A diferença entre comer e respirar

Não há sombra de dúvidas que satisfazemos nossas necessidades físicas com objetos físicos. Sim? Não? Caso “não” seja sua resposta, pense no seguinte: como se mata a fome? Com comida, certo? Comida é um amontoado de moléculas organizadas de forma que, se ingeridas pelo sistema digestivo, alimentam você com alguns nutrientes necessários para manter seu extinto de existência.

Depois deste pequeno parágrafo, você possa estar se perguntando porque ler os textos dessa coluna, mais um “lero lero” do Juliano sobre o que é óbvio. Mas, será tão óbvio assim mesmo?

 

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  Às vezes o óbvio pode se tornar a armadilha para a loucura.

 

Esta questão é a ordem de sua vida. Perceba isso. O que você faz durante o dia todo? Trabalha? Imagino que você obtenha alguma renda financeira desse trabalho. E o que fazer com esse dinheiro? Você compra comida, transporte, moradia, lazer, etc. Você gasta sua grana com coisas que satisfaçam suas necessidades.

Poderíamos entrar num longo papo sobre a futilidade de diversos produtos oferecidos no mercado que não preenchem nenhuma necessidade de fato, e sim, um desejo de, por exemplo, se sentir parte de um grupo distinto (leia-se qualquer marca que coloca o status acima da utilidade). No entanto, não há espaço pra isso neste texto. Deixamos isso pra uma outra hora. 

Vamos voltar pra nossa questão. Estávamos falando que você trabalha para ganhar dinheiro. Com este, você troca por recursos que satisfazem suas necessidades. Se você não trabalha, imagino que esteja estudando. E o propósito final do estudo? Conseguir um trabalho! Pois bem, acho que está claro o caminho “necessidade -> trabalho -> renda -> acesso-> recurso”. Está claro que gastamos quase todas as 24 horas disponíveis por dia em volta de satisfazer necessidades?

 

 

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Continue acompanhando essa coluna nos próximos tempos e vou mostrar que é seu dever reclamar. Seja qual for o trabalho.

 

Antes de continuarmos, deixe-me explicar rapidinho o que quero dizer com cada termo deste caminho. “Necessidade”. Auto-explicativo. É aquilo que precisamos. “Trabalho”, é aplicação da habilidade a serviço de terceiros no mercado de trabalho. “Renda” é a pagamento financeiro recebido em troca pelo trabalho. “Acesso” é a disponibilidade para se chegar até o recurso preciso. Bom, “recurso” então, como acabei de escrever, é aquilo que satisfaz necessidades.

Agora me responda, por que você paga para comer e não paga para respirar? Ambas representam necessidades. Mas por que uma é grátis e outra não? Tente vender comida para alguém. Tenho certeza que em algum momento você conseguirá. Tente vender ar. A única coisa que você conseguirá obter é gargalhadas e olhares acusadores de que seu estado mental talvez já não seja mais aquele mesmo de sempre.

 

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Promoção de verão: pague uma respirada e leve o dobro de oxigênio. Ideal para hiperventilação!

 

A questão é que não podemos vender (ou comprar) aquilo que é abundante. Se há mais ar do que podemos consumir, não faz sentido algum racioná-lo. No entanto, comida é escassa. Ou seja, há menos alimento do que necessitamos comer. Como não há para todos, o racionamos.

Numa economia monetária, ao invés de termos acesso direto à comida que precisamos, somos presenteados por um papel (muitas vezes apenas um dígito no computador) que possui um poder de troca convencionado. Estabelecemos que um a la minuta, por exemplo, é igual a nove unidades desta coisa chamada moeda. Desta forma, para podermos comer, temos que entrar no caminho “necessidade -> trabalho -> renda -> acesso-> recurso”.

Como o ar é abundante, não faz sentido aplicar este mesmo caminho na sua obtenção. Então como seria o caminho para ele? “Necessidade -> acesso-> recurso”. Que seria ilustrado assim: preciso respirar (necessidade), tenho pulmão e ar à minha volta (acesso), o coloco dentro de mim e obtenho o oxigênio que preciso (recurso).

Agora acesse esse link  e responda: se há abundância de alimentos, por que racioná-lo?

Isso não para por aqui…

 

 

 

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Juliano Moreira