O estudo faz na verdade uma critica a adoção do modelo neoliberal. De fato, o que a África Subsaariana está fazendo é a aplicação de um modelo matemático que não necessariamente é valido para a sua realidade atual: pobreza extrema, conflitos, e o boom econômico vindo da exploração do petróleo.
Ao contrario do que se pode imaginar, o boom do petróleo também tem o seu lado negativo. O aumento da receita com esta atividade valoriza as moedas locais, dificultando a exportação de produtos não primários. As atividades econômicas são tímidas, e o resultado é que os salários estão muito baixos, o que resulta em baixo consumo e baixa arrecadação de impostos.
Como se sabe, o modelo neoliberal não permite que o governo gaste mais do que consegue ganhar. Em resumo, a África Subsaariana não cresce e o seu governo não pode usar os recursos das reservas para estimular a economia. Há, portanto, uma recessão.
Trata-se de uma das regiões mais pobres do mundo, a qual a ONU acompanha de perto para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Com o Estado amarrado a uma política de contenção de gastos em favor do equilíbrio macroeconômico, a África se afasta dos objetivos sociais. Como se vê, os economistas ainda não entenderam que é o modelo quem deve se adaptar a realidade e não o inverso.
Márcio Pimenta escreve quinzenalmente as quartas-feiras, escreve também no Diplomacia Bossa Nova.