Cozinha Vegan By Caio Cezar Mayer / Share 0 Tweet Já falei aqui sobre a questão do chamado “mito da proteína” que cerca o mundo da alimentação vegetariana, dando mais ênfase a famosa PVT (Proteína Texturizada Vegetal) e demais derivados de soja. Mas o que você, incauto leitor, não sabia ainda, é sobre a maravilhosa fonte de proteínas encontrada no subterrâneo mundo dos fungos: o cogumelo. Pertencentes ao reino fungi, os cogumelos são fungos transformados em frutos. A Micologia, ramo da ciência que estuda os cogumelos, estima que pode haver cerca de um milhão de espécies diferentes de cogumelos, nem todos comestíveis (Não vá catar qualquer cogumelo por aí e comer! Você pode morrer envenenado ou, com mais sorte, viajar à lua e conhecer algumas entidades místicas de outras dimensões). Os cogumelos fazem parte da alimentação humana desde a antiguidade, sendo que alguns estudiosos acreditam que ele foi colhido e devorado até por nossos ancestrais pré-históricos. Na antiguidade, os egípcios cogumelos para servi-los ao Faraó, enquanto romanos e gregos o tinham como importante ingrediente de seus famosos banquetes orgiásticos. Estudiosos encontraram restos de cultivo de cogumelos, provavelmente shitake, embaixo de toras na China há cerca de 1500 a 2000 anos, mas o cultivo de cogumelos só chegou na França séculos depois, durante o reinado do famoso Luís XIV (1638 – 1715), e foi lá que “nasceram” os cogumelos mais comuns na dieta do brasileiro, o champignon de Paris. Mas mais importante do que isso são as propriedades nutricionais dessas maravilhosas iguarias. Para começar, é importante dizer que a grande parte dos cogumelos produzidos no Brasil, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos, tem baixo índice de gordura e alto valor protéico. Alto valor protéico? Isso mesmo! Para não perder sua sagrada proteína você pode ir a lugares e sabores que antes eram inimagináveis. Além disso, os cogumelos apresentam alto teor de fibras, ideal para o bom funcionamento do sistema digestivo, e boas doses de ácido fólico e fósforo. Como destaque desse time onde todos jogam bem, podemos trazer o cogumelo Shitake. Considerado um alimento funcional e medicinal pela sabedoria oriental, pesquisas feitas nos EUA e Japão indicam que essa maravilhosa variedade do fungo contem lentina, componente que contribui para a ativação do sistema imunológico, alem de apresentar propriedades anticancerígenas e se mostrar muito eficaz no tratamento de hepatite B e até mesmo da AIDS. Na tradicional medicina chinesa, ele é usado para tonificar a energia de órgão como fígado, rins, baço, pâncreas, pulmão e estomago. Mas toda essa badalação em torno do shitake não deixa de lado as propriedades nutricionais da outras espécies de cogumelo. É importante notar também que há uma onda de estudos muito grande em torno do shitake, o que não ocorre com seus colegas do reino fungi. E, como o consumo no Brasil ainda é muito pequeno, o que provoca a manutenção do alto preço (e o alto preço provoca a manutenção do baixo consumo…), fica aqui a única sugestão possível: cogumelo pra dentro! Para ajudar, sempre uma receitinha básico. E prometo que não vai ser estrogonofe. Trigo com cogumelo 1 xícara (chá) de trigo integral em grãos 2 folhas de louro 250 g de shiitake 250 g de shimeji 3 colheres (sopa) de azeite de oliva 1 xícara (chá) de salsinha picada 1 colher (sopa) de tomilho fresco 10 tomates-cereja partidos ao meio 3 colheres (sopa) de molho de soja sal a gosto Lave o trigo e coloque-o em uma panela de pressão. Se preferir, deixe de molho no dia anterior. Cubra com água e adicione o louro e 1 colher (chá) de sal. Tampe a panela e cozinhe por 15 minutos, ou até o trigo ficar macio. Retire, escorra e reserve. Limpe o shiitake e o shimeji, retirando a parte mais dura do pedúnculo. Lave bem e reserve. Aqueça o azeite em uma panela e junte os cogumelos. Refogue, mexendo com delicadeza, por 3 minutos ou até murcharem um pouco. Acrescente o trigo, a salsinha, o tomilho, o tomate e o molho de soja. Reduza o fogo e cozinhe por mais 5 minutos. Se necessário, acerte o sal. Cada porção tem 385 calorias e 14 g de fibras, além de atender 50% das necessidades diárias de ferro e 40% de vitamina A para um adulto. (Fonte: Revista água na Boca)