Cibernética

Desta vez vou tratar de um assunto que não é propriamente do âmbito da matemática mas onde ela tem um papel fundamental, a cibernética. Termo criado por Norbert Wiener, (1894-1964), matemático norte-americano, em publicação de 1948, a cibernética é a ciência que estuda as atividades rotineiras do homem que a partir do século 20 se modificaram completamente com a 2ª revolução industrial. Mas não é a invenção das máquinas em si da 1ª revolução industrial ocorrida no século 19 que nos interessa, como por exemplo a máquina a vapor substituindo as carruagens puxadas por cavalos e os barcos à vela singrando os mares. Nos interessa é a invenção das máquinas que comandam e controlam outras máquinas, tarefas que anteriormente só cabiam ao homem pois só ele era capaz de as executar, em parte e com muito menor capacidade. No final do século 20 teve início a era das máquinas que hoje dominam completamente as nossas atividades. Se os pitagóricos de 300 anos a. C. vivessem hoje, diriam que a sua previsão “tudo são números” havia finalmente se realizado. Realmente tudo que fazemos hoje é transformado em números pelas máquinas que dialogam entre si para cumprir as suas tarefas. Não se trata das informações solicitadas por telefone, cujas instruções para  atendimento são fornecidas por um disco dando uma sequência de alternativas a serem tecladas pelo solicitante. Aqui o diálogo não existe e não adianta pedir algo que esteja fora das opções que o disco oferece. Agora o que estou querendo é falar das máquinas como os computadores, os laptops, os notebooks, os celulares etc., etc., além de sistemas como a internet. Comprar, vender, pagar contas, obter informações, cobrar obrigações, dialogar com outras pessoas em qualquer parte do mundo,  enfim todas as nossas atividades estão devidamente ao nosso alcance através das máquinas “pensantes”. Não estou fazendo a apologia da “Inteligência Artificial (IA)”. As máquinas cibernéticas não são inteligentes em si mesmo,  são apenas programadas pelo homem para realizar as tarefas para as quais foram montadas. No entanto temos que admitir que a partir da década de 1950 cientistas das universidades norte-americanas desenvolveram pesquisas baseadas na computação onde se exploram processos complexos inerentes à inteligência humana.  Sócrates, (469-399 a. C.) já se perguntava nos “Diálogos” sobre os “caminhos” misteriosos da mente: “Se procuras algo que não sabes bem o que é, como podes escolher o caminho a seguir? E se encontrares algo novo como sabes que é isso mesmo que procuravas?”. Pensar só é próprio do homem. Sou adepto da famosa frase de Descartes: “Cogito ergo sum”, (“Penso, logo existo”). Isto basta para nos situar. Temos de ter cautela com os exemplos que nos dão sobre Inteligência Artificial. Um programa joga xadrez desafiando os grandes mestres. Vale como exemplo de Inteligência Artificial?  Julgo que não. Este e outros como o da moça que digita no seu computador a venda de produtos da loja, executa algoritmos, isto é, conjuntos finitos de operações bem definidas programados para atingir determinados objetivos. Podemos acrescentar os trêns do metrô que operam automaticamente sem necessidade de operador, os elevadores sincronizados que atuam em grupo, as máquinas que ajudam na montagem dos carros modernos, etc., etc.. Nada disto convence da existência das “máquinas pensantes” mas temos de reconhecer que por vezes os resultados são surpreendentes.

Fico por aqui. Até à próxima.        

 

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Henrique Cruz