Hypocrisis By Luiz Afonso Alencastre Escosteguy / Share 0 Tweet A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, tirou uma foto perfeita do que é a hipocrisia do andar de cima da sociedade brasileira. Duas, na verdade. A primeira, ao considerar que ganhar mais de 60 mil Reais é o justo salário para ela, enquanto que a média salarial brasileira anda na faixa dos 1.200 Reais. A segunda e quiçá a mais contundente, foi ter comparado o seu trabalho com o trabalho de um escravo. Dela não se poderia esperar outras justificativas senão as dadas: precisa comer, se vestir, se maquiar, andar de acordo com o cargo… “Eu como aposentada eu podia vestir qualquer roupa. Eu podia calçar uma sandália havaiana e sair pela rua. Mas como ministra de Estado eu não me permito andar dessa forma, eu tenho uma representatividade”… – Veja mais aqui E aqui ela toca em um ponto importante: vivemos na sociedade da representação, da máscara, da hypocrisis. Precisamos representar papeis, mesmo que para isso precisemos deixar o povo na miséria. O andar de cima julga que pode e nada nem ninguém muda isso. Gasta-se fortuna do que o povo produz apenas para sustentar essa representação: são automóveis, imóveis funcionais, cartões corporativos e centenas de outras benesses aprovadas por eles mesmos. E sempre aparecem as tradicionais explicações de que “está na lei”, como se a lei não tivesse nascido por ato dessa mesma gente. O Brasil custa caro para o povo, não para eles. Somos um país socialmente distorcido porque somos pessoas que aceitam esse tipo de distorção e nada faz para mudar. Pelo contrário, muitos lutam para “chegar lá também” e poderem usufruir. O que faz um ministro para precisar de 30 mil Reais de salário, se tem tudo o mais pago pelo governo (povo)? Funções realmente as mais essenciais para a vida do povo, tais como professores, médicos públicos, policiais, bombeiros, lixeiros, e tantas outras das quais nossa vida realmente depende, ganham 20 vezes menos que essa desembargadora aposentada ganha. Nossa pirâmide de valores é hipócrita. E são eles, os do andar de cima, os que mais defendem a meritocracia. Que mérito tem essa senhora? Quanto à referência comparativa ao trabalho escravo, limito-me a dizer que essa senhora não passa de uma imbecil esférica…