Diane Arbus

Diane Arbus 1

Fiquei sabendo da existência da Diane Arbus quando eu estava a três mil quilômetros de casa. Férias na praia, entre mergulhos no mar e cervejas, sempre acabo lendo bastante. E foi com a leitura de “Sobre Fotografia”, coleção de ensaios (desprovidos de qualquer ilustração) da filósofa Susan Sontag, que tomei conhecimento da instigante fotógrafa que foi Diane. E quanto mais Susan falava das fotos de Diane, mais minha curiosidade aumentava. “Diabos! Como é que eu nunca ouvi falar sobre essa mulher?”

Fiquei sabendo da existência da Diane Arbus quando eu estava a três mil quilômetros de casa. Férias na praia, entre mergulhos no mar e cervejas, sempre acabo lendo bastante. E foi com a leitura de “Sobre Fotografia”, coleção de ensaios (desprovidos de qualquer ilustração) da filósofa Susan Sontag, que tomei conhecimento da instigante fotógrafa que foi Diane. E quanto mais Susan falava das fotos de Diane, mais minha curiosidade aumentava. “Diabos! Como é que eu nunca ouvi falar sobre essa mulher?”

 

Logo que voltei para São Paulo, a primeira coisa que fiz ao acessar a internet, antes mesmo de consultar meus e-mails, foi buscar os trabalhos de Diane Arbus. Desde as primeiras fotos que vi, fiquei impressionado: a obra de Diane é ainda hoje originalíssima, instigante, contestadora.

 

Diane Nemerov nasceu em Nova York em 1923. Casou-se aos 18 anos com o fotógrafo Allan Arbus, com quem se iniciou na fotografia ainda nos anos 40. Trabalharam juntos nos anos 50: Allan fotografava, Diane produzia. Com o tempo Diane passou também a fotografar profissionalmente. Em 1959, após dois filhos, os Arbus se divorciam. Diane continuou seus estudos com nomes famosos como Alexey Brodovitch e Richard Avedon e no começo dos anos 60 fotografava para Esquire, The New York Times Magazine, Harper`s Bazaar e Sunday Times. Por essa época abandonou as 35mm em favor do médio formato, utilizando uma clássica Rolleiflex (aquela câmera que os fotógrafos de casamento usavam na altura da cintura, lembram?) Diane passou também a utilizar o que seria uma de suas marcas registradas: o flash diurno como modo de destacar os retratados em primeiro plano.

Diane Arbus 1

 

Ao longo dos revolucionários anos 60, Diane retratou travestis, anões, deficientes mentais, nudistas, pares de etnias diferentes. As pessoas à margem da sociedade atraíam Diane, que as fotografava como ninguém: não se tratava de “espionar” os excluídos, mas sim de contatá-los, estabelecer uma relação de confiança e só então, serenamente clicá-los. Diga-se de passagem, essa relação de confiança que é claramente perceptível entre fotógrafa e fotografados é semelhante à que se observa hoje na obra de Sebastião Salgado.

Diane Arbus 2

 

Diane era uma fotógrafa já famosa quando ingeriu uma dose cavalar de barbitúricos e cortou os pulsos, em 1971. A exposição póstuma de seus trabalhos, já no ano seguinte,quebrou todos os recordes de público então existentes para mostras fotográficas. Posteriormente, Diane foi a pioneira entre os fotógrafos norte-americanos a ter sua obra exposta na Bienal de Veneza.

Diane Arbus 3

 

Sobre Diane Arbus, Susan Sontag disse que “o fato de ela ter se suicidado parece assegurar que sua obra é sincera, e não voyeurística, que é compassiva, e não fria.” A meus olhos, a simples apreciação das obras dessa grande fotógrafa ratifica as palavras de Sontag.

 

 

 

"Para mim o sujeito de uma fotografia é sempre mais importante que a fotografia. E mais complicado…" – Diane Arbus

 

Referências:

 

“An Aperture Monograph – Twenty-fifty Anniversary Edition”, Diane Arbus, Aperture Foundation, 1997.

 

“Estados Unidos, vistos em fotos, sob um ângulo sombrio.” In: “Sobre Fotografia”, Susan Sontag, Companhia das Letras, 2004.

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Ricardo Montero