A soma de todos os erros – Pt 4 de 9

 A soma de todos os erros – O quarto

Olá, você que lê! É hora de continuarmos o texto anterior de A Soma de Todos os Erros.
Se você está começando aqui, recomendo que leia o conteúdo anterior. 
 
Em resumo, estou explicando como o automóvel simboliza os mais diversos aspectos obsoletos que a economia monetária representa. Está longe de ser completo, trata-se apenas de um exercício de reflexão. Vamos lá então?
 
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O quarto erro: O design.
 
O problema: Com certeza este erro representa um dos maiores problemas que o carro possui. Pois ele é o berço desta “criança problemática”. Veja se você concorda comigo.
 
Em primeiro lugar, resgatando o erro anterior, o carro é um tremendo desperdício de material. Ele é desenvolvido para transportar cinco pessoas, mas apenas uma ou duas o usam diariamente. Além disso, o espaço ocupado pelas máquinas que o movem (vamos chamá-las apenas de “motor”) representa cerca de 1/3 do total do automóvel. Considerando que temos tecnologia para movermos carros com eletricidade, com um motor infinitamente menor, temos mais desperdício proclamado. Pense nisso! Se o automóvel fosse projetado de forma mais eficaz, ele seria muito menor. Você conhece o Smart Car? Pois é, esse é um exemplo muito bom de tamanho adequado.
 
Em segundo lugar, temos dois pontos em um só: manutenção e acessibilidade. A manutenção obviamente se trata da necessidade de mantê-lo funcionando. Para isto, temos que levá-lo regularmente a um mecânico. Nada mais natural, certo? É aqui que entra a acessibilidade. Os carros que vemos por aí são muito complexos. Um leigo (ou seja, você e eu) é incapaz de resolver os mais variados problemas sozinho. Somos obrigados a pedir ajuda a especialistas. Até mesmo trocar uma simples lâmpada do farol não é fácil, nem óbvio.
 
Agora, imagine um carro projetado que permita qualquer um (até mesmo você!) realizar sua manutenção. Considere um design em que o carro possui alertas para todos os seus componentes. Ele avisa, através de seu painel, como estão as condições de todas suas partes. Mais ainda, a acessibilidade a elas seria fácil e intuitiva. Mais ou menos como passar um anti-vírus em seu computador ou trocar uma lâmpada do abajur. Não há motivo para que seu design não seja acessível e inteligente deste modo. Claro, imagine a quantidade de empregos que desapareceriam se o carro fosse assim bem projetado.
 
Terceiro lugar: a durabilidade. Ou melhor, a “descartabilidade”. O que acontece com o automóvel, há uns 10 km/h, se colidir com um objeto? A menos que seja contra um pedaço de isopor, nosso querido amigo vai ganhar um simpático “amassinho”. E o que acontece se a velocidade for, digamos, uns 60 km/h? Ixi! Que coisa feia!
 
Sim, sim. Sei que antigamente os carros eram desenhados de forma mais “dura”. A energia da colisão era projetada para quem estava dentro deles. Com certeza era muito mais perigoso. Tornar os carros mais “macios” é uma forma de segurança, com certeza. Mas isso não resolve o problema de quem está do lado de fora. Muito menos serviu para diminuir a quantidade de acidentes e mortes. Mas, sobre segurança, vamos falar em breve.
 
Voltando ao ponto, o carro é descartável. A questão é termos uma tecnologia chamada ligas de memória com forma. A aplicação destas ligas tornaria os carros reconstituíveis. Considere a situação: um carro colide e se amassa todo. Ele é levado a uma oficina em que se aplica uma grande quantidade de calor. Ao esquentar, suas partes retornam ao formato correto do carro. É mais ou menos como uma camisa amassada que volta a ficar lisa depois que um ferro quente a toca. Pesquise isso na internet.
 
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E se eles se deram conta de que tá tudo errado?
 
A conclusão: O carro é exageradamente grande, sua manutenção é complicada, poucos podem fazê-la e sua estrutura material é frágil como uma casca de ovo e não pode ser facilmente reconstituída. O design é propositalmente inferior à realidade tecnológica e não considera um uso inteligente dos recursos materiais. Ou seja, ele é grande, chato e sensível. Você convidaria alguém assim para rodar por aí?
 
Nos vemos no próximo erro!
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Juliano Moreira