Um pouco de luz By Ricardo Montero / Share 0 Tweet Quem nunca perdeu uma boa foto ao tremer no exato momento do disparo do obturador? A boa novidade é que sistemas de estabilização de imagem estão sendo incorporados a um crescente número de equipamentos, por um preço cada vez mais acessível. Como funciona a estabilização de imagem? Em quais ocasiões esses modernos sistemas podem salvar uma foto, a despeito da mão tremida de um fotógrafo? Quem nunca se aborreceu com uma foto borrada? Isso pode ser causado por foco malfeito, seja por erro do fotógrafo, seja por falha no sistema de autofoco. O sistema de foco automático costuma ser preciso, mas por vezes se engana. De todo modo, nas fotos borradas por foco incorreto, o problema é pontual e não há muito o que fazer. Estando o foco correto, a foto pode ter saído borrada pela movimentação do objeto. Neste caso, o jeito é utilizar velocidades rápidas do obturador para congelar a cena. Câmeras SLR profissionais chegam a valores da ordem de 1/8000 segundo. Mesmo as câmeras compactas mais baratas chegam à velocidade de 1/1000 segundo. Mesmo com foco correto e objeto fotografado imóvel, a foto saiu borrada? Chegamos então ao problema que nos interessa no artigo de hoje: a foto tremida. Por certo, firmeza absoluta só existe com o uso de um bom tripé; dependendo da velocidade utilizada e da firmeza da mão do fotógrafo, eventuais tremores são inevitáveis. Assume-se como velocidade segura para fotos tiradas com a câmera na mão o inverso da distância focal utilizada, em milímetros. No caso, as distâncias focais utilizadas são as equivalentes às de uma câmera 35 milímetros de quadro integral. Ou seja: nas câmeras com fator de corte, este dado deve ser levado em conta. Por exemplo, uma foto tirada com câmera compacta, distância focal indicada de 35mm, aceita uma velocidade 1/35 segundo. Já uma Canon Rebel XT, com fator de corte de 1,6 e lente com distância focal de 50mm, pode ser utilizada com segurança na velocidade de 1/80 segundo. Observe que o problema é particularmente crítico quando se usa teleobjetiva (grandes distâncias focais). Como nem sempre se pode andar com um tripé por aí, os fabricantes desenvolveram soluções mais práticas para permitir que os fotógrafos consigam, com a câmera na mão, tirar fotos em baixa velocidade sem um resultado final borrado. Essas soluções constituem os chamados sistemas de estabilização de imagem. Uma das soluções encontradas, adotada pelas SLRs fabricadas por Canon, Nikon e mais tardiamente pela Panasonic, é o uso de objetivas com sistemas de estabilização de imagem. Um dos elementos óticos do conjunto de lentes que compõe a objetiva “flutua”, conectado a um giroscópio, de modo a compensar os movimentos de alta freqüência das mãos. Ou seja: a mão treme, a objetiva – perdoem-me pelo neologismo – contratreme. Este sistema tem sido utilizado apenas em objetivas de alto custo, e é muito eficiente. Por exemplo, na Canon 70-200/f4.0 L IS, consegue-se trabalhar com uma velocidade até 4 pontos mais lenta. Como em cada ponto pode-se usar metade da velocidade, estamos falando de velocidades dezesseis vezes menores. Aquela foto que requereria velocidade de 1/160 segundo poderá ser feita em 1/10 segundo! Outra boa solução, adotada inicialmente pela Konica-Minolta em suas câmeras SLR, é fazer com que o giroscópio movimente não um elemento móvel da objetiva, mas sim o próprio sensor. A compensação não é tão eficiente, da ordem de três pontos (ou seja, permite o uso de uma velocidade 8 vezes mais lenta). Por outro lado, existe a enorme vantagem de que qualquer lente que se acople à câmera passará a dispor de estabilização. A Sony, ao assumir a Konica-Minolta, prosseguiu com esta estratégia em sua linha Alfa de câmeras SLR, assim como Olympus, Pentax e Samsung em suas mais recentes SLR. Antes restritos às câmeras SLR, ambos os sistemas de estabilização estão disponíveis em cada vez mais câmeras compactas. Para estas câmeras amadoras, a maioria dos fabricantes optou pela estabilização feita na própria lente. Porém, vários modelos compactos da Casio usam estabilização dupla (na lente e no sensor). Nas SLR, os fabricantes que adotaram a estabilização na objetiva provavelmente deverão desenvolver modelos baratos estabilizados, em virtude da concorrência de câmeras com estabilização no sensor. A recém-lançada Canon Rebel XSi/EOS 450D é oferecida em um kit com uma objetiva de baixo custo, estabilizada. Ou seja, os sistemas de estabilização de imagem chegaram para ficar. Aos compradores, convém ficar atento para uma artimanha inescrupulosa de alguns fabricantes, a chamada estabilização de imagem digital. No caso, o que a câmera faz é aumentar a sensibilidade do sensor, permitindo que a foto seja feita com uma velocidade mais rápida, de modo a diminuir a chance da foto sair tremida. Ou seja: a câmera apenas muda o ISO para um valor mais alto, o que acarreta um nível de ruído maior na foto; não se trata de um autêntico sistema de estabilização de imagem.