Aldi, claro!

AldiAo fazer compras pela primeira vez num supermercado na Alemanha me surpreendi duas vezes: O caixa que não tinha scaner a laser e a vendedora digitava os preços de cabeça sem errar…

 

Aldi claro

Famoso pelas seus imbatíveis preços o mais conhecido supermercado da Alemanha, Aldi de “Albrecht” e”Discont”, revolucionou a maneira de comprar dos consumidores alemães e virou “Cult”. No seu amplo estacionamento ha carrinhos e carrões indicando que quem compra la não são somente aqueles em que sobra mês no sálário, mas também gente que tem dinheiro.

Lá pelos idos de 1913 o supermecado não tinha mais que 35 m2 e pertencia a mãe de Karl e Theo Albrecht que após a guerra assumiram tomar conta do negócio e trataram de expandi-lo. A vida privada da família é ainda quase segredo e hoje vivem totalmente fora dos jornais e jet-sets e avessos à imprensa. Quando é publicada a lista no Forbes dos homens mais ricos, os jornalistas teem que buscar nos arquivos as mesmas 3 a 4 fotos feitas nos anos 70. Sabe-se que o pai de Karl e Theo ganhava o sustento trabalhando numa mina até ficar doente indo trabalhar numa fábrica de pão; a mãe então abriu um pequeno negócio para sustentar a família. Dos irmãos Albrecht,Theo é conhecido como o mais econômico. Sabe-se nasceu em 1922 em Essen.

Enquanto Karl, nascido em 1920, aquiriu formação profissional de gerência e trabalhando numa pequena loja de delicatessen em Essen, Theo ajudava a mãe nos negócios. Na segunda guerra os dois foram obrigados irem para o front. Karl foi ferido e Theo foi servir na África e Itália e no final da guerra caiu prisioneiro dos americanos.

Fim da guerra e começo dos negócios

Em 1950 ja eram 13 pequenas lojas de alimentos e a palavra de ordem era economizar, economizar em tudo que causasse gastos extras como decoração, propaganda, produtos de marca, aluguel de lojas muito grandes e caras. Não é à toa que as filiais do Aldi ainda hoje são pequenas. Também não vendiam produtos que precisavam serem mantidos resfriados, para economizarem energia e preferiam os enlatados.A estratégia deu tanto certo que em 1960 subiram para 300 lojas e um lucro de 90 milhões de marcos!

Aprendendo a economizar com os ricos

Nas histórias da vida privada dos Albrechts se ouvia que ele, Theo, ao entrar numa sala apagava as luzes antes para testar se eventualmente era mesmo necessária a iluminação. Numa de suas ações para provar que todos poderiam ser econômicos, pediu para o gerente de uma filial tentar escrever com as 4 canetas que ele (o gerente) tinha pedido para o escritório… Naturalmente o sucesso do Aldi não foi somente possível por ter um chefe econômico, mas de uma competente estrutura organizacional de compra e distribuição dos produtos e a preços imbatíveis. Eles também eram conhecidos pela dureza com que negociam preços com os seus fornecedores. Hoje o Aldi possui 4.000 filiais em toda a Alemanha, divididas em Aldi Norte e Aldi Sul, numa separação amigável dos irmãos nos anos 60.

O senhor é Theo Albrecht?

Foi com essa pergunta que os sequestradores abordaram Theo Albrecht em 1971, quando o sequestraram. Eles exigiram que Theo mostrasse a sua carteira de identidade para se certificarem que era mesmo de fato “o milionário” que estavam seqüestrando, devido a aparência insuspeita e seu terno surrado. Ficou 17 dias ficou em poder dos seqüestradores e foi solto pagando um resgate de 7 milhões de marcos. Conhecido avaro que era, entrou com um processo anos depois na receita federal para receber restituição imposto de renda relativa ao resgate alegando prejuizos financeiros com o seqüestro.

Até os anos 80 Aldi era sinônimo de supermecado dos pobres e passou tempo até sua imagem de fosse polida e os consumidores perdessem a vergonha indo fazer suas compras lá.

Todos os detalhes que poupam tempo e trabalho e dinheiro são minuciosamente analisados como por exemplo o atual código de barras esta impresso em volta dos produtos, sem que os caixas necessitem virar as mercadorias para serem lidas no scaner a laser, estes últimos implantados somente a poucos anos, pois os Albrechts não gastaram na compra de computadores e as vendedoras tinham que digitar os preços de cabeça. Economizaram em tudo mesmo, uau! As filiais são espartanas até hoje e não ha mais que 3 caixas revezando na organização produtos nas pratelerias. Somente em 2005 pudemos pagar nossas compras com cartão, antes era somente em dinheiro vivo.


Foto: Solange Ayres
Construção da nova filial do Aldi-Süd em Vettweiß
Na placa leia-se: Aqui mais uma nova filial do Aldi.

Mas sua expansão não só se restringiu a Alemanha. O Aldi tem filiais na Suica, Áustria, Belgica, Holanda, Luxamburgo, Espanha, Portugal e Dinamarca, Grécia e agora além mares, Eua e Austrália. É tão conhecido que virou palavra: “Aldizierung” cunhada na Suiça e escolhida como a Palavra do Ano de 2005. Por definição a “audização” seria sinônimo da luta ferrenha pelos melhores preços para atrair o maior número de clientes nas famosas ofertas.

Qualidade e os precinhos, ó!…

O Aldi é basicamente supermercado de alimentos e nos últimos anos tem vendido “produtos sazonais” não alimentícios, como roupas de esquiar, tênis de corrida, equipamentos eletrônicos, maquinas de lavar, ferramentas, material de camping, cartão de telefone e até pacotes de viagens, que esgotam no primeiro dia.

Ah, as ofertas! Nas terças e quintas são os dias das ofertas, bem dizendo o dia da guerra de cotovelos. Para chegar a “pegar” alguma coisa em oferta la temos que usar os cotovelos, senão não chegamos nem perto da banca. Se é dia de oferta de roupa de criança, esqueça. Mães enlouquecidas no empurra-empurra quase se atracam para agarrar uma peça. Dependendo das ofertas, temos que deixar mesmo as compras para o outro dia tamanha é a fila.

Não vou falar das ofertas de eletrodomésticos e… computadores. Um amigo meu, não vou citar o nome pois ele pode estar lendo uma hora dessas o OPS, disse que passou por cima de mulheres, velhos e crianças para conseguir pegar o penúltimo computador na oferta.

Essa história pode-se confirmar lendo outra: Deu no jornal que um cliente em Rielasingen-Worbligen armado ameaçou outro cliente para entregar o computador que tinha pego primeiro na oferta colocando a polícia de prontidão. Depois foram descobrir que a pistola era de plástico.

O Aldi vende de tudo e TUDO, mesmo.

Os fornecedores? Esses acharam a mina de ouro e com certeza estão podres de ricos assim como os irmãos Albrecht.

Quem concorre com o Aldi em preço sai perdendo. A guerra é tão ferrenha que a concorrência baixou os preços dos produtos semelhantes existentes em seus sortimentos aos níveis do Aldi.

Mas como nos negócios ninguém dorme nos últimos anos outras redes de supermercados tentaram copiar o seu sistema estrutural e organizacional, como o Lidl, Plus e até drogarias com algum sucesso.

Quem não procura, acha.

Quando vamos as compras não precisamos procurar muito nem ficar naquela dúvida escolhendo este ou aquele produto, até porque os artigos não passam de 700 no sortimento. A anos o Aldi tem os mesmos produtos nos mesmos lugares. Ao entrar la não precisamos procurar eternamente um artigo, que de propósito nos outros supermercados são constatemente mudados de lugar para que a gente procure, procure e acabemos por comprar outro que não necessariamente precisamos. La vamos direto até as prateleiras e num instantinho as compras são feitas. Acreditem, isso poupa tempo e os nervos ainda mais para aqueles que tem que trabalhar.

Na metade dos anos 90 as manchetes os temas como sistema de saúde, aposentadoria, desemprego, perda real do poder aquisitivo começaram a preocupar a população. Mais do que nunca houve necessidade se atentar para os preços dos produtos e os supermercados de desconto, Audi e cia prosperaram ainda mais, quebrando 41% dos pequenos negócios.

O Aldi escreveu história na Alemanha e esta por toda a parte em pequenas e grandes cidades. Seus fundadores ja se aposentaram e não estão mais à frente dos negócios, que continua pertencendo à família dos Albrecht.
Em finais de 2006 um instituto de pesquisa apurou que quase toda família alemã passa pelo menos uma vez por semana com os carrinhos de compra em frente suas prateleiras. Nada mau. Vida longa para o Aldi.

Fotos: Da introdução: Solange Ayres – Aldi Kreuzau, Vetweiß, comarca de Düren, Alemanha

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Solange Ayres