Como Luxemburgo bateu Muricy

O Palmeiras derrotou o todo poderoso São Paulo no último final de semana. O placar foi emblemático: 4×1. Mas o que fez Luxemburgo para hipnotizar Muricy e vencer o clássico paulista?

Comecemos pelo começo. Palmeiras e São Paulo são dois times que prometem incomodar em 2008. O Tricolor manteve a base bi-campeã brasileira (2006/2007), trouxe alguns reforços e reposições interessantes, além de repatriar Adriano. O Palmeiras, por sua vez, apresentou Wanderley Luxemburgo para comandar um grupo forte, montado basicamente em 2007, e reforçado em 2008 por Élder Granja, Alex Mineiro e Diego Souza, entre outros. O São Paulo está em busca de mais um título da Libertadores, enquanto o Palmeiras deve focar no primeiro semestre o campeonato paulista, e, principalmente, a Copa do Brasil.

Enquanto isso, o Campeonato Paulista. E nesse mega torneio (fui irônico, caso alguém se pergunte) Palmeiras e São Paulo se enfrentaram pela primeira vez em 2008. As duas equipes figuram na parte superior da tabela, onde no topo reina o surpreendente Guaratinguetá. Assim, além da rivalidade habitual, o clássico era um dos famosos jogos de seis pontos.

Muricy mexeu um pouco no time titular, que ainda está em fase de formação, e entrou em campo com Ceni, Zé Luis, André Dias, Juninho e Júnior; Hernanes, Richarlyson, Carlos Alberto e Jorge Wagner; Borges e Adriano. Do outro lado, Luxa fez mistério, mas colocou em campo Marcos, Granja, Gustavo, Henrique e Leandro; Wendel, Léo Lima, Diego Souza e Valdívia; Kleber e Alex Mineiro.

E o primeiro tempo foi muito truncado. Muito por conta da excelente atuação da arbitragem que segue a linha maravilhosa dos árbitros brasileiros (agora fui mais claro com a minha ironia, né?), e das poças d’água que castigaram o gramado. Mesmo assim, Adriano abriu o placar, com um gol de cabeça. Até agora não entendi porque Diego Souza marcava o Imperador. Alguns minutos depois, Kleber empatou. Na entrada da área, deu um corte seco em Juninho (que está longe de ser o Juninho do Botafogo dos últimos anos) e colocou a bola no canto de Ceni.

Estava realmente admirando a coragem de Luxemburgo de enfrentar o São Paulo, com apenas um volante de origem: Wendel. Eis que na volta do intervalo o treinador anuncia a sua alteração, saindo justamente Wendel para a entrada de Martinez. O meio campo seria formado por Martinez (terceiro homem do meio), Léo Lima (meia avançado), Diego Souza (meia avançado) e Valdívia (meia avançadíssimo). Dois atacantes na frente, além de dois laterais que apóiam muitíssimo bem: Granja e Leandro. Teoricamente, Gustavo e Henrique estariam completamente desprotegidos. Teoricamente. Na prática Léo Lima dava carrinho na entrada da área e Martinez fixou-se como um volante pela esquerda ao melhor estilo Cambiasso.

O Palmeiras pressionou e teve as melhores oportunidades. Aos 31 minutos do segundo tempo Valdívia sofreu pênalti claro. Denílson bateu e comemorou efusivamente. O São Paulo, a partir disso, perdeu a estribeira. Cometeu um segundo pênalti, dessa vez em Kleber. Valdívia marcou o terceiro e comemorou com o "chororô". Nos últimos minutos de jogo o Palmeiras tocava bola com muita naturalidade, enquanto o Tricolor não apresentava sinais de reação. O time alviverde, orquestrado pela sua torcida que gritava olé, tocou muita bola até Richarlyson derrubar Diego Souza dentro da área. Muito pênalti. Daqueles que juvenis não cometem. Diego Souza liquidou a fatura, anotando o quarto.

O São Paulo saiu tonto, procurando a bola. É preciso que Muricy repense algumas posições. É preciso estudar e testar outras alternativas, é verdade. Mas em inúmeras situações o 3-5-2 já demonstrou que se encaixa melhor ao grupo que o São Paulo dispõe. O Palmeiras sorri aliviado. Luxembrugo afirmou que era preciso "saborear essa vitória". Com toda razão. O calejado treinador sabe da importância de uma goleada a seu favor em um clássico.

About the author

Guilherme Carravetta