Entre na cozinha antes

Antes de qualquer coisa, se vai ou já escolheu trilhar este caminho, saiba que você vai trabalhar horrores. Uma frase que sintetiza bem esses espírito foi me dito por dois chefs: “a gente trabalha enquanto os outros se divertem”, só para que tenha consciência de qual desgastante é.

O tema da coluna de hoje foi cogitado para ter sido a de abertura, mas preferi deixar para mais tarde, além de dar certa continuidade na última coluna. Você quer entrar na cozinha? Digo, vai escolher esta área ou pensa em trocar de carreira. Então, minhas ordinárias palavras a seguir podem te ajudar…. ou não.

Minha formação acadêmica não é relacionada diretamente com a culinária (quem sabe um pouco com a gastronomia molecular, mas isso é outro assunto), mas tenho certo conhecimento da área, pois em 2007 fiz curso de cozinheiro básico numa entidade bem conhecida nacionalmente. E durante passei por dois estágios que mostraram os dois lados dentro da mesma carreira. Pode não ser muita coisa, mas o mínimo… quem sabe.

Antes de qualquer coisa, se vai ou já escolheu trilhar este caminho, saiba que você vai trabalhar horrores. Uma frase que sintetiza bem esses espírito foi me dito por dois chefs: “a gente trabalha enquanto os outros se divertem”, só para que tenha consciência de qual desgastante é.

Segundo, amasse e jogue fora a imagem deturpada e glamourizada que a mídia faz da gastronomia. Não quero ser pessimista, mas essa está longe de ser a real… ao menos para quem mal comandou uma cozinha apertada e quente com pedidos aos baldes, enfrentou uma cozinha de buffet de evento ou então, nem sequer limpou o chão de onde trabalha. Sucesso, dinheiro e fama poderão vir depois de alguns anos provando talento e construindo a imagem de um bom profissional. Não vai ser da noite para o dia.

Talvez o ponto de maior importância: você realmente ama a culinária? Soa um pouco piegas, mas neste ramo apenas gostar pode não ser suficiente devido à vasta lista de coisas que se abdica. Lembre-se: somos apenas serviçais como bem disse a chef da casinha laranja à beira do canal (Roberta Sudbrack).

A dica mais batida de todas é conseguir algum trabalho na área para “sentir” se é realmente isso que deseja antes de se aventurar de cabeça. Pode ser um estágio, um “freelance” de fim de semana, ou seja, qualquer coisa que te faça estar em contato com a cozinha. Não se surpreenda caso alguém fale que deve ser de graça. Nessa experiência é possível descobrir, por exemplo: se agüentar ficar mais de 6 horas em pé numa cozinha pequena, quente e barulhenta; ficar na mesma função por horas (lavar e descascar legumes, particionar produtos e afins); ganhar algumas pequenas lesões (cortes e queimaduras) e no final do turno estar acabado.

Não importa o que consiga na experiência, mas nunca se esqueça de ser humilde. Agradeça quem lhe oferecer a mão. Independente do resultado que pode dar certo ou não, você ao menos conseguiu aumentar a sua rede de contatos e caso resolva seguir em frente, isso pode ser de grande ajuda.

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Vitor Hugo