A “pós-crise” econômica em 2009


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As previsões mais pessimistas sobre a crise econômica, que começou em 2008 com a quebra do banco Lehman Brothers, não se confirmaram, mas os cenários futuros não são suficientemente alvissareiros.

Há 80 anos a economia internacional entrou em crise após a quebra da bolsa de Nova Iorque. Começando em 1929, a crise se aprofundou até 1933 e fez a taxa de desemprego chegar a 25% nos EUA. O protecionismo, as incertezas e a falta de respostas econômicas adequadas levou ao fortalecimento de governos autoritários e racistas, em especial com a ascensão dos nazistas na Alemanha, dos facistas na Itália e dos militares no Japão (o eixo). A Segunda Guerra Mundial foi o resultado de uma década de crise econômica e de disputa territorial entre os principais países do mundo e provocou a morte de 40 milhões de pessoas envolvidas no conflito.

A atual crise mundial começou, em 2007, com a chamada crise do subprime (hipotecas de risco) e se agravou com a quebra do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, que pediu concordata após incorrer em dívidas bilionárias. A crise americana se espalhou para o resto do mundo. O fantasma da crise mundial de 1929 voltou a fazer parte do imaginário. Alguns analistas chegaram a levantar a possibilidade de acirramento dos conflitos econômicos internacionais e até a possibilidade de uma “Terceira Guerra Mundial” (provavelmente a última devido às armas nucleares que podem destruir a vida no planeta).

As previsões econômicas pessimistas passaram a fazer parte das estatísticas oficiais. Em outubro de 2008, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou o relatório World Economic Outlook (WEO) com a previsão de 3% de crescimento para a economia internacional em 2009. Mas com o agravamento da crise, o FMI foi gradualmene reduzindo suas previsões do desempenho econômico mundial. As estimativas de variação do PIB mundial em 2009 mudaram rapidamente, passando de 2,2% em novembro de 2008, para 0,5% em janeiro de 2009 e para uma recessão de -1,5 % no relátório de abril do corrente ano.

Em abril passado, as projeções para as economias avançadas (na terminologia do FMI) eram de recuo de -3,8% em 2009 e zero por cento de variação do PIB em 2010. No relatório de abril, previa-se que a Rússia deveria levar um tombo de -6,0% em 2009 e crescer somente 0,5% em 2010. O continente africano deveria apresentar crescimento de 2,0% em 2009 e de 3,9% em 2010. O melhor desempenho, no meio da recessão mundial, deveria ser mesmo dos dois países mais populosos do mundo: nos anos de 2009 e 2010, a China deveria crescer 6,5% e 7,5% e a Índia 4,5% e 5,6%, respectivamente. Em abril, o quadro geral era de agravamento da crise, com o aumento da fome e da pobreza entre a população mundial.

Para a região da América Latina e Caribe (Western Hemisphere) as previsões eram de uma queda de 1,5% no PIB em 2009 e um crescimento de somente 1,6% em 2010. As projeções para o Brasil eram de queda de -1,3% em 2009 e pequeno crescimento de 2,2% em 2010. Este cenário sombrio veio interromper cinco anos de crescimento acima de 5% no último quinquenio na região, quando a América Latina e o Caribe (ALC) tiraram cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza.

Porém, o relatório do FMI, de outubro de 2009, apresentou alguma luz neste quadro sombrio. Tecnicamente a recessão – medida pela queda do PIB por dois trimestres consecutivos – está chegando ao fim e a recuperação em 2010 deve ser pouco maior do que o previsto no primeiro semestre. As novas previsões apontam crescimento de 3,1% para o mundo, 1,3% para as economias avançadas, 4,0% para a África, 9,0% para a China, 6,4% para a Índia, 2,9% para a América Latina e 3,5% para o Brasil.

Se por um lado o novo cenário mostra um menor impacto sobre o desemprego e a fome, mostra também que a recuperação da economia internacional em 2010, depois de uma queda em 2009, não deve retomar as taxas elevadas apresentadas no período 2003 a 2007. As projeções indicam que o mundo deve se preparar para um período de crescimento econômico lento nos próximos anos, o que deve dificultar a melhoria dos indicadores sociais e humanos.

Não resta dúvidas de que o crescimento econômico é importante para a geração de emprego e para a redução da pobreza. Mas o grau de degradação ambiental do Planeta não permite que se continue com o mesmo modelo de desenvolvimento.

Na verdade o modelo econômico hegemônico no mundo não apresenta perspectivas sustentáveis no longo prazo. A matriz energética e a produção não sustentável de bens de consumo só agravam os problemas ambientais. Mais do que o desafio da retomada do crescimento econômico, o mundo terá de reinventar a maneira de se relacionar com a natureza e criar um modelo de civilização que não esteja em oposição aos recursos naturais e à vida na Terra.

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José Eustáquio Diniz Alves