Lana Del Rey é uma cantora norte-americana, considerada pela crítica e pelo público como parte do cenário “indie”. Ela teria todas as características para ser apenas mais uma cantora pop, mas de fato, não é esse o caso. Não há coreografias em seus shows, e quando há, são simples e despretensiosas (ela realmente não nasceu para dançar), suas canções são, em geral, melancólicas e ela não se vale de figurinos, vídeos ou performances hipersexualizadas.

Elementos muito marcantes nas letras e nos vídeos de Lana são as referências à história dos Estados Unidos e ao “sonho americano”. A poesia de Walt Whitman, a opulência e tragédia dos Kennedy, o parque um tanto quanto decadente de Coney Island, sua suposta experiência como uma pobre moradora de trailer, o famoso e misterioso Chelsea Hotel, James Dean, Elvis Presley, Marylin Monroe, o Grand Ole Opry, palco da música country, e até mesmo um simples refrigerante americano chamado Diet Moutain Dew; isso e tantos outros símbolos estadunidenses estão presentes em sua discografia, que já conta com 6 álbuns “oficiais”, excluindo os produzidos com seu próprio nome, Lizzy Grant e sob o pseudônimo de May Jailer.

Seu último álbum, lançado em 2019, leva o título de Norman Fucking Rockwell, considerado pela crítica como um de seus trabalhos mais bem elaborados. Quanto aos fãs? Bem, os fãs se deliciam com tudo que Lana faz, mesmo quando não fazem a menor ideia das fontes em que ela bebe para escrever suas letras e compor sua imagem.

A última sacada evoca o artista e retratista Norman Rockwell – outro ícone norte-americano utilizado na música e estética da cantora. Porém, de fato muitos fãs não sabem de onde vem ou quem são essas inspirações.

Percebi esse fato com maior clareza quando uma amiga de 20 e poucos anos disse que tinha amado o novo álbum de Lana Del Rey, mas comentou com uma colega de trabalho (da mesma faixa etária), “quem é esse tal de Norman Rockwell?!” – pergunta que a colega, intrigada, também não soube responder. (Isso não é uma crítica, afinal quem nunca veio a conhecer o trabalho de grandes artistas através da cultura pop?) Já que conheço e admiro o trabalho de Rockwell há muitos anos, veio o desejo de descortinar o mistério.

Pode-se dizer que Norman Rockwell foi o retratista da América. Nascido em 1894, desejou ser artista desde os 14 anos. Estudou na New York Schooll of Art, National Academy of Design e The Art Students League e aos 22 anos iniciou sua carreira como desenhista das capas do The Saturday Evening Post, que resultaram em centenas de editoriais, publicados ao longo de 50 anos.

Rockwell representou com maestria o Sonho Americano. Retratou, a pedido, os Presidentes Kennedy, Nixon e Eisenhower, além de ser contratado por vários políticos, como o ex-presidente egípicio Gamal Abdel Nasser.
Porém Rockwell nunca foi uma unanimidade. Era criticado justamente por uma das características que abrilhantavam seu trabalho, como a inocência e o patriotismo. Também foi acusado de decadente, idealista e burguês. Vladmir Nabokov, autor de Lolita, foi um de seus críticos mais ferrenhos, comparando, de forma irônica, Rockwell a Salvador Dalí. Se bem que uma crítica do controverso Nabokov é pouco diante da vasta obra de Rockwell.


Fato é que ele foi de um perfeccionismo brilhante. Impossível olhar um desenho de Rockwell pela primeira vez e não examinar com mais atenção para ver se não se está diante de uma fotografia.
Esse, afinal, é um breve relato de mais uma das inspirações de Del Rey para suas canções. Segundo ela, a faixa que dá nome ao álbum “é sobre um homem que é um artista genial, que se acha o cara e não para de falar sobre isso”, declarou em entrevista à rádio Beats.

Eis aí a resposta: quem, afinal, foi “esse tal” de Norman Rockwell?
Nunca havia ouvido falar “desse tal” Normal Rockwell! Muito grave? Espero que a punição seja branda!
Excelente post, Juliana 😉
Ora, como assim?! Grave, gravíssimo. Não esperava isso de você. rs
Que bom que gostou do post. ☺
Abraço
Ju