Paris, je t’aime


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Paris não é a França. A cidade pulsa em ritmo de metrópole, onde co-habitam sua beleza plástica inigualável, a efervescência cultural, politica e intelectual, e as inúmeras feiras de bairro coloridas – de frutas, flores e pessoas de todas as procedências e origens, além das hordas de turistas. Eu, sem querer, tive meu encontro com Paris… em particular; e não poderia não dedicar minha primeira coluna no OPS! a esse encontro.

Paris é a cidade mais linda do mundo. Fato. É também a primeira destinação turística do mundo: aproximadamente 15 milhões de visitantes anuais, dez vezes a população da “pequena coroa” (Paris sem a periferia).

Diz-se dos parisienses que eles não são franceses – mas isso é outra pauta. O Louvre, o Orsay, o Centro Pompidou estão diariamente lotados. Impossível embarcar num metrô sem esbarrar em dúzias carregando malas. Os cafés “intelectuais” da Saint-Germain são depósitos de turistas barulhentos. A Closerie de Lilas não é mais francesa e pratica preços que hoje seriam inacessíveis ao bolso do pobre Hemingway. O cemitério de Montparnasse distribui mapas com a localização das lápides de Baudelaire, Cortázar, Gaisnbourg… No Père-Lachaise, pra encontrar com Jim Morrison, Edith Piaf, Bourdieu, é preciso comprar o mapinha no café em frente. Os restaurantes chineses, quase tanto quanto as brasseries, já fazem parte da paisagem e dos relatos parisienses.

Mas isso, eu fui descobrindo com o tempo.

Na primeira vez em que cheguei em Paris, amanheci num trem vindo de Toulouse. Sozinha. Tinha cinco dias pra desbravar uma cidade que publica um Pariscope (uma pequena revista com mais de 200 páginas de programação cultural, gastronômica, etc.) por semana. Desembarquei na Gare d’Auterlitz, caminho cuidadosamente checado no mapa, passaria pela Notre Dame, Louvre, Champs Elysées e Arco do Triunfo. Peguei o Quai Saint-Bernard em direção ao 16° arroudissement, onde eu havia alugado um studio, acomodei a mochila nas costas e, ainda era noite, quando segui meu itinerário.

Eu sabia, mas não enxergava o rio Sena à minha direita; à esquerda o Jardim de Plantas. Um esportista solitário, alguns carros apressados, eu, a passo, observava expectativa a paisagem que se desenhava num luz ainda muito frágil. Ao chegar na Ponte de Sully, o sol alcançava os telhados e as mansardas do século XVIII, o Sena já adquiria seu tom esverdeado, as gárgulas e os pináculos saltavam dos arcobotantes da Notre Dame.

Essa foi a primeira imagem. As ruas estavam deserta. Isso é Paris, pensei.

Refeita, minutos depois, sigo o caminho. Quando cruzo o Boulevard du Palais, em direção à Ile de la Cité, e chego em frente à Catedral, o dia quer dia, a cidade, porém, dorme. E eu estou absolutamente sem palavras.
Antes de me instalar, ainda peguei o Quai de l’Horloge, passei pela Pont Neuf, pelo Louvre,
alinhei os arcos do Carrossel e do Triunfo, e o Obelisco, engasguei vendo Torre Eiffel envolta na bruma, e sumi na linha 3 do metrô.

Voltando aos pontos de partida, descobri que a cidade é um formigueiro em horário comercial e além, dependendo do quartier. Ainda assim, fui incapaz de tirar qualquer fotografia nesses dias. O que guardo como um dos melhores souvenirs de viagem – de todos os tempos, é o silêncio da luz mortiça daquela manhã em que me encontrei a sós com cidade mais linda do mundo.

Muito tempo depois, aprendi que a luz mortiça é o sol parisiense, que os telhados da Bastilha são sempre bons de olhar, que é sempre bom voltar ao Marché d’Alligre pra tomar café da manhã, ao Le Reflet, pra um aperitivo, à Rue des Écoles, pra ver ‘fime velho’ no cinema, etecétera e tal, e que Paris, apesar de ser um clichê em si mesma, não cabe em nenhum cartão postal. E não tem fim.

Como eu disse, não poderia não dedicar minha primeira coluna no OPS! à Paris. No decorrer do período, outras francopautas serão abordadas. Salut!

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larissa bueno ambrosini