A Maldição dos Recursos Naturais


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Você já ouviu falar em Potosí? Provavelmente não. Eldorado dos Carajás? Túpac Amaru? E Augusto César Sandino? Tente lembrar, mas não se esforce tanto, nós não estudamos esses lugares nem esses líderes no período escolar, quiçá nas faculdades. Mas eles fazem parte da história da América Latina. Fazem parte dos nossos destinos.

Você já ouviu falar em Potosí? Provavelmente não. Eldorado dos Carajás? Túpac Amaru? E Augusto César Sandino? Tente lembrar, mas não se esforce tanto, nós não estudamos esses lugares nem esses líderes no período escolar, quiçá nas faculdades. Mas eles fazem parte da história da América Latina. Fazem parte dos nossos destinos. Potosí fica na Bolívia e entre 1545 e 1558 foram descobertas minas de prata que a tornaram uma das cidades mais ricas do mundo. Dizem para a celebração de Corpus Christi as ruas foram desempedradas e totalmente cobertas com barras de prata. Os colonizadores espanhóis não hesitaram em se apropriar dessas riquezas e conduzirem todo o carregamento para a Europa. Os metais arrebatados estimularam o desenvolvimento do Velho Mundo, ou melhor, o tornaram possível. Claro, a Espanha não ficou com a riqueza, as dívidas do Estado fizeram com que tudo fosse transferido para os alemães, genoveses, entre outros. Potosí voltou ao pó. Na luta pela soberania Túpac Amaru, descendente dos incas, se negou a permitir que Cuzco tivesse o mesmo destino que Potosí. Liderou uma revolução indígena, decretando a liberdade dos escravos e com isso juntou milhares de seguidores. Obviamente contrariou os interesses dos usurpadores estrangeiros que encontravam nas riquezas naturais e na mão-de-obra local fatores de produção praticamente gratuitos. Traído e capturado, foi convicto com seus ideais e se negou a entregar os seus pares. Encontrou a morte, decapitado. Outro que não hesitou na busca pela soberania de um povo foi Augusto César Sandino que lutou para que o povo da Nicarágua pudesse fazer suas próprias escolhas. Decidir pelo destino de seu próprio país. Uma Nação livre e soberana. Mas o destino a tornou uma economia de monocultura e dependente.

Eldorado dos Carajás, no estado do Pará e localizado dentro da selva Amazônica não teve um destino muito diferente de Potosí. Assim como a cidade Boliviana, Eldorado teve o azar de nascer rica. Em 1966 depois da briga da Hanna para a exploração de ferro (estimados na época em mais de US$ 200 bilhões) em Minas Gerais, que contou com o apoio direto do presidente dos EUA e culminou com a derrubada do presidente João Goulart, a U.S. Steel adquiriu 49% das ações da estatal Companhia Vale do Rio Doce e com isso a usou como uma bandeira perfeita para a exploração das jazidas de ferro na serra dos Carajás. Em 1981 foi descoberta a jazida de ouro, a maior a céu aberto do mundo. Começava a corrida pelo ouro. Serra Pelada, próxima de Eldorado, e famosa no mundo inteiro pela recente descoberta e pelo seu formigueiro humano, atraía os aventureiros de toda à parte do país e interesses de todo o mundo. Acabou-se a riqueza, acabou-se o interesse. Eldorado dos Carajás voltou ao pó. Apesar do seu sugestivo nome e de receber recursos provenientes da exploração de minério, é um município bem pobre. Até 2000 apenas 10% do município possuía água encanada. A energia elétrica chegava apenas à metade das casas. As condições nas escolas não são melhores, uma delas funciona em uma igreja gentilmente cedida por um padre local. Hoje as terras são disputadas por madeireiros, garimpeiros, criadores de gado e sem-terra.

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Márcio Pimenta