A desocidentalização do mundo?

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma entidade que representa, grosso modo, os países ocidentais, tendo sido criada em 1960 com o objetivo de promover políticas de expansão sustentável da economia, do emprego e do progresso do nível de vida das populações dos países-membros. Atualmente 30 países fazem parte da OCDE: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, República Eslovaca, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. O Chile se tornou o primeiro país da América do Sul a ser aceito na OCDE, devendo ser o 31° membro.

Segundo o relatório “Perspectivas sobre o Desenvolvimento Mundial 2010 – Deslocamento da Riqueza” (divulgado em 16/06/2010) estes 30 países da OCDE representavam 62% do PIB e 17% da população mundial, no ano 2000. Porém, os países subdesenvolvidos, ou emergentes (não pertencentes à OCDE) vem apresentando um crescimento mais acelerado no século XXI e passaram de 38% do PIB, em 2000, para 49%, em 2010, e devem atingir 57% do PIB mundial, em 2030.

Ou seja, após a década perdida (anos 1980) e a queda do Muro de Berlim, o centro de gravidade econômico do planeta tem caminhado em direção ao leste e ao sul do globo – isto é, dos países ricos que integram a OCDE para os países emergentes – fenômeno que o referido relatório chama de “deslocamento da riqueza”. Este processo de desocidentalização do mundo não significa que o Ocidente vai declinar em termos absolutos, mas significa uma perda relativa. Já os países não-ocidentais irão crescer em termos absolutos e relativos.

A China e a Índia – que possuem 37% da população mundial – são os dois países que mais contribuiram para o deslocamento do centro de gravidade econômico do mundo. Mas também o Brasil e a África do Sul são países que apresentam bom desempenho econômico nos últimos anos. De modo geral, a América do Sul e a África tem crescido acima da média mundial e apresentado taxas de crescimento do PIB bem superiores do que as economias da OCDE.

Evidentemente, o “deslocamento da riqueza” dos países “avançados” para os países “emergentes”. embora esteja longe da equidade, é uma boa noticia do ponto de vista da distribuição de renda e da força geopolítica dos países que não pertencem ao “Ocidente do Norte” (OCDE). A própria mudança da “governança global” do G-8 para o G-20 já reflete um certo peso das principais economias “emergentes”, como China, Índia,  Indonésia, Brasil, África do Sul, etc.

Porém, o crescimento econômico dos países mais populosos – que estão mimetizando o padrão de consumo dos países ocidentais – vão provocar um enorme stress sobre o meio ambiente. O grande desafio das próximas décadas será: garantir a capacidade de regeneração da Terra, mitigar o aquecimento global e garantir a sobrevivência da biodiversidade do Planeta.

Referencia:
Perspectives on Global Development: Shifting Wealth
http://www.oecd.org/document/12/0,3343,en_2649_33959_45467980_1_1_1_1,00.html

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José Eustáquio Diniz Alves