Quando Paris Alucina By larissa bueno ambrosini / Share 0 Tweet como eu vivo no hemisfério norte, é meu caso. e se eu vim passar as férias de verão nessa humidade bárbara da província boi, tenho aqui meus motivos… calha de eu falar um pouco sobre vacaciones, embora minha tese espere por mim e eu esteja bem mais ocupada em tomar cafezinhos no meio da tarde, levar meu sobrinho conhecer o museu do iberê, ou fazer comprinhas de coisas que, francamente, não estou a precisar… causo é que no alto do verão, ou seja, agora, são as grandes férias dos franceses. julho e agosto correspondem à janeiro e fevereiro pra nós. por exemplo, o ano letivo inicia em setembro. e se você não mora no sul da frança, fica assistindo o comércio pendurar as famigeradas plaquinhas na porta anunciando ‘congés d’été’ como se fosse uma qualquer coisa com taxa de contágio pior que a gripe suína-mexicana-a-ou-o-que-seja. começa com uma pequena livraria, duas ou três butiques, alguns cyber-cafés até que se estende inapelavelmente às tabacarias do coin. e quando tu te dá conta, o provimento de tabaco passa por uma logística sofisticada, o que, somado aos horários comerciais e às limitações habituais do tipo de comércio autorizado à fazer a venda dos tais e assemelhados… enquanto isso na ‘route nationale’ vers le sud, os franceses se acotovelam contentes rumo à costa mediterrânea. aqui na província boi, o mesmo fato se é observável durante os meses de janeiro e fevereiro, onde famílias felizes carregam guarda-sol, cadeiras de praia e ranchos para passar horas nos engarrafamentos da freeway, antes do reconforto de um lugar na areia, um torraço ao sol, um banho de mar gelado e um açoite do vento nordestão…. a gente finge que não se incomoda. porque verão é alegria. e se aqui é, imaginem lá. o causo é que o verão francês tem a mesma duração do inverno gaúcho. dois a três meses. é praticamente uma efeméride, lá: em meio ao frio, aqui: em meio ao calor. quand même, cheguei em porto alegre muito confiante, pois sei de fonte segura que os últimos invernos daqui andavam perdendo até pra primavera clermontoise. calha de eu ter escolhido o mais rigoroso, o mais frio e mais húmido dos invernos da década em porto alegre. não passa nada… tem compensações bem maiores com nomes próprios. não posso conter, entretanto, o pasmo, a perplexidade, a incompreensão total, enfim, diante do felizes conterrâneos “ai, que bom, curtir um friozinho”… francamente.