Mauricius: Uma viagem em busca do pássaro Dodo


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Quando resolvemos passar as nossas férias em Maurícius, fomos conquistados pela propaganda turística “O paraíso no oceano Índico” e então nos pusemos a caminho…

As minhas férias em Maurícius

 

 

 

A procura do pássaro Dodô

 

Na tentativa de encontrar o caminho das Índias Orientais o português Pedro Mascarenhas descobre a ilha no ano de 1505, mais tarde denominada de Maurícius. Antes dos europeus os árabes já tinham passado por lá no século X. Então seguiram os Holandeses em 1598-1712 os franceses em 1715-1810 e por último 1814 os ingleses. Finalmente em 1968 se torna república, ufa! Nesses 4 séculos de ocupação européia só o mar azul-turquesa ficou para contar a história. O resto a gente já conhece: A densa mata nativa foi derrubada para dar lugar a plantação de cana de açúcar e em 1850 não restava mais árvore em pé. Interessantemente Mauricius foi o primeiro a abolir a escravidão, e como faltou mão de obra para a agricultura, foram buscar na Índia e China, resultando daí uma cultura bastante, digamos, exótica. Hoje convivem em Maurícius todas as religiões, muçulmanos, cristãos, hindus, budistas falando a língua “creole”, que tem origem na língua francesa. Mas Marícius ficou mais conhecida por viver a primeira grande tragédia ecológica: a extinção do pássaro Dodô. Somente no final do século 17 é que foram descobrir que Dodô não existia mais, mais aí já era tarde. Quando resolvemos passar as nossas férias em Maurícius, fomos conquistados pela propaganda turística “O paraíso no oceano Índico” e então nos pusemos a caminho. Pena, assim como o pássaro Dodô o paraíso também não existiria mais.

 

Foto: Praia de Ponte de Esry, Maurícius

 

As montanhas do lado sul da ilha

 

 

Foto: Mauricius ao sul

 

Não tente…

 

 

visitar em Mauricius uma daquelas fábricas de roupas. Eles tentarão vender até a alma da mãe. Levados pelo nosso contratado motorista de táxi até uma dessas lojas tipo “exportação”, fomos olhar a mercadoria, rara, “Made em Italy”. Ué, não estávamos em Mauricius? Pirataria pura. Tem tudo quanto é marca, Dior, Armani “autênticos”. O pior, se você coloca a mão para ver os modelos ta perdido, chega em cima 5, digo, 5 vendedoras tentando argumentar que o pulôver lhe cai muito bem. Não invente que não gosta da cor. Imediatamente chegam as outras 4 vendedoras, cada uma com um pulôver de cor diferente para você experimentar. E os preços? Que preços? Não tem preço em lugar nenhum e depende da cara do freguês. O melhor foi numa loja de tapetes, rara, eu hein, o vendedor desceu todos os tapetes e viu que a estratégia não tava dando certo foi fechando a porta para a gente não escapar e serviu um chazinho, rarara!! Ó, eu dei no pé.

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Foto: Mulheres de origem Tamil indo as compras no mercado de Maheborg, Mauricius. (Mas também poderiam ser ciganas as compras no Mercado Central de Beagá, não parece?)

 

Raphus cucullatus

 

 

 

Este é o nome cientifico do pássaro Dodô. No Museu Natural de Mauricius estão os “restos mortais” do que sobrou da orgia degustativa, uma das “causa mortis” dos Dodôs. Dodô não tinha inimigos naturais até que chegaram os europeus. Os famintos navegantes não só comeram os Dodôs como também os seus ovos. Mas não somente a caça indiscriminada foi a causa de sua extinção. Fatores como a perda do seu habitat natural para a plantação de cana de açúcar e a competição de espécies estranhas à fauna da ilha, como os ratos e porcos selvagens trazidos pelos navegantes aceleraram o seu desaparecimento. Sua capacidade de reprodução era lenta, colocava somente um ovo por ano, como os pingüins e pelicanos. Já no final do século 17 este raro pássaro já havia sido extinto. Pelo que se chamam na biologia “isolamento geográfico” levou os Dodôs a perderam a capacidade de voar. Eram animais lentos e pesados, 20 a 23 quilos e somente no pequeno arquipélago viviam os Dodôs. Foi a primeira tragédia ecológica da história.

 

Foto: Foto feita escondida do pé do esqueleto do Dodô no Museu Natural em Port Louis, Mauricius.

 

Nadando no paraíso

 

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Foi na Blue Bay que o descontraído professor ensinava a um grupo de mulheres a nadar. Reparem as roupas de banho, rara, de corpo inteiro. Tanga aqui não esta na moda e é totalmente “out”, o máximo é um maiô tipo da vovó. A moda mesmo é ceroula de corpo inteiro a 30 graus, pode? Outras terras outros costumes.

 

Foto: Blue Bay, Maurícius.

 

Não leram o aviso

 

 

Aviso aos visitantes do paraíso:

Não tire nada

a não ser fotos

não deixe nada

a não ser impressões dos pés descalços na areia.

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Mas parece que os portugueses junto com os holandeses mais os ingleses e ainda os franceses não leram o aviso, afinal naqueles tempos a máquina fotográfica ainda não havia sido inventada, era costume usar botas de cano alto e sola grossa e o pior de tudo estavam cegos, cegos de ambição.

 

Foto: Praia Point Esry, Mauricius.

 

O guardião do templo

 

 

Por onde se anda em Mauricius a gente vê inúmeros pequenos e grandes templos que são parte da cultura dos tamileses, de origem Hindu. Há também pequenos “oratórios” ao longo das estradas, onde são feitas as oferendas, na maioria flores. O povo Tamil foi trazido para a ilha para trabalhar não tão “voluntariamente” na plantação de cana e cultivo de chá e juntamente, trouxeram seus deuses para a ilha. Os templos são maravilhosamente decorados interiormente e fora. Dentro sentado, olhando meditativamente para o nada, estava lá o guardião do templo.

 

Foto: Templo Hindu, Mauricius

 

Shiva

 

 

 

Peregrinos vestidos de branco provindos de toda a parte da ilha fazem caravanas até o lago considerado sagrado, para prestarem sua homenagem à deusa Shiva. As festividades acontecem em fevereiro e lembra os rituais às margens do rio Ganges na Índia.

 

Foto: Cerimônia Hindu no lago sagrado de Gran Bassin no norte da ilha.

Bouas Cheri

 

 

Um dos pontos turísticos a serem vistos em Mauricius é a fábrica de processamento de chá. Lá acompanha se todo o processo desde a colheita até o beneficiamento final.Depois da visita fomos queimar nossas bocas nas xícaras e experimentar os chas.

 

Foto: Janela do interior da fábrica de chá, Bouas Cheri, interior de Mauricius.

 

Varrendo o paraiso

 

 

Curvados e com umas vassourinhas parecidas com as que a minha avó varria o fogão à lenha, varem os garis de Maurícius, cuidadosamente a calçada da praia em frente a Blue Bay. Em toda a parte, museus, parques, jardins a gente vê gente com uma vassoura na mão. Claro, os turistas, aqueles que acreditaram que o paraíso ainda existe, estão chegando.

 

Foto: Blue Bay, Maurícius

 

De tirar o chapéu

 

 

Na ilha, particularmente a sudoeste encontra-se a maior concentração de tamileses, vindos da Índia. É irresistível não visitar um templo que para os ocidentais, a complexa religião hindu é enigmática. A multiplicidade de cores e imagens de deuses confunde a nossa visão, assim como no barroco rococó. Ah, nosso estilo barroco das igrejas foi aqui a muito superado. Temos que tirar o chapéu para tanta riqueza em detalhes, cores, para tanto trabalho, mas não se esqueçamos também de tirar o… sapato. É que não é permitido entrar calçado nos templos.

 

Foto: Fachada de um templo Hindu a sudoeste da ilha.

 

Saravá!

 

 

 

 

Andando pelo centro de compras para turistas, onde a gente compra aqueles souvenirs, que depois não sabe aonde põe e se encontra um lugar fica ali empoeirando anos a fio para depois aterrissar no lixo, trombei com uma loja chamada “Macumba”. Se fosse na Bahia, oxente, não ia estranhar, mas em Mauricius? Tenham dó. Ao que perguntei para a vendedora sobre o nome “incomum” ela respondeu que o dono da loja era… brasileiro. Rarara! Gentes, então… Sarava!

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Foto: Shopping Center em Port Louis, Mauricius.

 

Alguém viu o garfo?

 

 

Num belo domingo na Blue Bay estávamos lendo à sombra e apreciando a paisagem, quando chega uma família de hindus-tamileses para o piquenique e apointam na mesa do lado. Gentes, o povo foi tirando dos sacos as matulas, panela de comida, refrigerante. Autênticos farofeiros diriam no Brasil, mas que lá é muito natural. Logo entabulei papo e hospitaleiros fomos convidados para o almoço. Consegui livrar o meu marido da parada, dizendo que ele só comia a noite e não estava bem do estômago, mas eu não consegui escapar. Muito gentis me fizeram um peefão daqueles e colocaram por cima uma gorda coxa de frango. Que fazer? Comer. Recebi um garfo e ataquei o arroz com curry. Já com dificuldades de partir a carne, pois estava com o prato na mão e não tinha faca, pensei como iria cortar a carne. Bem, olhei a volta e… só eu estava comendo de garfo, a maioria estava comendo era com a mão mesmo. Rarraaa! Deixei as etiquetas de lado e agarrei o frango pelo osso com a mão, meti uma dentada, enchi a boca de mais arroz e continuei mastigando. Ninguém estranhou. Lá nas Índias Orientais o povo também come sem talher. Outro pais outras etiquetas.

 

Foto: Piquenique da família de tamileses na Blue Bay, Mauricius.

 

Motel em Mauricius?

 

 

Que nada. Se há um lugar onde as famosas, “pegações” acontecem é no jardim botânico e por sinal muuito discretas. Lembra mesmo os velhos tempos de inocência, quando a gente namorava nos jardins. Protegidos pela mata os casaizinhos se escondem por toda parte. Hoje, no Brasil duvido que alguém vá perder tempo se esfregando no mato. Vão direto para os famosos motéis. Gentes, taí não vi motel em Mauricius…

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Foto: Jardim Botânico em Pamplemusses, norte de Mauricius

 

Blue Mauricius

 

 

Acreditem. O selo mais raro e caro do mundo vem de Mauricius. A primeira edição de 1847 mostra a silhueta da rainha Vitória. Por um erro de gráfica o selo continha o escrito “Post Office” ao invés de “Post Paid”. O erro foi descoberto, mas já haviam sido 1000 selos impressos. Em 1993 na Suíça um único exemplar foi vendido a… 1,15 milhões de francos suíços.

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Foto: Porta de entrada do Blue Penny Museu vista de dentro com a silhueta do selo, Port Saint Louis, capital de Mauricius.

 

O paraíso…

 

 

Visto de longe. De perto gentes, bem, as cidades da ilha se assemelham muito ao… subúrbio do Rio de Janeiro falando creole, uma mistura de francês. Não preciso descrever o resto. O interessante mesmo é a costa, com praias lindas e águas azul-turquesa. Mas não vamos entrar em detalhes de questões ambientais. Ao passamos de táxi por uma plantação de tomate não tivemos tempo de fechar a janela do carro e fomos envolvidos numa nuvem de inseticida, cof, cof … Ta limpo, fomos todos desinfetados, rarara! Também não me perguntem onde eles jogam o esgoto, por favor. Essa pergunta eu fiz para muitos e a resposta era que havia “estação de tratamento”. Eu não vi nenhuma e olha que nos rodamos. Então é bom a gente não perguntar mais. A minha mãe dizia que o que os olhos não vêem o coração não sente, rarara! Mauricius é linda, um paraíso.

 

Foto: Vista das formações vulcânicas a sudoeste da ilha.

 

Correndo atrás do progresso

 

 

Tanto no Brasil quanto em Mauricius os escravos deram o seu sangue para adocicar as bocas dos mercados ávidos de açúcar. O trabalho era feito no início por africanos. Ao ser abolida a escravidão ninguém queria mais trabalhar nas plantações de cana e então foram procurar além mares mão de obra em outras paragens. Muitos desses novos trabalhadores então “assalariados” foram para Mauricius vindos do Srilanca e Índia com a promessa de uma nova vida. Literalmente despejados na ilha não tiveram outro destino que os seus antecessores isto é trabalhar e trabalhar agora como escravos livres nas plantações de cana e chá. Hoje Marauricius corre atrás do progresso e continua plantando cana como a três séculos, embora o mercado de açúcar esteja em declínio. O mundo esta sendo adoçado pelo açúcar das Filipinas. Lá os novos escravos são ainda mais baratos.

 

Foto: Caminhão de transporte de cana de açúcar.

 

É fantásticoo!

 

 

 

O que há para se ver em Mauricius esta mesmo debaixo d´água. Belíssimas e raras formações de corais, peixes de todas as cores e tamanhos, podem ser vistos no parque marinho erguido em 2001 e a meu ver tarde demais. As zonas onde atracam os barcos estão limitadas, e dar comida aos peixes é proibido. Por causa do aquecimento global grande parte dos recifes de corais do oceano Índico está ameaçada. Numa seção de mergulho fui observada por um cardume de Barracudas de 1 metro com aquelas bocarras e dentes e… Pequei gentes, não resisti de enfiar o dedo numa daquelas conchas vivas de um metro que a gente só via naquele famigerado programa da Rede Bobo de domingo. Uau! É fastásticooo!

 

Coral na praia da Point Esry, Mauricius

10 dias em Maurícius-Fotos: Solange Ayres

 

 

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Solange Ayres