A crise do quem sou eu X o que eu faço

Eu demorei tempo demais para escrever essa primeira postagem. Como vocês não me conhecem, eu deveria  falar um pouco sobre quem eu sou. Mas esse é um tema especialmente difícil para mim. Quando eu nasci era a filha do Marcelo e da Daisy. Depois de um tempo virei a nerd da sala. Logo me tornei estudante de Direito da UFF (os familiares enchem a boca pra falar nessa hora) e mais tarde, estagiária do Dannemann (enchem mais ainda a boca apesar de nem saberem ao certo que raios é Dannemann – google it).

Mas agora, meados de 2017, quem sou eu? Abandonei recentemente o curso de Direito e consequentemente meu estágio. Já se foi o tempo em que eu era nerd, e voltar a ser filhinha de papai está fora de cogitação. Então quem eu sou? O que eu faço? Se vocês soubessem quantas vezes evitei de sair de casa com medo da pergunta “e aí, Bia? Tá fazendo o que da vida?”. Assustador. Muito pior do que qualquer pesadelo.

Passei muito tempo sendo vagabunda, se vocês querem saber. Acordando às 10 e assistindo séries o dia inteiro. Saía de casa só para minha sessão semanal de terapia, porque sinceramente, o ócio me mata. Muito mais do que o ócio em si, o julgamento que os outros têm dos ociosos. Eu posso escutar os pensamentos de vocês agora, “filhinha de papai”, “millenial”, “ela pode”, “bancada pelos pais”, “preguiçosa”, e etc.

Realmente, eu pude. Graças a Deus (e aos meus pais). E esse tempo me fez perceber de forma muito dolorosa que nós somos mais do que nossa profissão. Eu sou a Bia. Gentil, teimosa, orgulhosa, dedicada. Tenho defeitos e qualidades. Não sou a melhor pessoa do mundo nem a pior. Sou apenas mais uma no mundo, mas hoje vejo que isso não me faz menor. Eu não quero ser a Bia advogada, enfermeira, irmã ou namorada. Eu quero ser a Bia e ponto.

Mas pra não deixar vocês na curiosidade, eu já larguei a vida de vagabunda. Voltei pra minha cidade pequena para cozinhar em um dos meus restaurantes preferidos, o Viva Rô. Estou esperando para começar a faculdade de Gastronomia, numa faculdade particular que ninguém mais vai encher a boca pra falar.

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beaschau

Apenas mais um mamífero com telencéfalo altamente desenvolvido que decidiu largar o Direito para cozinhar e escrever.

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