Este País, Alemanha By Solange Ayres / Share 0 Tweet Com todas as atenções recebidas Knut é um mal agradecido. Ele descobriu o “instinto selvagem dentro de si” se tornou agressivo e perigoso, um devorador de carne como todo urso polar tem que ser e está condenado a permanecer em seu cercado isolado para sempre. Assim humanizamos os animais. As crianças nascem, crescem e ficam… sem graça. O ursinho fofinho, branquinho que encantou a Alemanha fez dois anos e agora é um ursão que pode chegar a pesar mais de uma tonelada. Na apresentação do pequeno “baby urso”, de apenas três meses, para a imprensa, compareceram nada mais, nada menos que… 500 fotógrafos e jornalistas do mundo todo. Uma verdadeira sensação. Com alguns meses de idade o pequeno “star” habitante do zoológico de Berlin já tinha recebido dois milhões de visitantes! No dia 5 de dezembro comemorou os seus dois anos de idade com uma porção extra de peixe congelado. Os visitantes se surpreenderam ao vê-lo tão grande e… sujo. “Ele precisa se lavar” diz uma estudante na visita em entrevista à tv. "Alle lieben Knut" Todos amam Knut Mãe no circo Knut nasceu da união o pai “Lars”,que está no zôo de Munique e a de mãe “Tosca”, vinda do Canada, e antes de ir morar no zoológico tinha feito carreira artística num circo na ex Alemanha Oriental. O pequeno Knut estava predestinado a ser mesmo uma estrela. Músicos, compuseram músicas sobre a vida de Knut, e venderam. Livros infantis foram escritos, ele tem blog e até fã clube na internet. Na onda do Knut, eu mesma o tive entre os dentes, no Natal passado, uma deliciosa bala branca em forma de urso, uma idéia da empresa Haribo. O garoto propaganda da Habibo, conhecidíssimo, Thomas Gottschalk foi pessoalmente ao zôo entregar um cheque de 40 mil euros doados para comprar a comida do ursão. Knut virou estrela, fez o papel principal no documentário sobre… ursos, claro. Uma pena ele não poder participar, pessoalmente, digo, em pêlo, da “avan première” que estava looooo-ta-da de crianças. A história de Knut talvez tenha comovido o mundo pelo fato de fazerem da dela um paralelo com a vida dos humanos: sua mãe o abandonou, quando ainda era bebe, e como as histórias de crianças abandonadas causam comoção todos ficaram chocados, a comparação seguiu: seu irmão não sobreviveu aos primeiros dias de vida. No seu segundo aniversário Knut recebeu visitas e mais visitas, mães e escolas com suas crianças que fizeram fila para ver o querido ursinho, mas se decepcionaram ao ver que aquele grandalhão de cor cinza, quase não o reconheceram. As crianças sentenciam: “Sem a placa com o seu nome nós não o reconheceríamos”. O caminho que leva até onde está Knut também não está indicado, isso provoca irritação aos visitantes. “O diretor do zoológico não quer” que coloquemos placas, respondem os funcionários. E o diretor responde: “É fácil de achá-lo”. “Fizemos um pequeno mapa que está à venda para aqueles que quiserem comprar”. Rá! 52% dos lucros do zoológico no ano passado vieram das vendas de souvernirs de uma barraca montada ao lado do cercado de Knut. Depois da morte do seu pai adotivo e funcionário do zoológico, Thomas Dörflein, que faleceu em conseqüência de um fulminante ataque cardíaco, as vendas dos souvenirs subiram ainda mais. Com tanta publicidade o prefeito de Berlin,Wowereit não poderia deixar de prestar condolências públicas aos parentes daquele que fez do zoológico sua casa para cuidar do pequeno Knut. Outros também aproveitaram da fama do pequeno urso e fizeram sua publicidade para “boas causas”. O Ministério do Meio Ambiente alemão aproveitou a grande repercussão do caso na imprensa e transformou Knut na figura simbólica para a 9ª Conferência das Nações Unidas do Meio Ambiente. Em abril de 2008 Knut se tornou selo na série “Em defesa do meio ambiente”. O zoológico de Berlin foi o que mais tirou proveito de toda história com os “Live-shows” diários, para uma gigantesca platéia. Knut junto com seu pai adotivo, aparecia no seu cercado para fazer sua caminhada diária, se alimentar, brincar, tomar banho e aprender a nadar. A vida de Knut dá livro de verdade: abandonado pela mãe, o falecimento do pai adotivo e a maior tragédia está por acontecer com os seus parentes no Ártico. Cientistas têm uma péssima notícia: a calota de gelo esta derretendo como nunca e em breve não haverá mais blocos de gelo sobre os quais os ursos polares possam empreender suas caçadas às focas. Subnutridos não conseguirão sobreviver correndo o risco de desaparecer da face do gelo, digo terra. A história ainda não terminou. O merchandeising com a utilização da imagem de Knut está assegurando ao zôo, através da venda de camisetas, xícaras, cartões postais, chaveiros, uma renda extra. O zoológico de Neumünster, ao qual pertence oficialmente o agora “ursão”, por um acordo entre o zoológico de Berlin, também quer participar dos lucros da vendas souvernirs e direitos autorais. No entanto, até agora ele não viram a cor do dinheiro. A partir de 2009 os advogados serão acionados e Knut vai ser motivo de uma disputa jurídica entre os zôos das duas cidades e ele voltará às manchetes. O rei do Ártico, curiosidades – Os ursos polares pertencem à família de animais carnívoros, e estão entre os maiores já existentes na terra. Sua população é hoje de cerca de 20.000, com tendência a diminuir. – Na natureza um urso adulto pode chegar a pesar 1.300 quilos e medir até 3 metros de altura. – Percorrem até 40 quilômetros em suas caçadas e podem abater até 80 focas por ano, sua alimentação básica. – O período de cruzamento vai de marco a junho e a fêmea gera somente um filhote a cada 3 anos. – Nem sempre o cruzamento resulta em filhotes. Em tempo de “focas magras”, isto é, quando a mãe ursa não ingeriu gordura suficiente, provinda das focas, o óvulo fecundado fica “adormecido” em seu útero esperando dias melhores. – Na Hudson Bay no Canadá, onde a calota de gelo encontra-se menor, a população de ursos teve uma substancial redução e os ursos estão 80 quilos mais magros que nos anos anteriores. – Os cientistas prevêem que nas próximas 3 gerações de ursos polares sua população será reduzida em 30%. – Os ursos árticos – Ursus maritimus – nem sempre foram brancos, eles eram marrom ou alaranjado e a mudança da cor se deu em virtude do cruzamento com outra espécie o Ursus arctos. Previsões otimistas dizem que em 20 anos e os ursos brancos, puros, não existirão mais e Knut só será uma lembrança estampada num cartão postal esquecido em algum antiquário. Fonte: Heute Magazine Respect Habitats.Knut Magazine zum Klimaschutz und zur biologischen Vielfalt