Este País, Alemanha By Solange Ayres / Share 0 Tweet O que esperam os alemães do novo presidente Barak Obama e o que ele espera da Alemanha? Enquanto o candidato McCain mordia um sanduíche num quiosque, em algum lugar ermo da América, 200 mil pessoas ouviam ao vivo o espetacular discurso do candidato a presidente, o senador democrata, Barack Obama debaixo das asas da deusa Victória, personificação “do vencedor” na mitologia romana, na “Siegessäle” em Berlin. Os berlinenses receberam-no eufóricos, como se fosse “o novo Kennedy”, que em 1963 discursou à frente da Rathhaus Schönenberg, proferindo a famosa frase: “Ich bin ein Berliner”, “Eu sou um berlinense.” Já aquele ator presidente ou presidente ator, Ronald Reagen, durante a guerra fria, em frente ao muro de Berlin, tentou também proferir uma frase de efeito que ficasse na história. Terminou o discurso dizendo:“Mr Gorbatchov open this gatte”, “Senhor Gorbatchov, abra esse portão.” Obama não proferiu frases e sim fez um discurso memorável que já faz parte da história da cidade. Na sua fala clara se posicionou, não como um candidato, mas se apresentou como um cidadão do mundo, preocupado com o clima, o lixo atômico, as diferenças raciais e religiosas. Mas Obama não escolheu Berlim para a sua primeira e única aparição fora da América, durante a campanha eleitoral, por acaso. A possibilidade da presença em massa, de público, daria grande ibope na mídia além de Berlin é bem conhecida dos americanos. Ainda bem, pois é sabido que eles não são lá muito bons em geografia. Obama-esperança Duas guerras, três fronts: Iraque, Afeganistão e uma baita crise econômica esperam por soluções do agora eleito presidente Obama. Para os alemães a grande esperança é que os EUA ratifiquem o protocolo de Kyoto sobre o clima e incentive a energia regenerativa, bem como automóveis mais eficientes que emitam menos gás carbônico. Anualmente um único americano é responsável por 20 toneladas de CO2 lançados na atmosfera. Se os americanos não forem o carro chefe nessa batalha contra o aquecimento global, quem mais poderá ser? Nós aqui estamos cansados, sozinhos, de trocar lâmpadas que consomem menos energia e tomar banho de 5 minutos para economizar gás. Os EUA vão ter que fazer a sua própria revolução verde e repensar seus hábitos de consumo. Obama na Alemanha é a esperança de mudanças. "America can`t do this alone” Nenhum outro país esteve ao lado da Alemanha e ajudou-a em sua reconstrução no pós-guerra, como os EUA. E na guerra do Vietnã, o governo americano esperava mais solidariedade por parte dos alemães. Mac Namara, o ministro do exterior dos EUA -1961 a 1968 – ao ser perguntado pelo então presidente Johnson sobre a participação da Alemanha na guerra do Vietnã respondeu indignado: “Não contribuíram em nada, só mandaram um navio-hospital!”. Assim estava e está a Alemanha: cansada de guerra, aqui qualquer tentativa de engajar a Alemanha para participar em algum conflito militar, fora do país, é motivo de discussões acirradas, tanto no Parlamento, quanto na sociedade. Proposta impopular ou não, Obama quer que a Alemanha ajude os Estados Unidos no combate ao terrorismo no Afeganistão: “America can´t do this alone”, América nao pode realizar isto sozinha palavras ditas no seu discurso em Berlim, referente ao envio de tropas alemãs para combaterem de fato no Afeganistão. Deste março de 2002 a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, tem suas tropas estacionadas no Afeganistão na “Guerra contra o terror”. O contingente total é de 50.700 soldados sendo que 41 nações tomam parte na “Guerra contra o terror”, dentre estes 3.215 são alemães e 30 já morreram em ataques terroristas. Os EUA possuem o maior número: 15.000 soldados, seguidos da Inglaterra: 7.800 soldados e a Alemanha tem o terceiro maior contingente. A cada soldado morto, a cada caixão que chega acirra-se a discussão do envio de mais tropas alemãs ao Afeganistão. Tropas de proteção ou tropas de combate? Enquanto no norte as tropas alemãs fazem o trabalho “humanitário” tido como “mais tranqüilo”, no sul se trava “uma verdadeira batalha a batalha sanguinolenta.” As tropas alemãs da Otan estão estacionadas na região norte do Afeganistão e na capital Kabul, são responsáveis pela reconstrução de escolas, pontes, e de recrutar soldados para as forças de segurança internas cujo orçamento, calculado os até 13 de dezembro de 2009. Custará aos cofres da Alemanha 688,1 milhões de euros e mais uma ajuda de 170,7 milhões de euros para a reconstrução do país. No sul, acontece uma verdadeira guerra. Os soldados americanos e canadenses, lá estacionados, ao contrário dos estacionados no norte, não tem um trabalho “tão tranqüilo”, e já sofreram inúmeras baixas, eles querem que o peso das perdas humanas seja dividido com outras nações. Indignado o ministro da defesa americano Gates, em fevereiro desde ano, exigiu em ríspidas palavras, que as tropas alemãs lutem no sul do Afeganistão, e pediu à Otan que eleve seu contingente militar. Mas por aqui nada se resolve no grito, as tropas militares estão sob o controle do parlamento e não do governo e qualquer decisão para aumentar o contingente militar depende do voto dos parlamentares. Mesmo com o aumento dos atentados a bombas, de 176 no ano de 2005 para 3.247 até o ano passado, uma verdadeira guerra civil, os parlamentares não vêem, ou não querem ver o fracasso da intervenção militar. Em 16 de outubro último houve a votação para a extensão do mandato de permanência dos soldados no Afeganistão. A democracia cristã, os sociais democratas, a fração de esquerda e parte dos parlamentares verdes votaram a favor, foram 442 sim, contra 96 não, nos próximos 14 meses ao invés de 3.215, serão 4.500 soldados, mil a mais do que o contingente anterior. Mas se governo Merkel tem maioria no plenário, não tem a maioria na população. 70% dos alemaes são contra o envio de tropas. As tropas continuam e os cidadãos pagam e se indignam como eu. Ah, voltemos para o presidente eleito… E aquí ninguém esta iludido que Obama retire as tropas do Iraque e Afeganistão. Tanto os democratas quantos os republicanos se colocam “pela paz e segurança do mundo” o que significa… guerra. Depois da discussão se Obama deveria ou não discursar no Portão de Bradenburgo e que acabou o fazendo na Siegessäule, ele deve voltar a Berlin – Angela Merkel foi contra, com os argumentos que ele era candidato e não presidente, Wowereit, prefeito da cidade era a favor . Desta vez tenho certeza que o palanque do discurso vai ser armado em frente ao Portão de Bradenburgo. Nós esperamos que ele não venha somente com um belo discurso de presidente eleito, mas que esteja preparado para ações concretas. Ele mesmo disse: “We can”, Nós podemos, então, mãos a obra Dear Mr President. Em tempo, gostaríamos de saber se em seu governo sera abolida a pena de morte. Ah sei, isto já é pedir muito. O futuro promete. Fonte: BUND: Obama kann Unweltpolitk der USA reformieren; Kyoto-Nachfolgenabkommen ist der Prüfstein Die Linke im Europaparlament Auswärtiges Amt AG Friedensforschung an der Uni Kassel Nato/Otan International Securit Assistence Force/ISAF