e uma menina que vive com fome.

– Maconheira a menina?

– Não, não. Tá em fase de crescimento.

– Rapaz… você já tinha pensado nisso ou foi de chofre? Bom, de qualquer forma, não sei não… eu estava pensando em algo para o público infantil e esses personagens aí parecem muito complexos e densos para fazerem sucesso.

– Eu simplesmente descrevi a Turma da Mônica, seu asno. Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali.

– É? 

– Sim.

– O Cebolinha não tomava banho?

– No caso, o Cascão não tomava banho.

– É mesmo?

– Sim.

– Rapaz… 

– Você nunca leu a Turma da Mônica?

– Bom, minha mãe sempre comprava os quadrinhos da Disney para mim. E a Turma da Mônica eu só lia na sala de aula.

– Sala de aula?

– É. Do curso de leitora dinâmica que fiz quando criança.

– Era bom, hein, esse curso. Você não entendeu nem a Turma da Mônica. Durou quanto tempo?

– Seis meses.

– Só?

– É, foi o suficiente para ler 5 anos de Almanacão de Férias da Turma da Mônica, todas as revistas da Mônica, do Cebolinha, do Cascão e do Chico-Capim.

– Chico Bento, você quer dizer.

– Não, não. Chico Capim mesmo. Era um menino caipira que lá pelas tantas virava um índio e depois sei lá como desvirava e voltava a ser um menino caipira.

– Acho que você tá misturando o Chico Bento e o Papa-Capim. 

– Quem?

– Deixa para lá. 

Leia no blog de origem: Dois vezes Um

About the author

Rafael Reinehr

Rafael Reinehr é um autodidata eclético. Saiba mais sobre ele em http://reinehr.org/quem-sou